sábado, 30 de maio de 2015

Evitando expor-se



O Mestre Zen e suas lições.
Cinquenta/cinquenta;
 não sofre você por não expor-se;
 não sofre o outro por não saber onde atacá-lo.
Ganham os dois.

*


A vivência contrita nos ensina a calar nossas necessidades e/ou contrariedades. Acalmando assim a ânsia do inimigo que tende ao sabê-las, disso aproveitar-se. De alguma maneira, com isso - a partir deste silenciar - sofremos menos, porém o real significado deve sempre propor-se a que, ao não fazê-lo, fazemos com que, ao não nos atingir, ele mesmo, evite contrair divida maior à sua alma.


071.i cqe

Corporativo


Quem pensa que não está só; só está nesse pensar

Ele não sabe de nada, porém lá está; por um destes tantos acasos políticos ou por conta de ajustes ou conspirações univérsicas tão alheias quanto a nós desconhecidas que conduzem “indevida” ou “acidentalmente” todo o desavisado. Ele quer, mas apenas isso. Não sabe o que. Amparado por seus iguais superiores no que se refere às quatro paredes, é suportado; no minúsculo cubículo que os contém. E segue-se a rotina burocrática.

Aqueles, conhecedores maior do riscado, vão aos pouco deixando-o, seguindo cada qual as oportunidades que invariavelmente atingem partidários de interesses comuns; e paulatinamente, nosso desafetado personagem vai tomando posse do reservado inóspito e inerte, até que um golpe de sorte o atinge e então, como aqueles que sabiam que ele nada sabia e também, nada fazia para isso mudar, mudaram. Outros que a realidade segredada dentro dos biombos desconheciam, dão a ele oportunidades que nem a seus antigos colegas seria correto fazê-lo.

Agora sim, mais esnobe do que jamais fora, distribui sorrisos de desdém entre outros pares que não precisaram ser consultado à promoção indevida, ainda que continue esquecendo que, com ele, nada mudou. Seu estilo lesado, agora a frente, - fama que o antecede -, não esconde o que ele sempre foi.


070.i cqe

Pavimento sólido


O que é a evolução, realmente?

É preciso respeitar o passado, porém é ainda mais correto entender que um grande homem do passado continuaria o sendo hoje ao rever entendimentos que o tempo obrigou à dispersão. Seria desrespeito a um valoroso cidadão, imaginá-lo ainda refém de pensamentos que a evolução do pensamento descartou, ainda que esse descarte tenha pavimentado o novo. O ter sido não necessariamente obriga à continuidade; porém esta tudo deve ao que foi, e somente é, devido àquilo.

Ilustrando. Voltaire possuía uma ideia contrária à oração; e ele não estava errado de tudo à época. Afinal, se Deus é todo poderoso, para que Ele precisa de oração? Esse parecia ser um de seus motes com relação às nossas súplicas segundo estudiosos do eclético escritor.

O patriarca de Ferney partia do princípio que tudo é imutável, então, se tudo é assim, pronto, por que dirigir preces a Deus? E também, nós suplicamos a alguém uma mudança, apenas se o entendemos dobrável, ou seja, em algumas situações, quando solicitamos uma petição a nosso favor, entendemos que nosso argumento vencerá o lado a ser convencido, ainda que nem mesmo nós disso estejamos. Apesar da complexidade desta ideia, Voltaire acertadamente, porém não de forma abrangente, entendia que, se confiássemos em Deus, e O entendêssemos como O Criador Perfeito, não há nada a argumentar ou refutar Nele ou com Ele, através de preces; e, por último, falava Voltaire, “façamos nosso dever para com Deus, sejamos justos. Esta é a única oração verdadeira” – isso por si só é uma prece.

Então por mais que fosse um homem adiante dos demais, não possuía, é natural, a clareza com que podemos concatenar pensares para perceber que novas opiniões e conhecimentos possam nos proporcionar uma razão mais acertada a respeito de temas em comum hoje. Por exemplo, para estudiosos do assunto, é natural que a oração sirva mais ao propósito de um mantra, isso por si só derrubaria por terra toda a argumentação do pensador francês, porém não era possível que ele possuísse tal entendimento no século XVIII. Precisamos entender também a quem o filósofo se referia, poderia ele não estar falando de forma abrangente; ou clara, por motivos óbvios sobre observações ou considerações sensíveis à época, mas enviando recados ao seu entorno ordinário.

