sábado, 25 de junho de 2016
Exercício
De algum
modo todos chegaremos a uma conclusão de que o melhor a fazer é ceder. Aos pais
– isso deveria ser obrigação -, às leis, aos patrões. Em muitas situações,
mesmo às pessoas insensíveis; à sociedade e ao viver em paz com ela: por termos
desenvolvido certo grau de superioridade inteligente ou transcendência, ou por
pura inferioridade; quando em algum ponto compreendermos isso.
A bem da
verdade, todos assim agimos. Mas é um ceder arrastado, obrigado, carregado de
ódio e contrariedades.
E se
trabalhássemos a mudança! Conscientizando-nos, primeiramente, de que é possível
continuar assim por toda a nossa existência, porém, cônscios também, de que continuaremos
na mesma passada; par e passo com a incômoda sensação de desajuste, exercendo
obediências às leis e às conveniências seladas no arcaísmo dos tempos, quando o
aceitar consciente sempre esteve ali, pacientemente esperando sua vez. Mas,
vamos apagar isso.
Lembremos,
como exemplo, do período do flerte, - o flertar ainda puro, o velho “fazer a
corte” - entre todos os nossos espaços de tempo neste plano, esse é de longe o
mais feliz, cordial, sempre digno de recordação. Porque é um tempo de ceder. É
um tempo de se doar.
Pois, ao
final, viver não é contar que nossa vida foi uma vida de “doação”? A diferença
é que essa doação esteve e sempre estará pautada por ordens e obrigações. Não
seria melhor extingui-las de alguma maneira e fazermos o que deve ser feito
apenas porque nossa cultura mudou “obrigatoriamente” porque finalmente percebemos
que, de uma forma ou de outra nosso existir hoje, para que obtenhamos um mínimo
de bem viver; de bem estar, precisa,
inexoravelmente, ser “negociado”?
Paremos
então de negociar e cedamos ao imperativo:
façamos por escolha e não por imposição.
Partindo
desse princípio, não seria melhor que existíssemos em comunidade sempre
entendendo dever algo a ela? A humildade não viria daí? Ainda que, inicialmente
como uma mecânica inteligente e depois como um aceitar apaixonado!
De alguma
maneira estamos vivenciando a mecânica da negociação por milhares de anos,
sabemos que não somos – nem de longe - os melhores no que se refere a harmonia
social, tentemos então otimizar esse tempo desperdiçado,
ou melhor, fazer com que esse desperdício, agora, se torne algo útil.
021.L cqe
Interação apenas necessária
Questionou-me
então
“Obviamente
que todos, a todo instante, temos a aprender ou a ensinar, mas isso antes passa
por uma questão de auto percepção. Você, então, não consegue perceber que, para
interagir ao meio – e aprender algo com isso -, sendo-se superior a ele, somente
é possível se não houver o acômodo, o isolamento; apenas sobrevivendo, sem se
expor, enquanto esse espaço/tempo obrigado torna-se mais um suplício?”
“É preciso
igualar-se ao estado. Não se avexar, muito menos ultrapassá-lo. É preciso
coexistir em igualdade e observar. Todo o espaço existente ao qual estamos
inseridos somente nos mostrará sua potencialidade – ou a perceberemos,
obviamente -; sua razão de ser, se nos mimetizarmos entre suas entranhas e o
respeitá-lo, enquanto assim permanecermos”.
“Nosso
existir é um manancial eterno de oportunidades, e o ‘não julgar’ é a primeira
lição a ser aprendida.”
“Aprendi
isso, no entanto, claro que não estamos a falar aqui do meu caso, afirmou, e
também assim não haveria perda, como sabes. Nunca há. Entretanto, completando
sua questão; por entender-me um pouco esclarecido, minhas ações dão conta o
suficiente para viver isso de forma mascarada. Ainda assim, para o externo,
estou mais para um abobalhado; digo eu, relapso, e, se interajo com o meio,
muito mais do que necessito, acredito então, oxalá esteja certo, estar fazendo
apenas para aprender com seus elementos.”
Ao que
completei
Por
outro lado, quanto de covardia há em saber isso e existir atuando???
Ainda
assim, voltando-me, e em ato contrito, pensei; ah! Quanto tempo tenho
desperdiçado... insistindo em dar a última palavra.
Dá série; Pratica da interação minimamente necessária
018.L
cqe
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Homenagem,
IMPai,
In The Work,
Técnicas de um prático
Interação apenas necessária II
Disse-nos
e ficamos sem nada entender, mas, nem o destratamos, apenas rimos.
