De algum
modo todos chegaremos a uma conclusão de que o melhor a fazer é ceder. Aos pais
– isso deveria ser obrigação -, às leis, aos patrões. Em muitas situações,
mesmo às pessoas insensíveis; à sociedade e ao viver em paz com ela: por termos
desenvolvido certo grau de superioridade inteligente ou transcendência, ou por
pura inferioridade; quando em algum ponto compreendermos isso.
A bem da
verdade, todos assim agimos. Mas é um ceder arrastado, obrigado, carregado de
ódio e contrariedades.
E se
trabalhássemos a mudança! Conscientizando-nos, primeiramente, de que é possível
continuar assim por toda a nossa existência, porém, cônscios também, de que continuaremos
na mesma passada; par e passo com a incômoda sensação de desajuste, exercendo
obediências às leis e às conveniências seladas no arcaísmo dos tempos, quando o
aceitar consciente sempre esteve ali, pacientemente esperando sua vez. Mas,
vamos apagar isso.
Lembremos,
como exemplo, do período do flerte, - o flertar ainda puro, o velho “fazer a
corte” - entre todos os nossos espaços de tempo neste plano, esse é de longe o
mais feliz, cordial, sempre digno de recordação. Porque é um tempo de ceder. É
um tempo de se doar.
Pois, ao
final, viver não é contar que nossa vida foi uma vida de “doação”? A diferença
é que essa doação esteve e sempre estará pautada por ordens e obrigações. Não
seria melhor extingui-las de alguma maneira e fazermos o que deve ser feito
apenas porque nossa cultura mudou “obrigatoriamente” porque finalmente percebemos
que, de uma forma ou de outra nosso existir hoje, para que obtenhamos um mínimo
de bem viver; de bem estar, precisa,
inexoravelmente, ser “negociado”?
Paremos
então de negociar e cedamos ao imperativo:
façamos por escolha e não por imposição.
Partindo
desse princípio, não seria melhor que existíssemos em comunidade sempre
entendendo dever algo a ela? A humildade não viria daí? Ainda que, inicialmente
como uma mecânica inteligente e depois como um aceitar apaixonado!
De alguma
maneira estamos vivenciando a mecânica da negociação por milhares de anos,
sabemos que não somos – nem de longe - os melhores no que se refere a harmonia
social, tentemos então otimizar esse tempo desperdiçado,
ou melhor, fazer com que esse desperdício, agora, se torne algo útil.
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