Conhecido também por sua verve satírica, nem sempre é possível extrair e traduzir pensamentos sérios de aforismos inteligentes e rasgadamente bem humorados, ou como apontam seus biógrafos: sempre contrário ao establishment reinante; como então decifra-lo a contento? Destarte, tanto é importante quanto sensato não carregar nas medidas de um personagem tão distante. Seria muito melhor tê-lo, respeitosamente, como um ser positivo, porém, jamais acreditá-lo uma mente que continuaria retrógrada e anelada a sua era, tão disforme aos nossos avançados tempos atuais – apesar de nossa visível contrariedade aos excessos dos novos tempos.
   
Porém, esse não é o ponto, nem nossa meta aqui pretende untar ainda mais um ser repleto e merecedor de todas as coroas e honrarias; dos mais nobres perfumes que possa nascer de uma escrita rasgadamente encomiástica, muito menos macular em uma vírgula seu riquíssimo legado. Usamo-lo tão somente para ilustrar um pensamento.

Encontramos neste valoroso defensor da justiça a oportunidade de voltar a um de nossos temas recorrentes; o receio, o medo que envolve alguns eruditos em rever opiniões, ou, ao menos calar-se diante da evolução que destrói argumentos ultrapassados.

O que é condenável, voltamos a observar, e concede peso maior à torpeza; àqueles que ainda assim agem. Quando preferem continuar seguindo ideias e construções ultrapassadas como um salvo conduto; um aval retrogrado ao abraçar a defesa real de uma tese atrofiada ainda que há muito tendesse a valores e princípios; no intuito de mantê-la revigorada; quando sabe que, se abandoná-la terá que dispor dos créditos falsamente acumulados. É certo que Voltaire, homem distinto e apartado do pensamento comum, não manteria algumas de suas opiniões se sobrevivesse aos tempos de hoje – vai longe aqui qualquer veia especulativa. Afinal, as descobertas servem para isso, repensar conceitos e avançar. Porém neste parágrafo o abandonamos, o deixamos de lado; não o misturando a qualquer outra classe de gente.

A verdadeira evolução não pode aceitar o que já foi superado; o obsoleto, como lei. O erudito arcaico deve servir, no máximo, como uma ferramenta, no mais das vezes, apenas como algo totalmente extinto, o exemplo a não seguir. Isso é evolução, abandonar o que um dia foi. Respeitá-lo, sempre; aplicá-lo, não mais.

Era preciso entender que, não é devido ao fato de que alguns dos nossos exemplares modelos humanos, em seu tempo, defenderam determinadas ideias; que as manteriam para sempre, porém é mais importante ainda, não nos deixarmos levar por pensamentos sem a devida contextualização que o tempo obrigatoriamente cobra de nós a mudança, e ainda menos, manter-se aliado a qualquer pensamento que dite o contrário, para que não caiamos nesse fosso do, ruminar o velho; o arcaico, o, a muitos, extinto. Para que isso não aconteça, precisamos exercitar nossa inteligência.


069.i cqe

Ser Feliz




Se não fosse como foi
não seria como é.




068.i cqe

sábado, 23 de maio de 2015

Vidas e Teses e Pontes e Continuidade...



Invariavelmente, homens verdadeiramente inteligentes e donos inclusive de apurada consciência crítica, são atacados por sofrimentos atrozes ao final da vida. Onde não é demais afirmar que, com certa constância, esse desconforto, perpassa em grau ou distância o que ataca seus iguais que desfrutam de uma vida normal; seus personagens de estudos. Justamente pelo motivo de que o conhecimento humano não atinge as verdades que formam os elos necessários a suplantar a matéria, portanto, não sendo possível solidificar teses defendidas arduamente, - até além do estado sobranceiro, hospedeiro quase natural que mantém ativa discussões ultrapassadas - ainda que a vida os arraste levando-os até que eles próprios e seus tempos caduquem.

