sábado, 25 de abril de 2015

Todo sentido

Quando, ou, se algumas das discussões levantadas por aqueles que pensaram o humano fizessem sentido, ao menos ao homem de interpretação posterior, o que é bastante difícil, dado a distância do pensado com o existir – também -; iríamos descobrir que todo esse complexo pensado não passou disso: um analisar desprovido de sentido prático ao necessário ou ao urgente; ao menos no que se refere justamente ao mote proposto: à transformação humana, quando esta depende de uma decodificação, mas, e, isso ocorrido: também de boa vontade para haver o alinhamento.

A própria interpretação, é um desafio. Transformá-la em prática na prática; talvez um ainda maior.

O pensamento nada mais é que arte. Não deve ser preterido, ousado além da arte – e, uma arte muito aquém da vistosa. E também, somente como arte deve ser tratado. Ele então e somente, não serve para ser pendurado na parede para a admiração comum, ou mesmo deixado em um pedestal, como o busto de um político, aliás, o pensamento neste mundo para pouco presta, a não ser para a comercialização por editores ainda que somente dela entendam, para narradores futuros, merchants especializados, lerem frases entediadas supostamente entendidas na televisão, ao demonstrar, eles próprios, serem mais merecedores dos créditos que o artista citado, e, talvez, para alguns alunos, muitos, para nada além de avançar nas matérias.

Ao menos um crédito à arte do pensar pode ser observado; é possível que o pensamento revele algum conhecimento, mas essa particularidade não necessariamente é importante.

O pensar é para os tolos solitários, porém ainda mais tolos se mostram aqueles que não pensam nisso enquanto tanto pensam em como passarão seu tolo pensar àqueles que (o) desacreditam.

Da série; o pensamento apenas como arte.


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Colaborador útil



Lendo uma matéria que faz referência a reificação, onde são analisadas observações de Honneth, Lukács e Habermas entre outros, me pego outra vez em pensamentos digressivos totalmente a parte da matéria em discussão, mais eles procuram o porquê da edição, que demonstra a preocupação presunçosa dos autores/editores em expor palavras que diferentemente de acrescer o pensar útil dos personagens postos, busca suplanta-lo. Quando nada podem além do tentar fútil que arregimenta neófitos primeiranistas e intelectualóides frustrados em cafés filosóficos, do que prender-me a utilidade do pensamento passado.

  A velha máxima dos textos densos e amarrados. Como sempre, deixando a mostra pontos indicativos de leviandade e incongruências, os quais, é acertado dizer, formam um bloco árido e estéril como quase tudo que se quer mais que o material discutido - quando leva as discussões a uma quase total perda de tempo fora das carteiras escolares quanto o gasto ou perdido escrevendo este.

E o que temos a partir daí? Um vórtice eterno em torno do próprio eixo. Todos deveriam saber que as discussões se avolumam em torno de uma solução que não é possível porque não se ataca o ponto, elas não podem ser objetivas devido a não aceitação do que fere a tradição, então; de que adianta todos estes textos – entre eles de ganhadores de Nobel etc. - se eles, qual barco do personagem do Show de Truman não podem; estão impossibilitados de seguir além da parede de nuvens maravilhosamente pintadas?  

*

Entendo que, de alguma forma que beira o instintivo ou mesmo respeitando a obviedade do momento histórico, ainda que desatenciosa devido às urgências as quais nos atingem sem a devida explicação, o mundo assume determinadas posturas, naturais ou obrigatórias a este estado momentâneo descrito, e assim se mantém, devido ao preço, as energias, despendidos na mudança, sem reavaliar – ou relativizar - com atenção a realidade de que: as realidades não são perenes. Mudando, deformando sua natureza para o bem ou para o mal, como no caso do capitalismo, e então ficamos todos na dúvida se isso foi bom ou ruim; mas este é somente um exemplo.

