Sócrates,
Aristóteles, Hobbes, Descartes, Rousseau... todos, em algum grau, estão certos
em seus apontamentos ao pensar ao que tende a natureza humana - usando a
palavra do momento, só agora descoberta (através de algum influencer que a utilizou) e tornada lugar comum na boca de todos
-: tudo se resume a gatilhos.
A medida que
as situações, as condições, as ações, a cultura, o estado do momento se manifestam:
gatilhos são acionados e tendemos a violência, ao amor, a natureza, a vencer ou
não os instintos e assim por diante.
Na eterna
celeuma de que o homem é isso ou é aquilo; estamos suficientemente despertos
para entender que o homem é isso e aquilo também.
Podemos fazer
uma alusão da nossa caminhada individual observando os cães em propriedade
estranha a seguir, adestrados, rastros: obedecendo uma natureza condicionada.
De cabeça baixa cheirando e andando a esmo ou uma rota diferente apenas a ele. Ao
ouvir algo estranho ao comum, levanta a cabeça e espera, e ao julgar o
despertar sem importância, volta ao que estava fazendo. Em outra oportunidade,
após algum novo estímulo, avista o que pode ser de seu interesse averiguar mais
de perto, uma cachorra, um cão amigo ou um concorrente e então ele,
momentaneamente disperso, esquece por um estado de tempo o que estava fazendo, até
retornar ou não a antiga rota.
Mesmo que
afirmemos propósitos, os mais nobres, todos são ilusórios se fixados tão
somente às necessidades aqui oportunizadas, dentro do duradouro espectro de que
nossa destinação de existir ainda é uma incógnita para a grande maioria, e
alguns que acreditam em algo além, não apostariam tudo para seguir uma vida
dedicada apenas a esse fim. Continuamos errando a esmo; afinal o mais crente de
nós se conhece apenas o suficiente para seguir um caminho minimamente
traçado... isso quando não segue muitos, ardilosamente preparados.
*
“No final do século XVIII, Kant propõe outra teoria.
Todos os homens estão dispostos a viver em sociedade, mas essa tendência
natural entra em conflito com outra tendência que faz com que cada indivíduo
pretenda impor sua singularidade. Todos sentem a necessidade da vida em
sociedade, mas a ambição pessoal faz com que cada um aspire a desfrutar de
privilégios que os outros não têm. Segundo kant, essa astúcia da natureza faz
com que todo indivíduo se veja obrigado a superar sua tendência à preguiça pela
alta estima que tem a si mesmo e por aquilo que acredita que merece.”
Héctor Leguizamón
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