O sofrimento do homem que conhece é infinitamente mais dilacerante que a angustia vã do incauto. Este desiste; o primeiro jamais. Mesmo intricado em dúvidas insanáveis.

Enquanto caminhamos rumo ao desconhecido, construímos ou não, com nossas descobertas e vivências, uma espécie de ponte. Daquelas, possíveis apenas de serem visualizadas durante a construção, em documentários. De dimensões infindas, avançam centímetro a centímetro em um espaço vazio – em um nada - jamais explorado. Com a diferença de que, na resultante da busca; dos estudos; do conhecimento; não é possível visualizar a outra margem.

Alguns imaginam o que há além, somado ao que se contenta e se agrada no que ditam outros que nisso se comprazem, os sustém e se sustentam. Suas construções são frágeis, porém eles disso não desconfiam. Acreditaram em seus idílios ou no que ouviram nas ruas que, por sua vez, é repetido nos templos que conhecem o jogo das palavras.

Esses, de crenças assumidas, vão-se, mas ninguém nunca soube sobre eles, porém para aquele que pensa; tudo é transformado em dificuldades, através da sã aparência. Nada os convence de que as páginas escritas originalmente são exatas, - tanto por entenderem de manipulação como por jamais terem se interessado por elas - contudo, seu aprendizado levou-nos a um eruditismo que, por mais aplicada que tenha sido a pesquisa, por mais ampla, por mais extensa, falta-lhe um elo. Falta-lhe um desfecho que não apenas convença, porém, que o faça acreditar. E este é seu segredo sepulcral; a solidão do incansável estudante solitário.

Por defender determinada teoria durante toda uma vida; a mente, que caminha caminhos indecifráveis, incorpora a exclusividade da ideia defendida na busca como uma verdade, porém, isso não lhe dá garantia plena post mortem, ou pior, ao atirar-se em estudos, em defesas ferrenhas, esqueceu-se, o aluno, que a vida, o caminhar, não poderia ter se resumido apenas a isso se antes não atapetou seu andar por alguma senda acética de transcendência à matéria. E como castigo, a mesma mente cética, traz agora – ou somente agora -, a questão do depois.  

Isso jamais será dado ao homem – porém essa verdade transformada em cisma não o contém. O homem nasce fadado a confiar que, justamente por encontrar-se só, ele jamais está só, contanto, somente há um caminho para esse atirar-se; é a fé, assimilar a força da fé que não nasce apenas da inteligência, do conhecimento, da sabedoria. Esses todos; são ferramentas que farão com que ele, ao chegar à cabeceira da ponte inacabada, - e graças a Deus assim sempre será - entenda que há apenas uma certeza a partir daí; o salto. Todo aquele que levar sua ponte com dedicação e desprendimento até o seu derradeiro suspiro poderá ter a certeza de que a construção foi ao seu máximo e depois dali só precisa saltar. Chegou-se ao limite possível e esse é o limite de cada um para acessar o infinito desconhecido – ou seja, continuar seguindo.

Digo que isso é maravilhoso, ainda que assuste até mesmo os homens de fé, porém é mais difícil àquele que viveu a ilusão do estar confortavelmente instalado.

E por que o homem que sabe não faz isso? Por que ele apenas sofre? Porque ele continua pensando; ele acredita que seu conhecimento é – deveria ou terá na hora derradeira - a resposta. Que sua inteligência é a resposta, porém não é questão de acreditar, a palavra é confiar. E estas ferramentas que lhes foram dadas deveriam ter sido utilizadas também para isso. Para assimilar o abandonar a mente que tanto valor tem. Mas, para cessar o sofrimento ele terá que abandonar, momentaneamente, todo o conhecimento que não serve mais para nada agora, e então dar o salto buscando a outra margem que nada mais é que a continuação do existir. É mais difícil para o estudioso compreender isso, quem mais tem sempre terá mais medo de perder, o que nada tem se atira, esse é o segredo, mas todos ficarão bem de uma forma ou de outra.