A partir de então, como coloquei, a natureza humana, somando uma série de pontas ou pontos, assimila a descoberta, porém o faz de tal forma que não questiona; não pensa; não avalia – trabalhando em um pensamento imaginário - como poderia ser se fosse diferente, se voltasse ao início, quando, por outro lado, não pode mais se arriscar em outro caminho que não o escolhido, e então o incorpora, assume radicalmente, impensadamente o novo, esquecendo-se de tudo, alienando-se, confiando (confinado), se entregando a esse novo sistema preguiçosa e negligentemente.

E quem pode, porém, acreditar que existem aqueles que não mudam totalmente, e conseguem olhar ainda acima das cabeças pensantes que precisam manter o sistema atual!

Conservando algum nível de pureza, estes, pensam, também, por sobre todos aqueles que não são pagos para isso. Desta feita, estes poucos privilegiados que ainda que trabalhem; que caminhem com o todo maior nada podem fazer, porque ficam parecendo completos estranhos ao não concordar ou discordar da forma como foi/está sendo feito, parecendo alheios, porém, nada desatentos ao fato de que a natureza sistêmica assim não entenda... não observe, não aceite, não...

Mimetizado ao meio socializado, observa que tudo vem sendo aceito comodamente ao longo da história, e esse comodamente nada tem de revolucionário. Tem a ver com comodismo, com o não incomodar-se, com o deixar que os outros façam o que não se tem coragem, (efeito dominós já incorporado) vontade ou iniciativas para tanto, ou até mesmo de questionar, levantar questão onde, ainda que em nada resulte, poder assumir uma postura de não convencimento, de não aceitação, mas principalmente, de atenção.

Na maior parte das vezes, a discussão não é uma opção, porém, nem por isso deve ser abandonada a opinião pessoal nascida da observação crítica construtiva devidamente calibrada.

Quando não se tem poder sobre o que não é suportável, porém está-se a essa aceitação obrigado, resta o desconforto - consciente ou não - com essa aceitação passiva, e suplantá-la, ao buscar no pensamento inteligente, formas de ações e práticas positivas durante este período de reclusão; antes, devemos pensar a prisão como um momento de liberdade para a interiorização útil.

*

A premissa, novamente, aqui é: a não aceitação – incomodar-se novamente, de uma vez por todas ou pela primeira vez, e realmente; com o que está incomodando. Dado isso, encontrar a ferramenta mais acertada, algum mecanismo que faça com que o foco seja mantido sobre as questões primordiais; e a partir de então, providenciar o questionamento, a contextualização que incomoda; que intervém no estado. Mudando, transformando a condição de cidadão que não procura a guinada, ou que, assoberbado por escolhas distorcidas, entende que domar o agitar-se da natureza já lhe é suficiente, por tomar-lhe momentos preciosos de comodismo e distrações.

Então, qual é a hora de reavaliar, de contextualizar o caminho escolhido? Qualquer hora. Toda hora. E como; se isso não é mais possível! Como, se é muito mais fácil, como este texto, apontar que não foram feitas boas escolhas e aceitamos com alegria aquelas que vêm nos destruindo?

Primeiramente, aceitando isso. E aceitar que não concorda com o todo entorno, e então buscar interiorizar-se e, de forma alguma externar esse novo pensamento. 

Não é mais possível, era preciso entender de uma vez por todas que não é mais possível concertar a natureza assimilada do grupo, mas é possível modificar-se frente ao grupo. Já foi negritado que: quase nunca, a discussão é a opção mais acertada. É preciso compreender isso. E como resolver todo ou parte do imbróglio sem ela; introspectando-se.

