Se
não se está na mesma frequência, também aqui, há a estática
*
Ah!
Esta maldita facilidade que possuímos de falar.
Quanto
nos prejudicamos, erramos, nos equivocamos, perdemos, ao falar!?!
Tenho
conversado com Minha Sempre Bem Amada sobre a frequência de nossa comunicação.
Até então utilizava a expressão “nível”, porém de uns dias para cá algo
despertou para a expressão “frequência”, e não em relação à constância,
entende, é disso que estou falando. Algumas dezenas poderiam levar para o ponto
de que eu e Minha Esposa estamos falando frequentemente; com frequência ou não,
ao invés de entender que estamos falando na mesma frequência. Parece simples,
mas é complexo - ou digo isso apenas porque o quero!?!
O
quanto estamos sendo julgados por frases, assuntos e questões corriqueiras que
falamos apenas por falar, porque somos obrigados devido ao meio sem que mesmo
pensemos a respeito, e mais; quantos ao nosso lado - externos à conversa - nos
estão a julgar por ações, gestos e palavras que ouviram alheias, sem o devido
contexto e então disso fazem juízo?
Voltando
a frequência; estaríamos sempre, - ao nos comunicar – na mesma frequência do
nosso ou nossos interlocutores? Quanto de nossa comunicação dedicamos a esta
preocupação?
Quantos
deles solicitam realmente uma explicação sobre o que não entenderam da opinião
exposta! E quantos nada falam mesmo que interpretaram-na erroneamente – e o que
isto realmente causa em nossa imagem!
Isto
está se dando a todo momento, mais com quem pouco nos conhece, porém acontece
também com os mais próximos.
Este
assunto chamou-me atenção esta semana após a opinião de um senhor em uma
conversa despretensiosa, à hora do almoço, sobre o tema da semana: a partida do
nosso Sempre Querido Nelson Mandela (Freedom
4ever Madiba). Estávamos em três ou quatro pessoas.
O
camarada comentou como seria bom ter vivido ao lado de Mandela. Convivido com
um homem desta magnitude. Acrescentou ele que seria um homem melhor, quantas
coisas, quantos erros deixaria de cometer, o quão mais reto seria se aprendesse
direto do coração do Grande Líder os ensinamentos que lhe faltaram por estar
entre os comuns.
Vamos
esquecer a parte física da questão, pois ao menos eu não tenho preferência à
África e muito menos ter estado ao lado de Mandela em alguns instantes nada
fácil para ninguém; a não ser que tivesse eu algum poder para auxiliá-lo.
O que chama a atenção, uma vez mais é - como
sempre no meu caso -: o fator consciência. Deste modo, imediatamente pensei o
quanto somos covardes. Até mesmo em uma situação inusitada como estas,
procuramos as costas, mesmo que de um moribundo, para depositar nosso fardo de
vergonhas; ora: e não é isso que o indivíduo está a falar? Não exatamente; mas
dá pano pra manga.
Assim
volto ao início do texto. Cada um interpreta o assunto que lhe chega a
conhecimento, observando determinado entendimento particular que está
diretamente ligado a sua frequência única de compreensão. Particularmente
descambei para o lado fraco do humano desesperado, em fim de carreira, – o
senhor em questão beira seis décadas – procurando distribuir suas misérias e
aliviar a culpa cristã de final de vida. Já outro poderia concordar, e um terceiro
argumentar apenas os aspectos ruins do ícone e assim por diante.
Ainda
à mesa pensei a respeito da bendita consciência, afinal, se a pessoa tem
certeza de que pode ou poderia ser melhor, que teria acertado mais em suas
escolhas se optasse por um caminho que assiste no outro como correto, porque
precisa apoiar-se no fato de não ter estado com ele como pretexto de não ter
tido a chance de ser melhor como pessoa?
É
claro que estou me aproveitando de um descuido de fala impensada de um tolo
ignorante, mas é de se pensar!
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