067.i cqe

Messia nato



Por ser natural nos discípulos que carregam um misto de egoísmo e disciplina assumidamente envolta na síndrome do “coitadinho de mim”; sempre se entendendo o foco. Imaginei que o mestre estivesse envolvendo suas palavras em códigos, para mais uma lição exclusiva, porém nada positiva aos ouvintes, mas logo isso se mostrou nada provável. Ao final, após examinada a consciência, novamente ficou claro que eu não passava de mais um na audiência:

Cansado, porém jamais desanimado, fez uma alusão afirmando que vive hoje como se procurasse salvar alguém que se afoga. E lembrou-nos; quando uma pessoa está vivendo a ação de afogar-se, ela, nos seus estertores, procura agarrar qualquer objeto possível que lhe dê a sensação de segurança. É por esse motivo que existem técnicas para fazer o salvamento. Muitos, pretensos heróis, morreram tentando, justamente porque foram traídos por falta de conhecimento sobre a existência desta prática.

E continuou

 “Entendo que é assim que vivo hoje. Como se procurasse salvar alguém que se afoga, porém, não é possível que o desmaie com um soco na cara – existe esta técnica - e o arraste para um lugar seguro. No máximo que consigo é debater teses enquanto ele se debate tentando manter-se “em determinada superfície por ele escolhida” buscando a todo custo agarrar-se ao que pode, enquanto sua insanidade se constitui de ânsias de sobreviver que apenas o está afundando ainda mais.”

“No entanto, afirmo veementemente que; está muito mais fácil afundar nas águas escuras, morrendo abraçado aos náufragos da vez, que encontrar alguma técnica eficaz que os resgatem para a luz.”


066.i cqe

Alice Maria


Uma homenagem a pureza; 
sempre buscada 
porém ao alcance 
apenas dos gênios.






Ali eu nasci
Ali na Bahia
Ali conheci
Alice Maria

Ali o amor
Ali se formou
Ali o amor
Ali se acabou

Alice Maria
Alice Maria
Adeus ao amor
Que ali se partia

Raul Seixas

Contribuição da Minha Sempre Bem Amada


065.i cqe

sábado, 16 de maio de 2015

Problematizando a vida



Atacamos ou não o problema da vida sem nem mesmo identifica-lo. Nós não temos realmente um problema até saber que o temos. Na verdade esse é nosso problema real que antecede o problema que ainda não percebemos. Somos livres e poderíamos simplesmente desfrutar a vida, porém nossa cultura insiste em problematiza-la.


064.i cqe

Wormhole

A ideia é apontar o que a muitos nem ao menos é digno de nota, pelo simples fato de não entenderem que em algum tempo compreenderão que minha prática agora, no seu tempo futuro, sim, faz todo o sentido.


063.i cqe

Reverso perverso



Suas expressões, ao fazeres a leitura de alguém, podem; inequivocamente comprometê-lo naquela que fazem de você, se negligencias a quem o faz.


062.i cqe

Cepa letal


Antes era o medo.

O nobre deu-nos o respeito;

porém a fraqueza do homem mostrou-se mais forte,

e ele automedicou-se com a política.





O olho vê 
mas o cérebro não lê

*

O homem em sua esperteza rumo à construção via destruição inconscientemente inconsequente, cujo resultado é desconhecido e nos parece, condiz somente com sua ânsia cega que apenas o divisa como um ser único e perfeito. Crente, que sua inteligência capenga continuará levando-o além, porém, essa autossuficiência megalômana continua direcionando-o sem que o perceba, sem entender, ou sem preocupar-se se hão outras possibilidades menos rápidas e mais acertadas de soluções ou respostas.

*

A política instalou-se no estado de forma vil. Em todos os eventos; ao longo da história este quadro vem se desenhando, onde, é a política, assenhoreada de todas as mentes; como um organismo silencioso e imperceptível, quem dita as normas.

Política do poder, do interesse puro e simples, generalizado, do conluio, do apadrinhamento, do nepotismo; na política em si; na cultura, na sociedade como um todo.

