O
que procuramos fazer é arte, ou um produto comercial?
Em
casos raros não é assim, mas o compromisso com o público tende a castrar o
artista.
*
Lendo aleatoriamente uma revista qualquer, em um ensaio, o
autor coloca que: os grandes nomes da arte, “que se vendem a qualquer um”*, diretores,
escritores, autores, etc., devem ter a preocupação consigo apenas e com seu
público.
Está
é uma verdade abundante, porém parcial; e isto se dá somente após o nome chegar
às cobiçadas prateleiras do consumo. Antes, ele precisa procurar quem aprove o
que faz. E, até então: atira para todos os lados – embora também sendo essa uma
verdade parcial; não digo agora nada que não seja de comum opinião ao meio.
Mas,
e daí? Depois de encontrar seu nicho de mercado, o que se deve fazer? Entendo
que esta é a questão a ser perseguida por todos aqueles que buscaram na arte
não o seu passa-tempo-ganha-pão-favorito, e sim uma identificação superior.
Digo
que o artista apenas é livre neste espaço - quando procura. Ainda assim esta liberdade
é vigiada por sua mente que persegue o que dita o mercado ou as tendências
(isto tende a ser automático).
Após
encontrado seu público comprador e admirador, ficará refém desta condição. A
partir de então, não criará mais. Copiará apenas o que aprendeu; o vendável ou
comprável. Este é o final triste de todo o artista mercantilista: transformado
em comerciante comum que se entregou ao medo – nem por isso deixa de fazer um
trabalho que pode ser considerado extraordinário.
Vencer
este obstáculo instransponível do “cheguei onde queria”, deve ser a maior luta
do criador, pois, enquanto continua projetando o que agrada ou satisfaz a si, é
preciso preocupar-se com a quantidade da audiência que o frequenta; ficar
atento ao que busca o externo para não perde-lo de vista.
É
bastante sutil a linha que divisa o querer artístico do egocentrismo - da
vaidade que procura a aprovação. Por ser de difícil identificação é mais comum
aceitar, fazer do estado alcançado o vértice de seu trabalho – ainda que não
tenha tentado tudo.
Daí contenta-se em viver de uma mentira. E
terá o final comum dos artistas frustrados; afinal, é praticamente impossível satisfazer
a si e ao público; e enquanto estiver preso a esta roda macabra do sustento de
sua arte, estará fazendo com ela o que acontece com um banco gigantesco de
corais que morre a cada dia devido ao sufocamento sofrido por algum ataque
externo de desequilíbrio; será sempre a luta interna do querer criativo contra
o perigo de não agradar ao público que admira, ou seja: o que sufoca. O seu
desequilíbrio natural provém da vaidade e do medo, porém, diferente dos corais,
aqui, muitas vezes; pode advir também, apenas do medo de ficar só
*grifo meu
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