John Lennon, em 69, criou em Nova York o Bagism... Agora,
estamos dando vazão ao Sacolismo, que engloba, agrega, une, remete, associa e,
ao final de tudo, é um resumo; verdadeira síntese da sobrevivência mundial
contemporânea. De um contemporâneo que se estenderá, nos parece, para muito
além do contemporâneo como o conhecemos; como o entendemos: como um espaço de
tempo mensurável.
O
Sacolismo transcende este contemporâneo comum e pode ter como símbolo a própria
matéria prima, (depois que o petróleo é transformado em plástico), à sua
durabilidade; a sua resistência frente às intempéries do tempo para quantificar
sua permanência. E também bastante apropriado. Até porque este objeto por si só
demonstra a capacidade humana de criar materiais que, antes da preocupação de
sua causa, (qual a gravidade, quão nocivo é o que estamos desenvolvendo; qual o
percentual deste total pesquisado será gasto em observar o que a nova
descoberta trará de malefícios ao planeta ou ao homem) a atenção se volta para o
obvio. E o que é levado em consideração, sempre, - e porque não, somente - são os
benefícios, porém, muito antecipadamente, os beneficiados (pesquisadores e seus
financiadores).
Apreciando
inicialmente a ideia bastante séria do Líder Inglês por trás de um material
banal do cotidiano, (o saco) embora carregada como sempre, com seu humor ferino; de seu
velado e agudo ataque verbal, surgiu a nossa observação. Entendendo que
poderemos também aqui, criar a versão terceiromundista de mais uma de suas
genialidades criativas - afinal nem de longe possuímos a sofisticação e a fama
do Beatle, mas nem por isso somos proibidos de brincar, de satirizar, de
inventar o que quer que seja; em um momento que, a cada dia mais, acontecemos
como uma piada pronta frente ao universo.
O
Sacolismo então é a derivação despretensiosa do Bagism. E se o primo rico nasceu da sacola ou do saco,
a nossa versão tem como porta estandarte a sacola plástica amiga de todas as
horas. Que a cada dia mais, ganha as páginas dos noticiários com votos contra e
a favor a sua utilização, mas este não é o ponto principal aqui desta nossa
construção textual, quando entendemos que esta estrela poder muito bem suplantar, merecidamente, seu mísero posto de coadjuvante dos porta-malas de ricos e pobres e então ser elevada a um patamar filosófico digno, ao considera-la, alavanca-la
a ícone, ao resumo final do pensamento humano atual: plugado, mas desligado –
já chegaremos lá... a explicação.
Um prêmio tardio, seria mais como um reconhecimento pelo conjunto da obra.
As
sacolas plásticas tem várias utilidades; e, além de seu uso comum, são fartamente estocadas
nos lares, mesmo aqueles bem localizados. Servindo a uma série de arranjos dos
mais interessantes, e assim, fazendo uma alusão à ideia original do John; não seria
despropósito que todos as adotássemos como uma espécie de
máscara, onde então, poderíamos comungar tanto a ideia do revolucionário Inglês/Americano, ao associa-la a de outro
cabeludo que a dois mil anos repetiu que todos nós somos iguais, daí, com as
sacolas plásticas na cabeça, teríamos, - quem sabe - mais respeito uns
pelos outros, pois obviamente, menos diferenças seriam apontadas entre nós.
É preciso reforçar nosso argumento lembrando que, embora venham se transformando em fonte constante de
discussão de ecochatos ou não da vez, continuam mais versáteis do que nunca,
tanto que chamou nossa atenção para que não passasse em branco no nosso
discurso – talvez este texto seja mais uma demonstração escancarada de inveja
por não conseguirmos ir além de ensacolar coisas neste ícone maior do
(super)mercado consumista. Nem perto chegamos, por exemplo de inspirados
engenheiros que por não terem conseguido se formar, demonstram suas aptidões
perdidas, em um país que brinda a falta de cultura, de estudo; então, estes
engenheiros que se perderam, pululam em comunidades pobres imitando Macgyver e
criando até carrinhos transformers onde ONGs oportunistas já encontraram
campo de atuação com o velho discurso social, que, além desta explicação
altruísta, aparece outra também pura, a de empestar seus conhecimentos em fazer dinheiro e, com o
apoio financeiro do governo, despretenciosamente, ajudarão a exportar sacolas plásticas agora
transformadas em não-sei-o-que. São tantas novas utilidades. Está dando tão
certo que até mesmo a repórter esteve lá.
Ao
final as discussões são tanto para o bem quanto para o mal, nossas amigas sacolas têm a personalidade
dos grandes personagens das histórias, ou seja: ou são amadas ou odiadas (inclusive elas poderão emprestar um pouco desta personalidades aos seus usuários).
Poucos ficam indiferentes a elas em uma hora de precisão, e ao final podem ser
comparadas ao humano comum: aceitam tudo.
Este
aceitar tudo não pode ser confundido erroneamente como um parvo sem vontade de
lutar, não, - não é isto que está em questão aqui - o que devemos entender neste
ponto de vista é que, como as sacolas plásticas, alguns homens aceitam a
opinião de qualquer um que lhes apresente um argumento um pouco mais elaborado
que o admirado e até então insubstituível orador, agora ultrapassado. Acontece
que isto se dá sempre sem que se busque entender quais das verdades é mais
mentirosa.
O saco plástico é assim, se dá a qualquer um que o queira; não busca
fazer distinção alguma sobre quem está querendo lhe alugar a cabeça, independentemente
de para que fim se dê esta intenção.
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