Não há mais a observância pura daquilo que existe nascido na habilidade, do nato, do construído com amor, com esperança.

Tudo precisa e passa automaticamente, quase naturalmente devido a nossa cultura erroneamente assimilada, pelo crivo da política.

Sem medo de errar, podemos afirmar que a política nossa, construída a nossa imagem e semelhança, à imagem do medo, da fraqueza, da insegurança, da falta de amor próprio etc., mudando; transformando perspectivas ao longo dos anos, não apenas de políticas como do homem que em tudo interfere. Tornando-a assim no verme do verme homem que, apesar de possuir o dom da criação, vem, paulatinamente, mesclando esse poder incontestável, que se mostra superior a cada século, mimetizando-se e somando com o poder vil da política. Transformando-se, deixando mais à mostra seu lado nefasto de destruição; ou da construção que antes, destrói, ainda que mostre o contrário.

*

A política transformou-se em uma bactéria, um vírus, ou mesmo um verme; todos carregados da vil e horrenda cepa da nocividade que retroalimenta e transforma o humano nato em verme humano distanciando-o de sua intenção mais pura; de sua essência.

*

Dará conta, a política, dos problemas que a política causa?

Tem-se a falsa impressão que em algum final a política dará conta de todos os problemas que se acumularam justamente por conta dela.

A má política é uma cepa letal que precisa ser erradicada.

061.i cqe

sábado, 9 de maio de 2015

Da série; “Construa que Ele virá”



Caso você construa de uma forma única, é indiscutível que o universo transfira sua ação para determinado espaço intocável à destruição, e totalmente acessível ao Plano Maior da Construção.


060.i cqe

Frequências


As diferenças sutis ou não, obrigatórias, de pessoa para pessoa nem sempre acontecem dela para o objeto, ou vice versa. Nem sempre é uma questão de escolha mental. Afirmamos, invariavelmente, que não gostamos de determinado grupo musical, de ópera, de arte de rua, de romance, ou mesmo de uma determinada língua, por exemplo, por entendê-los todos, ainda que na sua distinção: iguais, parecidos, não diferentes, a mesma coisa, mas esse entendimento não condiz exatamente com a realidade e se estende a todos os sentidos humanos.

A opinião alfineta: “a música daquele grupo gira em torno, sempre, dos mesmos acordes, não muda”, ou se compraz: “é um grupo diferenciado; basta ouvir apenas um acorde e sei que são eles que ouço tocando”, e ainda outro, comentando que a pincelada de determinado artista é inconfundivelmente única, quando o desentendido nada enxerga, ou tão somente sente-se agradável, com a harmonia da obra.

A ocupação árdua e continuada acessa uma espécie de conexão que, depois de atingida, por motivos de não dispersão, ali caminhará para sempre, justamente porque houve a assimilação necessária ao processo, obviamente. E concomitante a ele, porque a todo aquele que a excelência, após incessante procura, se revela, quando a partir de então descobre que a melhor maneira de aperfeiçoar seu trabalho é manter-se aprimorando no caminho escolhido. É fato que vem daí o resultado que gera a igualdade para o apreciador externo aleatório; e a diferença sutil, obrigatória, ao bom apreciador que qualifica o resultado final no curso de uma fidelidade aceitável a um nível determinado que foge à compreensão do primeiro.

Funciona como se fosse criado um espaço paralelo invisível, uma região, um sítio particularíssimo e totalmente impenetrável ao todo desentendido, mesmo que, se pudéssemos assistir de fora essa transformação, entenderíamos que por mais próximo que eles estivessem nada perceberiam. E essa proximidade é justamente o envolvimento da pessoa alheia ao processo no processo. Por exemplo, no caso da audição, ao passar por um ambiente sonorizado, determinado ouvinte que não apurou seu ouvido para o Blues que toca no momento, irá torcer o nariz para a música, ainda que esteja transpassando o paralelo do Blues.

