Em tempos de auto
afirmação
Em
quantas situações repassamos uma história sem verificar se a ação contém alguma
verdade que a afirme, então: que faça parte de algo que se deu realmente?
Nossa
preguiça em verificar a fonte é histórica. É muito mais fácil nos mostrarmos
confiantes e depois culpar os outros por nos terem enganado; fato é que não
corremos atrás, queremos e aceitamos o que a nós é disponibilizado sem
verificar data de validade ou procedência da informação.
Somo
levados, quase que diariamente, principalmente agora em tempos de informações
rápidas, tocados a disseminar centenas de milhares de acontecimentos
históricos, notícias, assuntos, fofocas, historietas em formas de piada que,
como no conto de Machado de Assis, poderão chegar a um determinado estágio onde
nada do que está sendo dito se casa com o que realmente aconteceu.
Era
preciso entender que em um número considerável delas não é mais possível conter,
segurar, ou tomar qualquer medida para desviar o caminho da falácia, - neste
estágio depende apenas do esclarecimento ou da desconfiança do ouvinte - e
mais, em algumas situações, onde a história beneficia alguém, é bastante claro
que este, ou algum outro indivíduo beneficiado jamais irá se retratar afirmando
que ele não é tão bom quanto, ou que inverdades estão sendo ditas.
Portanto,
precisamos hoje observar com cuidado ainda maior, ao depositarmos nossas fichas
no santo do dia; porque se conseguirmos entender que este recurso foi largamente
utilizado ao longo dos tempos para destacar positivamente, - mesmo enaltecendo
com exageros - determinados ícones para que então a direção da história tomasse
o rumo observado apenas por uma meia dúzia que detinha o poder de fazê-lo,
agora, isto está muitíssimo mais fácil.
A
verdade é flexível em casos de ajustes, sejam eles necessários ou não,
positivos ou não. Em muitas situações, obrigatórios, porque não! Desde que,
articulados por mãos hábeis e isentas. É bem possível de ser entendido que a história,
em muitas situações, providencialmente, vestiu de santo uma série de indivíduos
e com isso rearranjou o enredo humano onde, ou de maneira a não ser mais
possível, mesmo que venham à tona verdades que parecem incontestes; porém,
podemos permanecer em estado de atenção permanente ao que nos apresentam ou ao
que estão tentando nos dizer, e perceber se aí não existe algum tipo de energia
pérfida; forçando a implantação de determinada ação, como também é muito
importante que não saiamos repassando uma informação por mais avalizada que
possa parecer. Repassá-la sem a atenção devida significa, obviamente, que
também nós a estamos avalizando.
Como vivemos eternamente em tempos de
ajustes, era preciso entender que temos duas opções: acreditar ou não no que
estão nos dizendo. Queremos ou não fazer parte destes ajustes como um seguidor
alienado que foi arrebanhado por um grito mais forte, ou preferimos ficar ainda
um pouco mais debruçado sobre os livros e entender um pouco melhor o que
realmente está acontecendo?
E assim se dá a história. Em muitas situações
entendemos que alguém é santo apenas devido aos seus atos passados que ficaram,
e nos esquecemos de que todos podem esconder uma verdade menos colorida,
concomitante, paralela ou intrínseca aos feitos; e esta, uma vez exposta,
provavelmente, em muitas delas, não borraria apenas sua glória.
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