domingo, 21 de julho de 2013

Sacolismo; plugado, mas desligado


       

        John Lennon, em 69, criou em Nova York o Bagism... Agora, estamos dando vazão ao Sacolismo, que engloba, agrega, une, remete, associa e, ao final de tudo, é um resumo; verdadeira síntese da sobrevivência mundial contemporânea. De um contemporâneo que se estenderá, nos parece, para muito além do contemporâneo como o conhecemos; como o entendemos: como um espaço de tempo mensurável.

O Sacolismo transcende este contemporâneo comum e pode ter como símbolo a própria matéria prima, (depois que o petróleo é transformado em plástico), à sua durabilidade; a sua resistência frente às intempéries do tempo para quantificar sua permanência. E também bastante apropriado. Até porque este objeto por si só demonstra a capacidade humana de criar materiais que, antes da preocupação de sua causa, (qual a gravidade, quão nocivo é o que estamos desenvolvendo; qual o percentual deste total pesquisado será gasto em observar o que a nova descoberta trará de malefícios ao planeta ou ao homem) a atenção se volta para o obvio. E o que é levado em consideração, sempre, - e porque não, somente - são os benefícios, porém, muito antecipadamente, os beneficiados (pesquisadores e seus financiadores).

Apreciando inicialmente a ideia bastante séria do Líder Inglês por trás de um material banal do cotidiano, (o saco) embora carregada como sempre, com seu humor ferino; de seu velado e agudo ataque verbal, surgiu a nossa observação. Entendendo que poderemos também aqui, criar a versão terceiromundista de mais uma de suas genialidades criativas - afinal nem de longe possuímos a sofisticação e a fama do Beatle, mas nem por isso somos proibidos de brincar, de satirizar, de inventar o que quer que seja; em um momento que, a cada dia mais, acontecemos como uma piada pronta frente ao universo.

O Sacolismo então é a derivação despretensiosa do Bagism.  E se o primo rico nasceu da sacola ou do saco, a nossa versão tem como porta estandarte a sacola plástica amiga de todas as horas. Que a cada dia mais, ganha as páginas dos noticiários com votos contra e a favor a sua utilização, mas este não é o ponto principal aqui desta nossa construção textual, quando entendemos que esta estrela poder muito bem suplantar, merecidamente, seu mísero posto de coadjuvante dos porta-malas de ricos e pobres e então ser elevada a um patamar filosófico digno, ao considera-la, alavanca-la a ícone, ao resumo final do pensamento humano atual: plugado, mas desligado – já chegaremos lá... a explicação.  

Um prêmio tardio, seria mais como um reconhecimento pelo conjunto da obra. 

As sacolas plásticas tem várias utilidades; e, além de seu uso comum, são fartamente estocadas nos lares, mesmo aqueles bem localizados. Servindo a uma série de arranjos dos mais interessantes, e assim, fazendo uma alusão à ideia original do John; não seria despropósito que todos as adotássemos como uma espécie de máscara, onde então, poderíamos comungar tanto a ideia do revolucionário Inglês/Americano, ao associa-la a de outro cabeludo que a dois mil anos repetiu que todos nós somos iguais, daí, com as sacolas plásticas na cabeça, teríamos, - quem sabe - mais respeito uns pelos outros, pois obviamente, menos diferenças seriam apontadas entre nós.

É preciso reforçar nosso argumento lembrando que, embora venham se transformando em fonte constante de discussão de ecochatos ou não da vez, continuam mais versáteis do que nunca, tanto que chamou nossa atenção para que não passasse em branco no nosso discurso – talvez este texto seja mais uma demonstração escancarada de inveja por não conseguirmos ir além de ensacolar coisas neste ícone maior do (super)mercado consumista. Nem perto chegamos, por exemplo de inspirados engenheiros que por não terem conseguido se formar, demonstram suas aptidões perdidas, em um país que brinda a falta de cultura, de estudo; então, estes engenheiros que se perderam, pululam em comunidades pobres imitando Macgyver e criando até carrinhos transformers onde ONGs oportunistas já encontraram campo de atuação com o velho discurso social, que, além desta explicação altruísta, aparece outra também pura, a de empestar seus conhecimentos em fazer dinheiro e, com o apoio financeiro do governo, despretenciosamente, ajudarão a exportar sacolas plásticas agora transformadas em não-sei-o-que. São tantas novas utilidades. Está dando tão certo que até mesmo a repórter esteve lá.

Ao final as discussões são tanto para o bem quanto para o mal, nossas amigas sacolas têm a personalidade dos grandes personagens das histórias, ou seja: ou são amadas ou odiadas (inclusive elas poderão emprestar um pouco desta personalidades aos seus usuários). Poucos ficam indiferentes a elas em uma hora de precisão, e ao final podem ser comparadas ao humano comum: aceitam tudo.

Este aceitar tudo não pode ser confundido erroneamente como um parvo sem vontade de lutar, não, - não é isto que está em questão aqui - o que devemos entender neste ponto de vista é que, como as sacolas plásticas, alguns homens aceitam a opinião de qualquer um que lhes apresente um argumento um pouco mais elaborado que o admirado e até então insubstituível orador, agora ultrapassado. Acontece que isto se dá sempre sem que se busque entender quais das verdades é mais mentirosa.

O saco plástico é assim, se dá a qualquer um que o queira; não busca fazer distinção alguma sobre quem está querendo lhe alugar a cabeça, independentemente de para que fim se dê esta intenção.

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