Olhando; observando desatentamente, parecem, na sua individualidade, e isso é fato que, a brutalidade de olhos destreinados enxerga que as artes, visivelmente ajustadas à ponta de cinzel, foram finalizadas expondo um que de igualdade que foge a compreensão não treinada, não afinada, quando é sabido; suas diferenças sutis residem exatamente na igualdade que grita o contrário ao apreciador exímio. Podemos daí afirmar que essa aparente homogeneidade não encontra no externo comum não análogo, conformidade com as sensações verdadeiramente atingidas.

Por conta de distorções ou assimilações equivocadas, muitos, ao final, se comportam qual ser dominado por ânsias generalizadas. Demonstrando que desconhece tanto a si quanto a seus universos habitados, e esses, anotam como ruídos idênticos; inidentificáveis, construídos ou constituídos, a massificar toda a qualidade, qual língua estranha em seu som uníssono continuado, quando assim não é.

O não acesso gera o criticar atropelado, afinal, tudo é uma questão de frequência. E, assim que aprendemos; que desenvolvemos o aprendizado e adquirimos conhecimento sabemos. Descobrimos que aquela continuidade, aquela igualdade possui códigos especiais com propriedade unicamente decifráveis; absurdamente diferentes, no entanto, harmônicos e importantíssimos àqueles que a tal frequência única e impenetrável ao externo revela apenas a sua excelência; a sua beleza; tão exclusiva quanto o trabalho desenvolvido para acessá-la.


059.i cqe


O óbvio precisa ser dito?



 O ensinamento transformado em
insight que atinge enfim a mente aberta.

Questionei, e então o mestre; antes mesmo de finalizar a frase, pela enésima vez percebi que não deveria tê-lo feito – o caminho do aprendizado é longo e árduo. Porém era tarde; apenas esperei a lição que ainda uma vez mais viria envolvida em palavras e tons que me arremetiam ao impaciente ingênuo; imaginando quanto ainda assim seria!

“Dizer o óbvio sem assim parecer é a luta daquele que sabe, ainda que disso ou mesmo de todo o processo, poucos pouco ou nada saibam.”

“Ainda outra vez repito: tudo já foi dito. Uma parte de nós que insiste em seguir ruminando alguns códigos, mais são vistos por aqueles que já desistiram, como se estivéssemos envolvidos nas auras do esnobe.”

“Diria então, que revolver o óbvio é um risco de, sobre isso ser questionado; afinal, chegará um tempo em que tudo será esclarecido e, aquilo que hoje parece original, ou novo, será percebido como simplório ou mesmo, bobo, por maior que seja a verdade ali escondida.”

“Mesmo porque, a máxima de que o tempo é senhor de tudo continua mais viva do que nunca – o que chamo de uma premissa sábia abandonada. No entanto, não há como aproveitar o fruto se a hora não é chegada. E tudo gira em torno dessa obviedade, desse padrão surrado. Há algo mais monótono aqui que disso ocupar-se por séculos a fio?”

“E, ainda que pareça inacreditável, precisamos usar também nós, a ferramenta polêmica do ‘é assim que funciona’. Assistindo um filme, ouvi dia desses uma frase bastante interessante, dita por alguém que sabia o que estava fazendo, a seu aprendiz; ‘uma vez aprendido faça e jamais se explique’. É claro que, como em tudo, precisamos entender o contexto. De alguma maneira essa dissertação explica que não estou pronto, afinal, ela, por si só, é uma espécie de justificação.”

“Aquele que sabe, e trabalha com seriedade, reluta em continuar explanando, mesmo o que a muitos é estranho, por também saber ele, que muitos dos seus conhecem tanto quanto. E a vida continua. E também que certos costumes marotos são copiados e utilizados quando e onde menos se espera.”

“Reforço então, que, ao final; também temos nossas expiações, como dizem vocês, e, aproveitando esse palavreado último: devo também, ter jogado pedra na cruz”.


058.i cqe

O poeta poetiza











O peta não escreve, poetiza.


O poeta poetiza

para o seu

e não para o prazer alheio


057.i cqe

Das cadeiras da Filosofia para a House Music



Anotou no guardanapo, o que considerou uma asneira; antes de tê-lo dispensado após ferrenha discussão. Porém, disse não ter conseguido decifrar até então, o significado.



