Se os alunos continuam sendo obrigados a frequentar
escolas doutrinárias dogmáticas, não há o que ser feito em relação ao que vem
acontecendo com eles... e não é apenas por conta da parcialidade do corpo
docente; tornado mais, um cancro da nossa sociedade, originado deste vórtice de
sandices seculares.
Ideias com data de validade — Ok, se discentes precisam
aprender sobre personalidades que permearam o passado, no entanto alguém
deveria instruí-los de que, muitos destes personagens só o foram na época
porque levantaram uma ou outra questão importante para àquele estado de coisas;
eles não precisam e nem deveriam existir como uma bandeira a ser defendida nem
mesmo algumas dezenas de anos depois, muito menos, séculos.
Estados são dinâmicos, portanto as ideias, quando
possível devem ser realinhadas com as correntes de um sistema orgânico. Algumas
poucas têm seu tempo de validade estendido ao poderem ser inteligentemente
adaptada às novas correntes, enquanto uma série delas foram apenas pensadas
para a sua contemporaneidade, míope ou pontual, levando em conta um processo
estagnado e mais, contribuindo para eventos contrários ao bem comum, não sendo
possível as encaixar sem entende-las inconvenientes frente aos caminhos
diversos gerados mesmo sob um sistema político completamente arcaico.
A falta de cultura, a baixa educação, a educação preguiçosa
e direcionada, invariavelmente mantêm à tona assuntos que não mais deviam
figurar na contemporaneidade.
Que falta de discernimento é, por exemplo, fazer com que
todos estes colegiais saibam sobre quem foi Karl Marx e não parar aí; instigar
adolescentes desavisados a levantar uma bandeira tão surrada quanto obsoleta
quando esta deveria ser deixada entre a obtusas fileiras russas da esfacelada
Europa do século XIX. Aqui, ela mais polariza que agrega?
Não podemos culpar os professores, afinal os pensamentos
atuais à época não surtiram efeitos justamente porque não foram devidamente
aplicados —
diria até que o tiro saiu pela culatra, aumentando as diferenças entre o
proletariado (acomodado, desorientado, fogo-de-palha) sob o mote de líderes
oportunistas e a burguesia (instigada) — e é
por isso que hoje não apenas existem, porém se fizeram ainda mais essenciais e
com muito mais poder de barganha. No entanto é preciso discernimento para
entender o ocorrido, aceitando a derrota redirecionando as energias a promover
pautas atualizadas ao novo estado formado e é justamente por não saber como
fazer isso que a educação voltada para a formação do homem social sempre estará
muitos passos atrás da burguesia daquele passado distante, da qual Marx era
detrator; aquela veio se atualizando paulatinamente, na outra ponta,
alquebrada, o que assistimos são professores dispersos e destituídos de
vontades que preguiçosamente continuam malhando o judas.
097.aa cqe