sábado, 11 de abril de 2015

O Amor é preto



Todos os outros sentimentos se anulam frente ao Amor. O Amor faz o papel que o preto faz na cromaticidade, na ciência das cores. Cientificamente falando, o preto, o negro é a ausência de cor ou também, a junção de todas as cores; o Amor é a ausência de todos os outros sentimentos. Ele por si só se basta e abarca o viver do ser sem que este externe outro sentimento que não o Amor à frente de todas as suas ações. 

Atingido o Amor há a plenitude. Em uma representação análoga, todos os outros sentimentos que conhecemos a partir de então, aplicados sob o efeito de nossas mentes havidas são, automaticamente, aniquilados quando alcançamos o Amor incondicional.

Pode ser difícil de fazê-lo, ou seja, entender esta proposta sem um exemplo. Principalmente porque alguns de nós; jamais amou verdadeiramente.  Mas, peguemos, por exemplo, o modelo emprestado de alguém próximo, e fácil a todos. Se não for possível isso, apenas, por enquanto, acredite, pois, ainda que seja você um sujeito digno de pena por não ter experimentado amar ou ser amado, merece, mais do que ninguém, entender isso, ainda porque, você não irá escapar disso, o que digo é que, todos nós; mais dia menos dia seremos somente Amor.

O exemplo é bastante simples.

Tomemos uma mãe com seu bebê. Um bebê planejado e esperado; perfeito e completo. Tente entrar, vestir essa mãe, tente absorver os sentimentos maternos dela. Desfaça, neste instante, todos os humores que possam torná-lo uma pessoa abjeta ou desprezível; não deve ser muito difícil – ambas as ações. Então, imagine-se ela, e, de posse disso; force até essa mãe, uma pessoa que é todo estado iluminado devido ao filho desejado, ter para com o bebê um sentimento outro que não o amor mais puro incondicional e desprendido que se possa conceber. Você consegue fazer este exercício? Acredito que qualquer um de nós consiga, porém o que acredito ser extremamente difícil para não dizer impossível, é que você consiga construir mentalmente um exercício próximo ao crível, aramado de sentimentos de aversão, de desdém de desapego, ou de desleixo para a criança. E observe que usei uma série de adjetivos, mas em nenhum momento usei o ódio, e isso foi de propósito, afinal seria muita covardia exercitar o ódio nesta cena, - até porque, tal nível de construção, somente poderia nascer de uma mente doente; o que não é o caso de trazê-la para esta experiência. Assim, esse arquitetar, independentemente da força contrária a ele ou a essa ideia, definitivamente, não tem a menor chance de acontecer. Em condições de normalidade, não é natural conceber minimamente a possibilidade de uma mãe alimentar qualquer má vontade a este ente indiscutivelmente querido, perfeito, e totalmente puro.

Vale lembrar que esse é um exercício de percepção, ou seja, por mais que existam aqueles de partidos contrários a que esse vislumbre possa tornar-se possível, ele continuará fazendo sentido no que representa.

Agora, continuando, direcionemos nosso pensamento para outro ponto – essa é apenas para aqueles que não sabem o que é isso: é possível acreditar que somente às mães, - e para sempre - será dado o privilégio de amar nesse nível conhecido? Quero acreditar que não, assim como, que todo o plano deve caminhar para a construção na qual todos nós um dia sejamos parte desse Amor incondicional. As mães são as privilegiadas agora, mas isso se deve ao fato de que nós, filhos, deveríamos passar por isso, e a partir de então, entender todo o processo. As mães, na verdade, fazem o papel de disseminadoras da Semente do Amor Incondicional, e aqui está o segredo da responsabilidade de toda mãe.

 Por conta disso, é acertado afirmar que, atingido o Amor Verdadeiramente Incondicional, todos os outros sentimentos alheios a Ele desaparecem, e também é por isso que jamais devemos ser culpados por nossa ainda estupidez de olhar para qualquer outro ser vivo com algum objetivo torpe, justamente devido a esta estupidez. A estupidez é um estado de espírito, é a falta de amor, é a inveja, é o desconhecimento, é a ignorância, é o medo e é justamente esse medo, somado ao orgulho, que não permite que aquele que ignora entenda nem mesmo estas palavras, muito menos o amor. E então ele pensa a perpetuação da infâmia e da contrariedade, e aqui estou utilizando a palavra “pensa” porque o pensar é mental e o amar é sentimental, vem da alma do espírito, da conectividade incessante e ininterrupta com uma energia maior que, uma vez atingida jamais cessa, porém, o que viemos fazendo ao longo do existir é suprimindo-a com nossos pensamentos contaminados.

É possível a alguém que não ama chegar ao Amor; porém jamais existirá alguém que amou de verdade voltando-se para o ódio. Isso é simplesmente impossível. E é justamente por isso que assistimos ainda, uma série de covardias, mesmo contra pessoas que somente tem Amor no seu coração. Porque elas entendem os covardes estúpidos, já eles as querem destruir. Porém, os primeiros também entendem que não há destruição uma vez no amor, porque, ao atingirmos o Amor entendemos que tanto quanto o Amor não pode ser jamais destruído, diferentemente de seus sentimentos antagônicos, quem ama atinge também a condição de indestrutibilidade. Ele será então para sempre tal qual o sentimento escolhido.


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