A
universalidade existe e ela é diferente.
Precisamos
antes de tudo, - e isso é essencial - aprender a desaprender que somos todos
iguais. Somos apenas iguais na hipocrisia, no orgulho, na inveja, no
convencimento de que é permitido, quase na sua totalidade, nosso atual agir e
pensar equivocado, - desavergonhadamente a cada dia mais estamos incorporando a
cultura da conveniência. Porém, quanto mais minuciosa é a observação das nossas
ações, facilmente incorporadas, mais se parecem a muletas, enquanto nos mantemos
somados ao grupo daqueles que continuam aceitando o que na Kabbalah chamam de “pão da vergonha”*. No entanto, o porquê
desse relaxar; se conhecemos alguns poucos que simplesmente, até nisso destoam
por simplesmente não possuírem o horrível defeito da inveja; eles, inacreditavelmente,
não sabem o que é isso. Não são soberbos em hipótese alguma, e são orgulhosos
apenas de si mesmos, de suas personalidades, caráter e retidão.
São
perfeitos? Não; porque não são completos, são fragmentados. Por exemplo; tenta
ser o menos hipócrita possível em um meio viciado, mas é um glutão, fala
demais, tende a apontar os defeitos de declarados desafetos. Outro, por sua
vez, não faz nada disso, mas é um péssimo marido, um horror como pai ou irmão;
e por aí vai. Quantas vezes ouvimos falar, “esse cara é demais, mas...”.
Aprender e
respeitar isso se faz a cada dia mais urgente. Se eu não consigo simplesmente
deixar de ser invejoso ainda que o saiba, por sua vez, é minha obrigação
entender que o outro é – está vestindo temporariamente do mau-caratismo, da
perversão; que se trata ele de um biltre mesquinho, e todos, - não escapa um
sequer - têm lá seus infernos para lidar com os problemas decorridos desse
estado insuportável de coisas.
Considerar
essas diferenças; é que fará a diferença. É assim que deveria funcionar; observar,
individualmente, a limitação dos outros, enquanto uma cultura energicamente
voltada a diagnosticar e curar a sociedade como um todo colocaria boa parte do
aparelhamento do estado para que houvesse esse ajustar humano. Seria essa a
lição primeira para aí então pensarmos algo próximo de igualdade.
O que é
importante saber agora é que eles existem; que uma pessoa nasceu e morreu sem jamais
sentir inveja; para não ser mau caráter, ou, mais difícil: que faz o bem pelo
bem etc., e, se isso é possível aqui e ali, sabemos que pode ser reunido tudo
em um só homem, que por sua vez pode ser reunido em todos os homens e então sim
poderemos encher o peito ao anunciar que somos todos iguais. Mas, por agora...!?!
Me parece meio incoerente.
012.L cqe