Ao
construirmos nosso caminho, obviamente, ações, ocorrências e representações vão
se moldando ao gosto, preferência, necessidade e obrigações do cidadão.
Caso
aconteça, descobrimos tardiamente, somente com o avançado da idade, que algumas
sentenças – muitas, externas – conduziram a vida, ou melhor, foram responsáveis
por uma série de eventos não planejados ou mal oportunizados. Algumas de fácil
correção, outras não, que nossa gaiatice as tornou úteis, precipitadas e até
necessárias; ou não, enquanto muitas direções tiveram seus rumos interrompidos
devido a impossibilidade causada por todo um processo alheio às vontades mais
urgentes.
Sendo,
estatisticamente comprovável, estas ocorrências, motivo à deserção, à
capitulação, continuam levando a maioria de nós a abortar vontades ordinárias
em detrimento a perdas irreparáveis às essenciais, já, preguiçosamente atacadas
em situações favoráveis.
As causas são
as mais diversas; de um sistema pretensamente paternalista que apregoa primar
sempre o grupo, a equipe, a irmandade, enquanto demoramos a perceber que nossa
fração particular conta oito nonos dessa equação; a situações particulares
adversas como: despreparo, patologias, fatalidades a minar toda e qualquer
vontade não totalmente fundamentada.
As reações
por sua vez, são as mais diversas, ainda que muitas delas não são percebidas e
somente no terceiro quarto da vida, isso quando acontece, o indivíduo, agora,
tarde demais, imagina que muito daquilo poderia ter sido corrigido.
Todo esse sistema pessoal micro se dá também com o sistema controlador macro; de estados e em todas as esferas a deteriorar o conjunto da coisa.
Diferente das
pessoas; os sistemas, as corporações, governos e impérios existem por décadas
suplantando o indivíduo; e aqui, a superioridade é incomparável, portanto, em
se tratando, inevitavelmente, de colegiados - quando nosso personagem no mais
das vezes precisa decidir-se por si só; cabe sondar os porquês da não correção
de rota, das emendas equivocadas, paliativas e tardiamente assumidas, digo,
insinuadas?
Tomemos como exemplo a educação, a saúde, o saneamento básico, o sistema energético e a justiça – mote desse exercício.
O processo
todo, e isso é aceitável, não cresceu em paralelo, nem de longe foram pareados
ou efetivou-se uma vontade unânime antes de incontáveis colapsos. Todos estes
apontados, foram conduzidos a reboque do que entendemos como progresso.
Em alguns países em maior ou menor grau as corporações, organizações e governos, ou seja, entidades de poder, preferiram os atalhos, ao ponto da exaustão, até se tornarem a única saída. Sem tender a generalização, as situações/decisões homologadas; parece inegável que os indivíduos não puderam se beneficiar desses atalhos. E por sua vez, à maioria de nós, sobraram tentativas – e em algumas ocasiões até conseguimos criar ou nos beneficiar de algum ponto cego e rebarbas, uma vez obrigados e inseridos no curso das omissões homéricas dos comandantes do planeta.
Negligência,
poder e injustiça - Insano, ou melhor, ainda mais insano é que, ao flagrarem o
indivíduo comum tentando uma oportunidade na malandragem pura, por ser inepto,
desespero, ou por obrigação, então este será execrado – demagogos hipócritas
sentenciam “cortem a cabeça dele”. Diferentemente dos membros exclusivos,
partícipes dos grupos que dificultam nosso existir que, diante de abusos habituais,
ao serem pegos, no mais das vezes, dada a recorrência, novamente se aconchavam
protegendo o comparsa desatento. A seguir ao desembaraço dos liames do
imbróglio, no máximo passam uma carraspana no relapso, e publicam notas
explicando o que se entendeu como um “desvio único e momentâneo e que uma
sindicância já foi instaurada”, após acobertado por leis e padrões em modus
operandi próprios.
Esta semana
pensei na justiça. Nas administrações que se sucedem pleito a pleito. Julgando
o que pretendemos como Estado Democrático, a justiça é a que menos interessa –
ao difícil acesso e ao medo que impões a nós, homens invisíveis – ao indivíduo
comum quando é ela tão mais responsável às mazelas dos países quanto a educação
péssima a que o público que tem no voto sua ação mais importante frente a todo
o gigantismo do estado.
W.A.S.P White Anglo-Saxon Protestant |
Não é mais
possível, por exemplo, que um sujeito desmate – mesmo uma árvore sequer da Mata
Atlântica -, incendeie ou provoque incêndios, cace, maltrate animais, estupre,
roube centenas de milhares de pessoas, assalte bancos com reféns, ande com
metralhadora a luz do dia, atropele e mate ou pratique crimes covardes, entre
nos computadores de incautos ou engane velhos aposentados e não seja
classificado para crimes inafiançáveis; hediondos; ou seja confinado
definitivamente.
De alguma
forma podemos afirmar que os tempos evoluíram enquanto nossa justiça está nas
mãos de alguns poucos sob leis que há muito deveriam estar prescritas,
inexistem ou reformuladas sabe-se lá sob que augúrios, e ainda que a sordidez
de toda espécie de bandidos se apoie nesse atalho para continuar
licenciosamente impunes, é certo que juízes, advogados e promotores, em algum
grau: são coniventes com toda essa permissividade.
031.v cqe