Assimilada essa tese, onde devemos entender ou jamais esquecer que o todo maior será sempre superior ao indivíduo, porém, em contra partida, como é um todo nós somos ele e vice versa, ou seja, independentemente de o que você for fazer, - administrado com inteligência - para aprimorar seu estado de espírito, será válido. Será preciso procurar caminhos individuais que levem a evolução pessoal; ao acomodar-se individual que é muito mais fácil hoje, afinal o homem acomodou-se por si só, no todo social. Agora é preciso sair do bando e procurar um canto onde o ser pensante consiga promover a sua revolução individual interna, acreditando que é possível, através do individualismo consciente, aquele onde respeitamos o externo e necessitamos do externo, fazermos exatamente isso: utilizá-lo apenas como uma ferramenta; como uma base de apoio à nossa evolução solitária. Isto nada mais é que, sentir-se, estar assumidamente e conscientemente preso, otimizando o agora.

  Como assim, individualismo consciente??? Afinal, não aprendemos que não se deve dar vazão ao egoísmo. Sim, mas, hoje precisamos assumir, definitivamente, nosso egoísmo; que somos egoístas. Que vivemos em sociedade, porém, que preferiríamos, em muitas situações, o silêncio e a reclusão, a usarmos ou quando ainda usamos as mais variadas máscaras tentando manter o riscado exigido pela sociedade impingida, impregnada no nosso eu nada social - a determinadas sociedades. Portanto, é o próprio meio que nos dá o salvo conduto de trabalhar, de aperfeiçoar positivamente nosso egoísmo, nosso individualismo, nosso eu único, até que o transformemos, em colaboração com o todo a partir de nós mesmos, em um novo colaborador, definitivamente, útil.


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segunda-feira, 20 de abril de 2015

Na ética inclusive



Trate com ética o ético; sempre. Porém não é falta de ética não apresenta-la a um não ético se isso beneficia apenas ele ou, se ao fazê-lo, a ação depõem em prejuízo contra, ao tratar-se você de um ético contumaz. Ou seja, como em tudo, é sempre razoável entender o lado oposto, se não conseguimos fugir às obrigações que nos mantém refém de uma situação discordante, então, é fato que os pesos precisam ser igualados, mesmo que haja a necessidade de voltar às origens.


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Trata-se de culpa mesmo



A partir do instante que você desconfia que algo não caminha como deveria, e, tão atento quanto relapso, vira às costas para a situação entendendo que, o não aprofundar-se, a fuga, a covardia (avaliando que ao deixar a coisa rolar o tempo resolve, ou alguém resolve pra você) é uma via escolhida para não ser acusado de culpado; ou em algum tempo possa acionar a tecla da autopiedade – ainda assim - que envergonha sempre aquele que nos ama; você está completamente enganado.

Essa irresponsabilidade tem nome, e a palavra é CULPA mesmo, em caixa alta, com letras maiúsculas ou como sua técnica besta entender, sendo você religioso ou não, sendo você ateu ou devoto do deus do feijão, a lei é clara. É o que é. Se por ventura praticaste algo que corrompe o Equilíbrio do Sistema Maior, a não ser que se trate você de um puro ignorante sem acesso a nada que o tenha instruído para o que distorce ou mantém o equilíbrio social, você terá que responder por seus atos; no mínimo para, em um dia longínquo, sua consciência. E o não fazê-lo agora, só demonstra seu despreparo, sua fragilidade, sua covardia, seu medo.


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sábado, 11 de abril de 2015

O Amor é preto



Todos os outros sentimentos se anulam frente ao Amor. O Amor faz o papel que o preto faz na cromaticidade, na ciência das cores. Cientificamente falando, o preto, o negro é a ausência de cor ou também, a junção de todas as cores; o Amor é a ausência de todos os outros sentimentos. Ele por si só se basta e abarca o viver do ser sem que este externe outro sentimento que não o Amor à frente de todas as suas ações. 

Atingido o Amor há a plenitude. Em uma representação análoga, todos os outros sentimentos que conhecemos a partir de então, aplicados sob o efeito de nossas mentes havidas são, automaticamente, aniquilados quando alcançamos o Amor incondicional.