“Não é
soberba, ou por reprovar vossas atitudes; apenas não quero condenar-me depois,
ou mentir a nós todos, ao ter meu agir ordinariamente igualado; participar
disso. Se acompanhasse esse portar, esse proceder, provavelmente faria com que,
em algum momento me auto condenasse, muito mais do que vocês ao fazerem mau
julgamento do misantropismo que há tempos venho cultivando.”
Dá série; Pratica da interação minimamente necessária
017.L
cqe
Marcadores:
Da série: Castigos prazerosos,
In The Work,
Repentes
sábado, 18 de junho de 2016
Questionando a agonia alheia
Antes peço escusas
por contar mais um a anotar uma das ideias mais tristes que pode ter um homem:
a do abandono à vida.
Nos cumes do “nosso”
desespero – Acudindo ao tempo, que detalha o conhecer humano proibindo-o, naturalmente,
de verbalizações danosas, é aceitável no entanto que, uma vez alertado*:
deveria ser cerrado ao esquecimento e incomunicável todo aquele que, insistindo
contra a ciência milenar adquirida; e por sua vez no caminho oposto a toda
hermenêutica fundamental, busca, insiste, dedica-se em comunicar suas
frustrações, relegando-as ao não sentido da vida, e, portanto, tentando
impingir tal analogia falha a alguém ainda mais desavisado – esses sempre
existirão. Não seria melhor que lançadiço ser tivesse ao menos a coragem, antes
de aspergir suas sandices contraproducentes, ceifar a própria e então
adiantar-se ao encontro do não ter sentido o que (não)sente pela vida!?!
*se observarmos o histórico do tempo, veremos que nos foi ensinado a não
propagação da desistência à vida, e, portanto, se nos foi bem dito que esse é
um expediente abjeto e todo aquele que a ele se propõe, deve este ser excomungado até
uma próxima existência, (tanto quanto aquele que o faz a outrem) deveria ele
entender isso e falar a língua maior das Verdadeiras Leis que isso condenam,
portanto, uma vez contrário a esse ensinamento, o ser infeliz obrigatoriamente ficará exposto as sansões devidas a sua conversa inapropriadamente contrária às
leis e ao existir; afinal, se não existisse sentido porque outros motivos
existiríamos!
*
Cioran, em “Nos cumes do desespero (1934) insiste que a vida “não tem
nenhum sentido”, “se mantém sem razão”, “em seu dinamismo cego” e “Embora a
vida seja para mim um suplício, não posso renunciar a ela. Para ser sincero,
deveria dizer que não sei porque vivo, nem porque não cesso de viver. A chave
reside, provavelmente, na irracionalidade da vida, que faz com que esta se
conserve sem razão”[sic].(citações atribuídas a Emil Cioran, escritor romeno,
no seu livro, Nos cumes do desespero, facilmente encontradas na net)
Palavras infelizes de um conturbado pensador em início de carreira,
porém ainda assim fartamente registradas em livros e estudos (que preferiríamos
não repeti-las se não fosse para alinhavar ainda mais nosso pensamento
desfavorável a todo e qualquer tipo de descalabro contra nosso maior bem).
015.L cqe
Teoria da "Terra queimada"
Uma vez
acertado o “quando”; até onde deveríamos nos esforçar, como bons invasores,
trabalhando a queima e raspagem do solo do entendimento há muito aceito, no
intuito de eliminar ruídos; de eliminar a estática?
Eliminar
ruídos, eliminar a estática; estamos em busca de um acordar humano que elimine
o pensar erudito que insiste por conveniência, por teimosia ou mesmo por
completa falta de atenção, velhos pensamentos que mantém emperradas a evolução
em redemoinhos entre muros e vórtices cuja força centrífuga canhestra se auto-sustenta,
se retroalimenta; e, também, consequentemente, toda a engrenagem... despertar esse,
que nos remeta a um futuro de homens livres.
013.L cqe
Singularidade
A
universalidade existe e ela é diferente.