“Costumo dizer que deves decifrar-me, e devorá-la-ei, porém, também o farei, se chegarmos a um consenso.”




056.i cqe


sábado, 2 de maio de 2015

Relembrando Rui Babosa

Quem está caminhando para fora da caverna; nós, ou nossos detratores?

A maior dificuldade quando, como princípio, busca-se associar a valores reconhecidamente honestos, é fazer-se compreender como tal em meio à hipocrisia. O hipócrita não acredita na existência de alguém com tendências reais ao probo; para esse, ser como é, é que é ser normal.


055.i cqe

#não às compras

A conformidade sem questionamento eficaz gera a alienação.

“O que preferem: o rito ambiental ou trazer água para a população?”

Secretário Benedito Braga

Este é o mote do que vivemos/vivenciamos hoje; como nos aproveitarmos de um momento caótico, criado por nós mesmos no passado, e então, o que não era permitido, agora se faz urgente! Este é o processo, tudo em caráter de urgência, de medidas protetivas ao que antes não se era possível ouvir falar; não era permitido nem ao mesmo tocar. Agora passamos por sobre toda e qualquer leis de meio ambiente, éticas ou sagradas para salvar a população ou interesses, devido aos desmandos do passado.

Como exemplo, as medidas de liberação de verbas do governo diante de catástrofes e urgências de toda ordem; não existe fiscalização alguma agora. Pegamos o que for possível para salvar o estado eminente e depois veremos por que isso tudo se deu quando sempre o sabíamos; assim como o sabemos que ninguém irá pagar o prejuízo a não ser, todos (aqueles que não sabem disso).

E tudo isso são favas contadas, mais do mesmo. O que deveria indignar é o fato de que não há a mudança; não há a conscientização; não há o convencimento real de que sempre foi assim e é justamente por isso que assim continuaremos.

*

#não às compras

Somente existe uma forma de pressionar o governo, é não mais ir às compras. Viver com o básico de um regime de guerra, batata, feijão e arroz – aproveitar que o custo de vida está alto, então, o faremos com a ajuda do próprio estado. Esta é a maior agressão que nosso governo pode receber, e nada será fora da lei. Sem recolher impostos, e a economia em frangalhos, com certeza eles terão que ouvir a população. Sofreremos? Sim, muito, mas será apenas por um período, do contrario, será um arrasto eterno.


054.i cqe

Cultura Hiatista

O que é facilmente permissível voltando-se contra o próprio indivíduo 

Em conversa despretensiosa com determinado colega, surgiu à curiosidade – e também preocupação - com o aprendizado fácil, rápido e perigoso disponível hoje a todo aquele que tende à continuidade do assunto em outras rodas. Quando não se resume apenas a um trabalho escolar que passará pelo crivo de alguém superior em conhecimento, mas principalmente a seu meio dominado e conhecido, onde a informação, muitas vezes equivocada, será disseminada como verdade.

Laicos contemporâneos que aprendem através de ferramentas de busca como o Google, por exemplo; ou de informações, notas ou notícias rápidas sem o aprofundamento devido nos assuntos. Mais por conta de nossos tempos de excessos. Sem observar; não se atentando ao fato de que, ao fazerem, nem sempre sabem exatamente como ou aonde procurar. Investigando assim, inadvertidamente, sítios que inidôneos ou donos de culturas tão iguais ou ainda piores que a do pesquisador; nada pagaram ou até mesmo receberam para disseminá-las. Então, devido à falta de conhecimento verdadeiro, julgam estar corretos mais por orgulho e menos à noção mínima de ciência, quando nada possuem para haver a conexão entre as teorias; condição única a obter-se algum vestígio de hermenêutica válida.


*

Hiatista vem de hiato, entendendo que existe, neste grupo, um hiato entre seus pensamentos – simplesmente eles não coadunam entre si - e não há o que possa juntar seus pensamentos desconexos, porém vendidos como aceitáveis.


Da série; inflacionando os ismos

053.i cqe