Pode ser difícil de fazê-lo, ou seja, entender esta proposta sem um exemplo. Principalmente porque alguns de nós; jamais amou verdadeiramente.  Mas, peguemos, por exemplo, o modelo emprestado de alguém próximo, e fácil a todos. Se não for possível isso, apenas, por enquanto, acredite, pois, ainda que seja você um sujeito digno de pena por não ter experimentado amar ou ser amado, merece, mais do que ninguém, entender isso, ainda porque, você não irá escapar disso, o que digo é que, todos nós; mais dia menos dia seremos somente Amor.

O exemplo é bastante simples.

Tomemos uma mãe com seu bebê. Um bebê planejado e esperado; perfeito e completo. Tente entrar, vestir essa mãe, tente absorver os sentimentos maternos dela. Desfaça, neste instante, todos os humores que possam torná-lo uma pessoa abjeta ou desprezível; não deve ser muito difícil – ambas as ações. Então, imagine-se ela, e, de posse disso; force até essa mãe, uma pessoa que é todo estado iluminado devido ao filho desejado, ter para com o bebê um sentimento outro que não o amor mais puro incondicional e desprendido que se possa conceber. Você consegue fazer este exercício? Acredito que qualquer um de nós consiga, porém o que acredito ser extremamente difícil para não dizer impossível, é que você consiga construir mentalmente um exercício próximo ao crível, aramado de sentimentos de aversão, de desdém de desapego, ou de desleixo para a criança. E observe que usei uma série de adjetivos, mas em nenhum momento usei o ódio, e isso foi de propósito, afinal seria muita covardia exercitar o ódio nesta cena, - até porque, tal nível de construção, somente poderia nascer de uma mente doente; o que não é o caso de trazê-la para esta experiência. Assim, esse arquitetar, independentemente da força contrária a ele ou a essa ideia, definitivamente, não tem a menor chance de acontecer. Em condições de normalidade, não é natural conceber minimamente a possibilidade de uma mãe alimentar qualquer má vontade a este ente indiscutivelmente querido, perfeito, e totalmente puro.

Vale lembrar que esse é um exercício de percepção, ou seja, por mais que existam aqueles de partidos contrários a que esse vislumbre possa tornar-se possível, ele continuará fazendo sentido no que representa.

Agora, continuando, direcionemos nosso pensamento para outro ponto – essa é apenas para aqueles que não sabem o que é isso: é possível acreditar que somente às mães, - e para sempre - será dado o privilégio de amar nesse nível conhecido? Quero acreditar que não, assim como, que todo o plano deve caminhar para a construção na qual todos nós um dia sejamos parte desse Amor incondicional. As mães são as privilegiadas agora, mas isso se deve ao fato de que nós, filhos, deveríamos passar por isso, e a partir de então, entender todo o processo. As mães, na verdade, fazem o papel de disseminadoras da Semente do Amor Incondicional, e aqui está o segredo da responsabilidade de toda mãe.

 Por conta disso, é acertado afirmar que, atingido o Amor Verdadeiramente Incondicional, todos os outros sentimentos alheios a Ele desaparecem, e também é por isso que jamais devemos ser culpados por nossa ainda estupidez de olhar para qualquer outro ser vivo com algum objetivo torpe, justamente devido a esta estupidez. A estupidez é um estado de espírito, é a falta de amor, é a inveja, é o desconhecimento, é a ignorância, é o medo e é justamente esse medo, somado ao orgulho, que não permite que aquele que ignora entenda nem mesmo estas palavras, muito menos o amor. E então ele pensa a perpetuação da infâmia e da contrariedade, e aqui estou utilizando a palavra “pensa” porque o pensar é mental e o amar é sentimental, vem da alma do espírito, da conectividade incessante e ininterrupta com uma energia maior que, uma vez atingida jamais cessa, porém, o que viemos fazendo ao longo do existir é suprimindo-a com nossos pensamentos contaminados.