Precisamos
antes de tudo, - e isso é essencial - aprender a desaprender que somos todos
iguais. Somos apenas iguais na hipocrisia, no orgulho, na inveja, no
convencimento de que é permitido, quase na sua totalidade, nosso atual agir e
pensar equivocado, - desavergonhadamente a cada dia mais estamos incorporando a
cultura da conveniência. Porém, quanto mais minuciosa é a observação das nossas
ações, facilmente incorporadas, mais se parecem a muletas, enquanto nos mantemos
somados ao grupo daqueles que continuam aceitando o que na Kabbalah chamam de “pão da vergonha”*. No entanto, o porquê
desse relaxar; se conhecemos alguns poucos que simplesmente, até nisso destoam
por simplesmente não possuírem o horrível defeito da inveja; eles, inacreditavelmente,
não sabem o que é isso. Não são soberbos em hipótese alguma, e são orgulhosos
apenas de si mesmos, de suas personalidades, caráter e retidão.
São
perfeitos? Não; porque não são completos, são fragmentados. Por exemplo; tenta
ser o menos hipócrita possível em um meio viciado, mas é um glutão, fala
demais, tende a apontar os defeitos de declarados desafetos. Outro, por sua
vez, não faz nada disso, mas é um péssimo marido, um horror como pai ou irmão;
e por aí vai. Quantas vezes ouvimos falar, “esse cara é demais, mas...”.
Aprender e
respeitar isso se faz a cada dia mais urgente. Se eu não consigo simplesmente
deixar de ser invejoso ainda que o saiba, por sua vez, é minha obrigação
entender que o outro é – está vestindo temporariamente do mau-caratismo, da
perversão; que se trata ele de um biltre mesquinho, e todos, - não escapa um
sequer - têm lá seus infernos para lidar com os problemas decorridos desse
estado insuportável de coisas.
Considerar
essas diferenças; é que fará a diferença. É assim que deveria funcionar; observar,
individualmente, a limitação dos outros, enquanto uma cultura energicamente
voltada a diagnosticar e curar a sociedade como um todo colocaria boa parte do
aparelhamento do estado para que houvesse esse ajustar humano. Seria essa a
lição primeira para aí então pensarmos algo próximo de igualdade.
O que é
importante saber agora é que eles existem; que uma pessoa nasceu e morreu sem jamais
sentir inveja; para não ser mau caráter, ou, mais difícil: que faz o bem pelo
bem etc., e, se isso é possível aqui e ali, sabemos que pode ser reunido tudo
em um só homem, que por sua vez pode ser reunido em todos os homens e então sim
poderemos encher o peito ao anunciar que somos todos iguais. Mas, por agora...!?!
Me parece meio incoerente.
012.L cqe
sábado, 11 de junho de 2016
A morte do consumidor, portanto...
. . .
A
concorrência, continuada e incisiva, sem trégua, e nos moldes reconhecidamente:
inteligente criativo; é perniciosa em longo prazo. Portanto, a seguir nessa
levada acirrada e inconsequente entre as empresas, essa disputa tornada
indispensável, é sem sombra de dúvidas, paradoxalmente, a responsável pela
extinção prematura de seus clientes apreciadores
- hipnotizados. E até quando continuará sendo, se não a principal, a mais
invisível das causa mortis do cliente consumidor? Até sua total extinção; quem sabe? No entanto, ela é, com
certeza, o resultado da aguda mecânica de vendas: antes destrutiva na sua
agressividade criativa. E, com a morte, o aniquilamento do consumidor, seja
devido ao seu depauperamento ou por negligência; seu lado humano foi sendo
deixado a margem ao longo desse processo, e assim estamos prestes a assistir o
sucumbir também dessa última "vontade" do homem: o possuir. Cheguei a esta
análise a partir da observação da crise tanto democrática quanto do sistema econômico
autofágico, onde o consumidor instigado pelo projeto colossal de vendas, não
preocupou-se tão somente ao que lhe era básico e essencial, ele comprou a ideia
toda, a plasticidade do consumir e melhorar tão somente como homem/homem, todo
o pacote que lhe foi imposto subliminarmente , e como consequência, ele está
morrendo como pessoa, como indivíduo, como ser; e, se não temos a alma: o
espírito por trás da vontade; a vontade morre.
Detalhe do
texto Ousadia e salto
010.L cqe
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IMPai,
Não é para achar graça,
O vulgo analítico,
Repentes,
Tornando visível,
Vai q é
sábado, 4 de junho de 2016
Pensamentos inapropriados
Para alguns, invariavelmente, esse é um plano miserável; e como pode que para outros: ele se
mostra maravilhoso. Porque não iniciar um refletir sério, honesto e inegociável
a partir daí?
