“Não
há como o homem “pronto” ser doutrinado se ele não for tocado radicalmente em
seu brio, mesmo que este seja uma ilusão tida como porta estandarte e de nada
lhe valha realmente.” [sic]
*
Inicialmente,
antes de todo o processo de retorno, antes mesmo de compreender não apenas significativamente
a possibilidade de entender-se também parte do Sagrado, o aluno precisa passar,
vencer a rebentação do querer mundano; o visco da paixão que detém as amarras
de seu estado prisioneiro. E para vencer esta rebentação, ele não tem muito
mais além de suas minguadas convicções que, novas a ele, parecem estribadas também,
em um pequeno grupo de ideias recentes repetidas por algumas pessoas que ainda
lhe são estranhas – realmente é pouco.
É somente neste período que as secções serão sentidas, pois ainda há o vínculo com a grotesca matéria. Pouco sabe ele que apesar de sua importância, felizmente, está se tornando lição vencida, porém, a partir da rebentação, uma vez pleno do novo, nada, que o vincule a velha vida, será motivo de dúvida: uma vez consciente daquilo que deve ser abandonado – agora, definitivamente, não há mais sentido.
É somente neste período que as secções serão sentidas, pois ainda há o vínculo com a grotesca matéria. Pouco sabe ele que apesar de sua importância, felizmente, está se tornando lição vencida, porém, a partir da rebentação, uma vez pleno do novo, nada, que o vincule a velha vida, será motivo de dúvida: uma vez consciente daquilo que deve ser abandonado – agora, definitivamente, não há mais sentido.
“A paciência não existe para aquele que a
possui.” Alguém disse isso e isto é comprovável quando estamos diante de uma
pessoa que não carrega a preocupação do tempo ao esperar que a providência aja.
Ele simplesmente vai existindo. É o que acontece também, quando estamos fazendo
a passagem da consciência da grosseira matéria para o sutil; não há mais a
preocupação com a perda, com o abandono, com o romper vínculos, - mesmo os de
sangue - que à matéria pertence.
Indubitavelmente,
este estágio chegará à todos, - a tempo incontável para alguns; talvez seja por
isso que fora da matéria não há tempo, foi uma forma encontrada por Deus para
amenizar a espera – mas, (e talvez por isso) é preciso enfrentar o processo de
cortar a carne ilusória, sentir na carne de material anímico as dores reais da
iniciação, do batismo – nada de deitar na lagoinha amparado pelo pastor. Esta
foi a forma que encontrei para fazer referência aos momentos difíceis pelos
quais o verdadeiro buscador passa quanto das dúvidas iniciais, sobre suas decisões
de abandonar o concreto ilusório - o mundo de ilusões até então tão possível -; e
jogar-se definitivamente em direção ao Nada Real, mesmo que ainda, a única
certeza que lhe resta é a incerteza de que está tomando a medida mais acertada.
Minha
observação desta semana está focada no homem “pronto”. O homem pronto aqui é o adulto;
bastante despreocupado com os sentidos da vida por estar confiavelmente
sossegado com suas escolhas materiais de até então; quando, de um momento para
outro começa a perceber que há algo que não encaixa e, embora não possa nem
sequer imaginar esta possibilidade de desencaixe devido aos inumeráveis
espécimes diferentes de orgulhos, verdades e certezas que lhe permeiam o
pensamento, ainda assim, invisível, a “centelha pentelha”, que em algum momento
do existir acomodado e passivo do homem insiste em enterrar ou ao menos roçar
seu Agulhão do Despertar no sistema neural adormecido (entorpecido) faz – por
saber o que faz – com que a pedra-no-sapato-da-alma: a consciência do
compromisso; movimente-se e torne o ser de existir despreocupado em um homem um
pouco mais atento com as tormentas que parecem estar troando mais próximo do
claudicante casebre. Mas há algo novo agora, e é a centelha pentelha incitando
mais próximo ao nervo. Porque até então não havia duvidas sobre a segurança da
choça? Porque isso agora?
Por
que não há fuga.
Não
há como escapar do enfrentamento. Há formas de protelar o encontro. Adiar o
inevitável; mas este choque, para nós seres humanos comuns é exatamente isto, é
somente por esta ponte que deveremos transpor a matéria; a ilusão: enfrentar o
desconhecido que há tanto tentamos negar.
Porque
então existe esta revolta, esta tentativa de fuga desesperada tentando
esconder-se de um algoz que não cansa, é paciente, e não conhece expressão
alguma que remeta ao desistir? Isto acontece devido ao nosso distanciamento da
Essência de Deus que nada mais é que o esquecimento, o abandono da nossa Centelha
Divina; o contato jamais seccionável de nós com o Todo Sagrado. Não se trata
então de um distanciamento, porque ela jamais se separa de nós. Esta pérola
incômoda, que faz lembrar a história da ostra que não se sentido confortável
por possuir algo que lhe dificultava os movimentos, quando suas amigas viviam
tão bem, descobre que o motivo de seu infortúnio é na realidade um tesouro. Ela
então esteve sempre presente, porém o distanciamento em busca de quimeras externas
trouxe para dentro do receptáculo mente, informações interessantes de um mundo
que deveria ter sido compartilhado com o arcabouço da centelha; mas houve o
desencaixe. Algumas situações, poucas, inicialmente, contrastavam diretamente
com as diretrizes da Centelha. Logo apareceram outras necessárias a adaptação e
algumas que proporcionavam a mimetização do ser no novo ambiente. Uma série de
outras oportunistas, e finalmente, as corrompíveis da ilusão escura que
envolve, que entretém, que enreda ardilosamente, e ainda que sem um mando
visível, retém e rouba a essência do ser que agora perdido, já esqueceu-se
completamente que enterrado em seu mais puro íntimo, existe um pulsar paciente
e imorredouro que, conectada ao seu cérebro e jamais desconectada do comando
central do Todo, que sabe que o fastio daquele ambiente, cedo ou tarde se
revelará como sempre o fez, e também para sempre será, e neste instante, ou
nestes instantes, eles podem durar vidas... e assim, quando menos se espera... a
centelha aguilhoa.
E,
o homem “pronto”, que sempre se comportou como determinam os livros que
revestem as fachadas das livrarias comerciais. Uma vez mais se sente
desconfortável, e questiona o nada, e mais uma vez nada encontra além da
necessidade de tocar definitivamente em seu brio e destruí-lo, e, para o Externo
que Conhece e assiste incólume o princípio da derrocada e a abertura de um
retorno definitivo à casa segura, assim permanece: pronto e relembrando que
também houve sua obrigatória passagem pela rebentação, e, mesmo que sinta
saudades de um ou outro instante do plano ilusão, apenas é agradecido por
entender sua importância fugas frente ao Eterno.
043.g cqe