É possível a alguém que não ama chegar ao Amor; porém jamais existirá alguém que amou de verdade voltando-se para o ódio. Isso é simplesmente impossível. E é justamente por isso que assistimos ainda, uma série de covardias, mesmo contra pessoas que somente tem Amor no seu coração. Porque elas entendem os covardes estúpidos, já eles as querem destruir. Porém, os primeiros também entendem que não há destruição uma vez no amor, porque, ao atingirmos o Amor entendemos que tanto quanto o Amor não pode ser jamais destruído, diferentemente de seus sentimentos antagônicos, quem ama atinge também a condição de indestrutibilidade. Ele será então para sempre tal qual o sentimento escolhido.


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O pensamento complexo. - Edgar Morin




Pinceladas de um contemporâneo tão mais raro quanto escasso ou vice versa.

...

"Da necessidade de um pensamento complexo: O pensamento complexo é, portanto, essencialmente aquele que trata com a incerteza e consegue conceber a organização. Apto a unir, contratualizar, globalizar, mas ao mesmo tempo a reconhecer o singular, o individual e o concreto."

"O pensamento complexo não se reduz nem à ciência, nem à filosofia, mas permite a comunicação entre elas, servindo-lhes de ponte. O modo complexo de pensar não tem utilidade somente nos problemas organizacionais, sociais e políticos, pois um pensamento que enfrenta a incerteza pode esclarecer as estratégias no nosso mundo incerto; o pensamento que une pode iluminar uma ética da religação ou da solidariedade. O pensamento da complexidade tem igualmente seus prolongamentos existenciais ao postular a compreensão entre os homens."
...

"É preciso substituir um pensamento que separa por um pensamento que une..."
...

"Hoje, não basta problematizar o homem, deve-se problematizar a ciência, a técnica – o que acreditávamos ser a razão e era, com frequência, uma abstrata racionalização."


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A Subliminaridade e o Nada




O bom lenhador
não permite que
seu machado
descanse ao sol.






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Meio insípido

Com a criatividade aflorada e mínima empolgação é possível sobreviver em meio à algazarra cotidiana, mas como tudo, isso também cansa, e quando acontece a ação do assistir e não participar logo me vem à mente um antigo camarada que o tínhamos como soberbo e arrogante. O apelidamos, fora de suas vistas, de boçal - nada da convivência comum tinha o seu apreço. Para ele, rir era coisa rara - uma ação tão boba quanto supérflua nos demais. Um crítico que desconhecia.

Sempre se enxergando como alguém superior ao meio, não media esforços para desagradar, olhava tudo com desdém. Passado seus trinta anos; imagino agora não ser de todo negativo conservar um pouco desse lado “boçal”, guardar um que de torcer o nariz mais vezes para situações rotineiras engolidas sem a peneira útil do: estar atento... observando se, o conteúdo eleito é realmente positivo, se preciso, realmente, estar sempre agradável e disponível.

A bem da verdade; aproveitando o ensejo ou coisa que o valha, volta e meia, quando saímos um pouco do alvoroçar diário ao qual estamos absortamente contidos e olhamos de fora, é possível entender um pouco: quanto nos impregnamos de assuntos, trejeitos, costumes, manias e maneirismos colecionados sem nos apercebermos quanto nos afastamos do distinto. Isso tudo associado a uma cultura inculta, que, se observado detidamente, acaba por desmerecer nossas qualidades, agora sufocadas por este agitar desconcertante que tomou conta de nossas vontades, de nossos instintos, de nossas vidas... e ainda que não queira jogar um balde de água fria no nosso cotidiano cáustico, ou contribuir com o pessimismo patente de um ou outro, não seria demais observar vez ou outra que algumas de nossas bardas não são agradáveis a todos, e a partir de então, poderíamos apurar nossa consciência crítica iniciando um exercício onde viéssemos a minimizá-las – talvez não por eles; e sim por nós.