*
Sem atalhos
– atalhos; em algum tempo entenderemos quanto limitadora é sua praticidade ao
cotidiano.
ou
Não há
atalhos – a vida não lhe facilitará nada. Se o fizer, é acertado pensar que ela está
postergando a lição; mas, e por que isso? (pode que seja o momento, mas pode
que seja você)
*
Ao nos
atentarmos para uma ânsia ruim, desequilibrada, negativa; paixões irrefletidas ou
pensamentos que destoem do sempre particularíssimo comportamento diário; tendo
a entender que nem sempre somos apenas nós agindo. É possível que a energia de
todo um estado pesado em que circulamos - abrangendo o comum entorno ao padrão
irrefletido do aceitar arcaico de toda uma cultura planetária (a mercê; sob o
teto do império astral humano construído)- que muitos chamam de frequência
tende a levar-nos a esse quadro: a atos que invariavelmente devemos esconder ou,
se descobertos: passíveis das mais duras retaliações. Claro, sempre dependendo,
sob o crivo de tradições, independentemente de quão particular ou por mais
estranhas que possam parecer: quando nem sempre somos nós os verdadeiros ou
definitivamente responsáveis únicos por tais pensamentos...
Destarte;
apenas isso nos acode de uma possível cobrança comportamental que por ventura
possamos enfrentar? Não. É possível que aí nos escondamos. Não.
Isso não
fará de nós seres livres do “pecado”, da transgressão; do crime. Afinal, se
sabíamos o peso do ambiente frequentado ou do mínimo ponderar nosso, ou de tão
somente um único e miserável terceiro, sobre a ocorrência, ainda que
desconhecêssemos os riscos a ela imanentes: é fato que jamais poderemos nos
apoiar nesse álibi, alegando pureza de pensamento.
*
Ah! E por
que tudo isso?
A
consciência.
Jamais a
tenham.
Ela é uma
maldita que nada deixa passar.
Horror dos
horrores.
É uma
peneira desumana que divide filigranas; moléculas, sons e odores; tudo ela desnuda
e separa.
Felizes somos
todos nós que ainda não as possuímos,
“but”
quão
infelizes somos nós, que inapelavelmente em algum tempo mais que distante
iremos vesti-las.
009.L cqe
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"Per se passion",
Da série: Em aberto,
Do Livro: Sobras da Guerra,
Nous,
telmaH,
Tornando visível
Desafio invisível
“Recorrência: a sociedade produz a
escola, que produz a sociedade. Diante disso, como reformar a escola sem
reformar a sociedade, mas como reformar a sociedade sem reformar a escola?”
*
“... De fato, os atuais projetos de
reforma giram em torno desse buraco negro que lhes é invisível. Só seria
visível se as mentes fossem reformadas. E aqui chegamos a um impasse: não se pode reformar a instituição sem uma
prévia reforma das mentes, mas não se podem reformar as mentes sem uma prévia
reforma das instituições. Essa é uma impossibilidade lógica que produz um
duplo bloqueio.
Há resistências inacreditáveis a essa
reforma, a um tempo, una e dupla. A imensa máquina da educação é rígida,
inflexível, fechada, burocratizada. Muitos professores estão instalados em seus
hábitos e autonomias disciplinares. Estes, como dizia Curien, são como os lobos
que urinam para marcar seu território e mordem os que nele penetram. Há uma
resistência obtusa, inclusive entre os espíritos refinados. Para eles, o
desafio é invisível.
A cada tentativa de reforma, mínima que
seja, a resistência aumenta! Como dizia Edgar Faure, depois de ter
experimentado uma de suas reformazinhas, “o imobilismo se pôs em marcha, e não
sei como detê-lo”. Quanto a mim, fui alvo dos sarcasmos dos Diafoirus e
Trissotin (cujo número cresceu consideravelmente desde Molière), quando sugeri
as “cinco finalidades.
Como as mentes, em sua maioria, são
formadas segundo o modelo da especialização fechada, a possibilidade de um
conhecimento para além de uma especialização parece-lhes insensata. E, no entanto,
o mais limitado especialista tem ideias gerais, das quais não tem dúvidas,
sobre a vida, o mundo, Deus, a sociedade, os homens, as mulheres. E, de fato,
esses especialistas, experts, vivem de ideias gerais e globais, mas
arbitrárias, nunca criticadas, nunca refletidas. O reino dos especialistas é o
reino das mais ocas ideias gerais, sendo que a mais oca de todas é a de que não
há necessidade de ideia geral."
Edgar Morin;
no livro, A cabeça bem-feita.
Pensar a
reforma; reformar o pensamento.
007.L cqe
Marcadores:
Citações Externas,
IMPai,
Viva os "especialistas"
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