sábado, 25 de abril de 2015

Colaborador útil



Lendo uma matéria que faz referência a reificação, onde são analisadas observações de Honneth, Lukács e Habermas entre outros, me pego outra vez em pensamentos digressivos totalmente a parte da matéria em discussão, mais eles procuram o porquê da edição, que demonstra a preocupação presunçosa dos autores/editores em expor palavras que diferentemente de acrescer o pensar útil dos personagens postos, busca suplanta-lo. Quando nada podem além do tentar fútil que arregimenta neófitos primeiranistas e intelectualóides frustrados em cafés filosóficos, do que prender-me a utilidade do pensamento passado.

  A velha máxima dos textos densos e amarrados. Como sempre, deixando a mostra pontos indicativos de leviandade e incongruências, os quais, é acertado dizer, formam um bloco árido e estéril como quase tudo que se quer mais que o material discutido - quando leva as discussões a uma quase total perda de tempo fora das carteiras escolares quanto o gasto ou perdido escrevendo este.

E o que temos a partir daí? Um vórtice eterno em torno do próprio eixo. Todos deveriam saber que as discussões se avolumam em torno de uma solução que não é possível porque não se ataca o ponto, elas não podem ser objetivas devido a não aceitação do que fere a tradição, então; de que adianta todos estes textos – entre eles de ganhadores de Nobel etc. - se eles, qual barco do personagem do Show de Truman não podem; estão impossibilitados de seguir além da parede de nuvens maravilhosamente pintadas?  

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Entendo que, de alguma forma que beira o instintivo ou mesmo respeitando a obviedade do momento histórico, ainda que desatenciosa devido às urgências as quais nos atingem sem a devida explicação, o mundo assume determinadas posturas, naturais ou obrigatórias a este estado momentâneo descrito, e assim se mantém, devido ao preço, as energias, despendidos na mudança, sem reavaliar – ou relativizar - com atenção a realidade de que: as realidades não são perenes. Mudando, deformando sua natureza para o bem ou para o mal, como no caso do capitalismo, e então ficamos todos na dúvida se isso foi bom ou ruim; mas este é somente um exemplo.

A partir de então, como coloquei, a natureza humana, somando uma série de pontas ou pontos, assimila a descoberta, porém o faz de tal forma que não questiona; não pensa; não avalia – trabalhando em um pensamento imaginário - como poderia ser se fosse diferente, se voltasse ao início, quando, por outro lado, não pode mais se arriscar em outro caminho que não o escolhido, e então o incorpora, assume radicalmente, impensadamente o novo, esquecendo-se de tudo, alienando-se, confiando (confinado), se entregando a esse novo sistema preguiçosa e negligentemente.

E quem pode, porém, acreditar que existem aqueles que não mudam totalmente, e conseguem olhar ainda acima das cabeças pensantes que precisam manter o sistema atual!

Conservando algum nível de pureza, estes, pensam, também, por sobre todos aqueles que não são pagos para isso. Desta feita, estes poucos privilegiados que ainda que trabalhem; que caminhem com o todo maior nada podem fazer, porque ficam parecendo completos estranhos ao não concordar ou discordar da forma como foi/está sendo feito, parecendo alheios, porém, nada desatentos ao fato de que a natureza sistêmica assim não entenda... não observe, não aceite, não...

Mimetizado ao meio socializado, observa que tudo vem sendo aceito comodamente ao longo da história, e esse comodamente nada tem de revolucionário. Tem a ver com comodismo, com o não incomodar-se, com o deixar que os outros façam o que não se tem coragem, (efeito dominós já incorporado) vontade ou iniciativas para tanto, ou até mesmo de questionar, levantar questão onde, ainda que em nada resulte, poder assumir uma postura de não convencimento, de não aceitação, mas principalmente, de atenção.

Na maior parte das vezes, a discussão não é uma opção, porém, nem por isso deve ser abandonada a opinião pessoal nascida da observação crítica construtiva devidamente calibrada.

Quando não se tem poder sobre o que não é suportável, porém está-se a essa aceitação obrigado, resta o desconforto - consciente ou não - com essa aceitação passiva, e suplantá-la, ao buscar no pensamento inteligente, formas de ações e práticas positivas durante este período de reclusão; antes, devemos pensar a prisão como um momento de liberdade para a interiorização útil.

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A premissa, novamente, aqui é: a não aceitação – incomodar-se novamente, de uma vez por todas ou pela primeira vez, e realmente; com o que está incomodando. Dado isso, encontrar a ferramenta mais acertada, algum mecanismo que faça com que o foco seja mantido sobre as questões primordiais; e a partir de então, providenciar o questionamento, a contextualização que incomoda; que intervém no estado. Mudando, transformando a condição de cidadão que não procura a guinada, ou que, assoberbado por escolhas distorcidas, entende que domar o agitar-se da natureza já lhe é suficiente, por tomar-lhe momentos preciosos de comodismo e distrações.

Então, qual é a hora de reavaliar, de contextualizar o caminho escolhido? Qualquer hora. Toda hora. E como; se isso não é mais possível! Como, se é muito mais fácil, como este texto, apontar que não foram feitas boas escolhas e aceitamos com alegria aquelas que vêm nos destruindo?

Primeiramente, aceitando isso. E aceitar que não concorda com o todo entorno, e então buscar interiorizar-se e, de forma alguma externar esse novo pensamento. 

Não é mais possível, era preciso entender de uma vez por todas que não é mais possível concertar a natureza assimilada do grupo, mas é possível modificar-se frente ao grupo. Já foi negritado que: quase nunca, a discussão é a opção mais acertada. É preciso compreender isso. E como resolver todo ou parte do imbróglio sem ela; introspectando-se.

Assimilada essa tese, onde devemos entender ou jamais esquecer que o todo maior será sempre superior ao indivíduo, porém, em contra partida, como é um todo nós somos ele e vice versa, ou seja, independentemente de o que você for fazer, - administrado com inteligência - para aprimorar seu estado de espírito, será válido. Será preciso procurar caminhos individuais que levem a evolução pessoal; ao acomodar-se individual que é muito mais fácil hoje, afinal o homem acomodou-se por si só, no todo social. Agora é preciso sair do bando e procurar um canto onde o ser pensante consiga promover a sua revolução individual interna, acreditando que é possível, através do individualismo consciente, aquele onde respeitamos o externo e necessitamos do externo, fazermos exatamente isso: utilizá-lo apenas como uma ferramenta; como uma base de apoio à nossa evolução solitária. Isto nada mais é que, sentir-se, estar assumidamente e conscientemente preso, otimizando o agora.

  Como assim, individualismo consciente??? Afinal, não aprendemos que não se deve dar vazão ao egoísmo. Sim, mas, hoje precisamos assumir, definitivamente, nosso egoísmo; que somos egoístas. Que vivemos em sociedade, porém, que preferiríamos, em muitas situações, o silêncio e a reclusão, a usarmos ou quando ainda usamos as mais variadas máscaras tentando manter o riscado exigido pela sociedade impingida, impregnada no nosso eu nada social - a determinadas sociedades. Portanto, é o próprio meio que nos dá o salvo conduto de trabalhar, de aperfeiçoar positivamente nosso egoísmo, nosso individualismo, nosso eu único, até que o transformemos, em colaboração com o todo a partir de nós mesmos, em um novo colaborador, definitivamente, útil.


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