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sábado, 4 de abril de 2015

Os Didatistas e os Utopistas



A despeito do que já se disse; alguns pensadores se dividem entre os Didatistas e os Utopistas; os primeiros aprendem e então ensinam o caminho ainda próximo, ainda possível a sua contemporaneidade ou não – o óbvio ainda não assimilado; o corrente que ainda vive o estágio de ocorrência. O mínimo necessário para regular uma sociedade que não deveria mais discutir o que estas verdadeiras “ferramentas humanas seculares” talhadas à ponta de cinzel para esse único fim, então tornadas especialistas na observação de ações tão incontestáveis no curso da história quanto urgentes para alinhar o convívio entre os homens, transformando assim o sacrifício de vir à luz em exemplo raro.

Já os últimos, por parecer que nascem pronto, não se atentam para as obviedades. Fingem não conseguir entender como é possível que elas sejam sequer discutidas; que gastemos séculos traçando e alinhavando planos para implantar o mínimo necessário para que vivamos em paz. Despender tal expediente – a morosidade inconveniente dos interesses - para esse grupo de pesquisadores é um acinte sem cabimento, digno sequer de uma frase cunhada, a não ser para pontuar seu desdém. Por conta disso são do tipo ranzinza; intolerantes e intratáveis. Ansiosos; parece que nascem algo desconectados. De pavio curto e sem paciência para a vã discussão. Preferem então à clausura à exposição a um estado onde seus colegas primeiros não foram ouvidos.

A teoria didática entra em ação sempre que o homem por si só entende que ultrapassou sua vontade impetuosa de domínio ou quando as doenças advindas dessa vontade estagnada tornada ação, suplanta a ordem natural – estabelecia ou não -, ou o que entendemos como o “curso mínimo obrigatório do existir humano na Terra”.

Por sua vez, os Senhores do Pensar estão além do tempo, são considerados póstumos – não por nós, mortais. Suas pontuações atingem ainda um tempo medido em eras, possível apenas em planos outros. Considerados loucos, vivem como proscritos. Não entendem como possível que a sociedade consiga aplicar nem mesmo o óbvio, então cospem o que pensam apenas para plasmá-lo no tempo, registrando assim, a arte de pensar o impossível. Senhores de uma hermenêutica toda própria, registram a plasticidade de pensamentos únicos que podem ser classificados de surreal, cuja decodificação do complexo exige outras ferramentas que não se encaixam, ou impossível aos já costumeiros e surrados gabaritos.

De posse disso, parece-nos, depois de anos de observações, das quais resultaram que algumas de nossas colocações; de nossos quereres jamais foram e/ou poderão ser aplicados indistintamente entre todos: que o conjunto planeta/humanos tem um curso pré-determinado.

A ilustração mais acertada para essa conclusão é um braço mecânico, um braço robótico ou no nosso caso: está mais para uma haste mecânica articulada. Em suas movimentações há, obrigatoriamente, limites. E não é possível que estes limites sejam ultrapassados a menos que aconteça o estresse da peça e consequentemente, até, sua quebra, mas, indiscutivelmente, depende do novo ajuste, do concerto desta quebra para que o sistema retome seu curso – insisto nessa obviedade porque, ainda que de posse de parcas ferramentas e ideias não decodificadas, voltamos ao movimento da haste e, ainda que alquebrados, seguimos dentro do curso padrão possível. Ou seja, independentemente da vontade humana, por mais que os marqueteiros, gurus, sacerdotes e falsos mestres insistam que nós podemos tudo, não é verdade. Não é questão de contentar-se com menos, é questão de entender que nem mesmo no menos possível nós atingimos a excelência necessária para nosso desenvolvimento mínimo pessoal como pessoas dignas e decentes. Há um limite para que possamos trabalhar – apurar – com precisão nosso valoroso Eu, porém insistimos em orbitar além de nossas fronteiras particularíssimas; e é por isso que nos tornamos peças inoperantes, capengas ou passamos vidas e vidas em constante reparo.  

