Há um
distanciamento natural e ampliado à medida que o grupo desiste da busca
iniciada; aqui, o conhecimento distancia o homem. A cada dia mais o que busca
se torna incompreendido e incompreensível, porque seu investigar, sua ânsia,
uma vez que não cessa, provavelmente o fará ser visto como diferente ou ser
analisado sob a régua viés à idiotia empaliada, estacionária, inativa,
estática, cristalizada, daqueles que antes eram seus pares. Sartre aponta que
“o mesmo ocorre com a leitura: os indivíduos de uma mesma época e de uma mesma
coletividade, que viveram os mesmos eventos, que se colocam ou eludem as mesmas
questões, têm um mesmo gosto na boca, têm uns com os outros a mesma
cumplicidade e há entre eles os mesmos cadáveres. Eis por que não é preciso
escrever tanto: há palavras-chave”, o que chamo de “algoritmos” a aglutinar
informações comuns ao grupo.
*
Na mesma
página - Sobre as observações de Sartre, avalio que a leitura somente é
possível àquele que fala a língua dos homens, isto é, do leitor acostumado ao
viés, ao contexto da ordem do dia. Ao aí se manter, inserido em seu pseudo
entendimento restrito/limitador, o leitor não mais alcança a evolução de
significados e representações cujo autor insistiu em continuar pesquisando,
praticando e trabalhando.
Compilado do livro de Jean-Paul Sartre "Que é a literatura?"
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