sábado, 20 de novembro de 2021

Da permissividade, licenciosidade e impunidade

 








Ao construirmos nosso caminho, obviamente, ações, ocorrências e representações vão se moldando ao gosto, preferência, necessidade e obrigações do cidadão.

Caso aconteça, descobrimos tardiamente, somente com o avançado da idade, que algumas sentenças – muitas, externas – conduziram a vida, ou melhor, foram responsáveis por uma série de eventos não planejados ou mal oportunizados. Algumas de fácil correção, outras não, que nossa gaiatice as tornou úteis, precipitadas e até necessárias; ou não, enquanto muitas direções tiveram seus rumos interrompidos devido a impossibilidade causada por todo um processo alheio às vontades mais urgentes.






Sendo, estatisticamente comprovável, estas ocorrências, motivo à deserção, à capitulação, continuam levando a maioria de nós a abortar vontades ordinárias em detrimento a perdas irreparáveis às essenciais, já, preguiçosamente atacadas em situações favoráveis.

As causas são as mais diversas; de um sistema pretensamente paternalista que apregoa primar sempre o grupo, a equipe, a irmandade, enquanto demoramos a perceber que nossa fração particular conta oito nonos dessa equação; a situações particulares adversas como: despreparo, patologias, fatalidades a minar toda e qualquer vontade não totalmente fundamentada.










As reações por sua vez, são as mais diversas, ainda que muitas delas não são percebidas e somente no terceiro quarto da vida, isso quando acontece, o indivíduo, agora, tarde demais, imagina que muito daquilo poderia ter sido corrigido.






Todo esse sistema pessoal micro se dá também com o sistema controlador macro; de estados e em todas as esferas a deteriorar o conjunto da coisa.

Diferente das pessoas; os sistemas, as corporações, governos e impérios existem por décadas suplantando o indivíduo; e aqui, a superioridade é incomparável, portanto, em se tratando, inevitavelmente, de colegiados - quando nosso personagem no mais das vezes precisa decidir-se por si só; cabe sondar os porquês da não correção de rota, das emendas equivocadas, paliativas e tardiamente assumidas, digo, insinuadas?








Tomemos como exemplo a educação, a saúde, o saneamento básico, o sistema energético e a justiça – mote desse exercício.

O processo todo, e isso é aceitável, não cresceu em paralelo, nem de longe foram pareados ou efetivou-se uma vontade unânime antes de incontáveis colapsos. Todos estes apontados, foram conduzidos a reboque do que entendemos como progresso.








Em alguns países em maior ou menor grau as corporações, organizações e governos, ou seja, entidades de poder, preferiram os atalhos, ao ponto da exaustão, até se tornarem a única saída. Sem tender a generalização, as situações/decisões homologadas; parece inegável que os indivíduos não puderam se beneficiar desses atalhos. E por sua vez, à maioria de nós, sobraram tentativas – e em algumas ocasiões até conseguimos criar ou nos beneficiar de algum ponto cego e rebarbas, uma vez obrigados e inseridos no curso das omissões homéricas dos comandantes do planeta.








Negligência, poder e injustiça - Insano, ou melhor, ainda mais insano é que, ao flagrarem o indivíduo comum tentando uma oportunidade na malandragem pura, por ser inepto, desespero, ou por obrigação, então este será execrado – demagogos hipócritas sentenciam “cortem a cabeça dele”. Diferentemente dos membros exclusivos, partícipes dos grupos que dificultam nosso existir que, diante de abusos habituais, ao serem pegos, no mais das vezes, dada a recorrência, novamente se aconchavam protegendo o comparsa desatento. A seguir ao desembaraço dos liames do imbróglio, no máximo passam uma carraspana no relapso, e publicam notas explicando o que se entendeu como um “desvio único e momentâneo e que uma sindicância já foi instaurada”, após acobertado por leis e padrões em modus operandi próprios.







Esta semana pensei na justiça. Nas administrações que se sucedem pleito a pleito. Julgando o que pretendemos como Estado Democrático, a justiça é a que menos interessa – ao difícil acesso e ao medo que impões a nós, homens invisíveis – ao indivíduo comum quando é ela tão mais responsável às mazelas dos países quanto a educação péssima a que o público que tem no voto sua ação mais importante frente a todo o gigantismo do estado.






Outorga canhestras - As leis são retrogradas, e o staff, o corpo jurídico é mínimo frente ao aumento populacional; e com ela o volume de situações que demandam interpretações condizentes com a evolução dos anos, do movimentar evolutivo humano e material, não é levado a sério nem em conta, e em sendo assim, às decisões cedem diante de interpretações particulares – até pessoais - sem o devido respaldo de leis atualizadas, portanto, dando margem a toda espécie de corrupção.



W.A.S.P White Anglo-Saxon Protestant



Não é mais possível, por exemplo, que um sujeito desmate – mesmo uma árvore sequer da Mata Atlântica -, incendeie ou provoque incêndios, cace, maltrate animais, estupre, roube centenas de milhares de pessoas, assalte bancos com reféns, ande com metralhadora a luz do dia, atropele e mate ou pratique crimes covardes, entre nos computadores de incautos ou engane velhos aposentados e não seja classificado para crimes inafiançáveis; hediondos; ou seja confinado definitivamente.






De alguma forma podemos afirmar que os tempos evoluíram enquanto nossa justiça está nas mãos de alguns poucos sob leis que há muito deveriam estar prescritas, inexistem ou reformuladas sabe-se lá sob que augúrios, e ainda que a sordidez de toda espécie de bandidos se apoie nesse atalho para continuar licenciosamente impunes, é certo que juízes, advogados e promotores, em algum grau: são coniventes com toda essa permissividade.






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