Parte desse analisar explicaria a dificuldade de alguns poucos se atentarem verdadeiramente ao fato e não entender o porque da disparidade de interação, mesmo entre indivíduos de um mesmo grupo étnico, ou, aproximando mais, para um mesmo estado vigente dito ou tido como plenamente evoluído apinhado em suas cidades planejadas; a intransigência de o humano se ou auto entender-se e portanto interagir entre grupos diversos tem como única explicação este pequeno curso, e, consequentemente, a não aceitação desse balizamento ainda não percebido, ou seja, o humano é limitado ao espaço/tempo Terra enquanto nele, e nesse ou e, dentro desse espaço/tempo Terra, ele teria apenas que desenvolver – primeiramente entendendo e aceitando-os paulatinamente - seus instintos primais para então galgar outras paragens mais finas; mais sutis, onde por sua vez, haveria um curso maior à ser explorado e assim por diante.


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Da validação das percepções individuais



O radical cético não tem nossa simpatia. Cético o somos também. Erramos em um tempo/espaço quando não é possível atirar-nos aqueles que se pretendem nossos mestres. A menos que tenhamos vencido os abismos entre nós e eles. Porém era preciso que o lógico entendesse também nossos limites no que diz respeito às experiências aguardadas com expectativas, uma vez que estamos sob o efeito da pesada matéria. Significando que alguns caminhos jamais conseguirão; jamais alcançarão uma ponte, uma ligação, uma conexão com objetos que não o podem ser nesse estado conhecido através, justamente, das experiências científicas. Então, aqueles que insistem na via do pensar cartesiano precisam entender; precisam atingir o juízo do acreditar, do confiar, do compreender que, para haver o avanço só há uma solução, um caminho onde, obrigatoriamente, o que não se pode provar por conta da escassez do material aqui disponível ou a nós disposto, precisa ser aceito, devido à impossibilidade de no nosso estado manejarem-se os elementos adequadamente (simplesmente por não existir; devido a impossibilidade de outra solução);esta é a uma forma material de a ciência, abandonando seu maior problema – herdado do homem -; o orgulho, ultrapassar tais nós e avançar com o desenvolvimento tão necessário; aceitar que, de alguma sorte, existem mecanismos desconhecidos, através dos quais, nos é providenciado conhecimentos inexplicáveis que, através de percepções individuais, muitíssimo particulares, o que não pode ser ao cético, atinge o lógos.

*

(de um texto sobre Hans-Georg Gadamer retirado da Net – “Por sua vez, Aristóteles entende a experiência como um pressuposto da ciência. Na tentativa de superar o idealismo platônico, afirma não existir um mundo das ideias, mas apenas aquele da experiência, de onde partem todas as investigações. De uma série de percepções individuais, chega-se a uma unidade geral e, a partir dela, dá-se a passagem para o lógos. Gadamer traz o exemplo de determinada erva usada pelas pessoas para algum fim medicinal, como a cicatrização. Tem-se um dado empírico, mas ainda inexiste uma explicação racional, pois esta ocorre posteriormente, motivada pela generalidade da experiência. Nesse caso, os cientistas apenas investigam e descobrem o porquê das propriedades terapêuticas após conhecerem o dado experimental.”) – Independentemente de o enunciado possuir ou não total concordância com nosso pensar digo então que: no entanto existe uma infinidade de casos onde isso jamais será possível – comprovar cientificamente. Ou seja, parto do pressuposto que, observando o exemplo citado de uma tomada proporcionalmente maior; quando especialistas, em suas elucubrações aporéticas são obrigados a aceitar a cura ou o processo ocorrido sem conseguir provar através dos métodos tradicionais, quando não é possível que os cientistas cheguem a um denominador comum. É aqui então que acontece a análise citada inicialmente.

Insisto que chegaremos a um termo em relação a esse impasse, onde será aceito finalmente na sociedade. Quando todos reconhecerão que alguns indivíduos nascem com "conhecimento" suficiente para fazer tal conexão; anelar a matéria ao ainda desconhecido sem que a estupidez humana e as conveniências das tradições que não avançam seu pensar os considerem párias anormais.


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