Existirá
equivoco humano maior que supervalorizar a célula? Muito além do celular está o
Nous, o Id, o Atman, o Cerne da Existência, a Essência, a Alma, a coisa em si
não biológica.
Definitivamente
nos esquecemos de continuar curiosos - de continuar procurando - de o que somos nós realmente. Também aqui
aplicamos a fórmula comum do aceitar por comodismo, conveniência ou desculpa o
que nos reaplicaram na infância.
Em relação
a tudo o que venha de encontro ao celular, (empresto aqui uma ideia externa em
relação ao crescimento material) nos últimos séculos o homem assumiu sua
ignorância e a partir de então evoluiu exponencialmente, no entanto, quem sabe
em detrimento a isso, da visão exclusiva, deturpada e ocupada sobre esse ignorar,
foi levado a desatender algo muito mais importante, e hoje, caso considerasse uma
volta real de atenção ao si,
encontraria algo deficiente, incômodo, um agregado anômalo; sua alma.
Podemos
concluir com grau altíssimo de acerto que as certezas vendidas a dízimos
dizimaram nossas “dúvidas” como também atrofiaram nossas almas, e estas
certezas que vieram em variadas formas de ritos abortaram a continuidade das
buscas para as respostas que realmente deveriam interessar quando à urgência da
matéria fosse atenuada e pudesse finalmente aproveitar os merecimentos do ocaso.
Quando finalmente a aposentadoria valida à jornada de toda uma vida plena de
corpo e alma; comungando então aqueles
prazerosos últimos momentos entre célula e espírito.
Uma guinada
para a espiritualização do homem se faz urgente. E a primeira proposta seria
esquecer a força plástica que carrega o cartão de visita que premia
descaracterizando o material humano ao continuar repetindo um mantra
corporativista que repete o mais que sem sentido aqui: “a primeira impressão é
a que fica”.
Era
preciso, de alguma sorte, desfocar, distorcer a visão material, entendendo que
dentro de cada ser humano não existe o ser humano que se mostra; o que vem a
tona é tão somente um querer vaidoso, uma vontade muitas vezes recalcada
tornada verdade para ambos; é conveniente que acreditemos no que estão querendo
que acreditemos: “isso que estou lhe mostrando sou eu”.
Incrivelmente isto
apenas não só é mentira como é um desmerecimento a si próprio, - foram tantos
séculos agindo e assim nos aceitando; que acreditamos que esse homem
“feio/bonito” sempre foi nossa realidade. Esta não é uma verdade, todos nós
somos muito além disso.
Entendida
essa perspectiva, definitivamente precisamos praticar observando que, quando
encontrado alguém verdadeiramente ocupado em desvendar com seriedade formas de
melhor convivência social, estes precisam ser apartados de suas molduras
humanas. Fomos condicionados a perceber, ler e analisar o aspecto físico das
coisas quando este é como eles se apresentam, esquecendo o que diz o gênio
Exupéry, “o essencial está invisível aos
olhos”.
A matéria é
um anteparo, uma crosta tornada intransponível por nosso julgar humano. Devemos
aprender a torna-la invisível em detrimento da visibilidade da alma que
invariavelmente está muito distante do que assistimos no exterior.
Enquanto o
externo é valorizado; é levado em consideração: tudo se distrai para este
aspecto. O externo não é nada mais que o veículo; o receptáculo. E é por conta
de observarmos apenas a vasilha que transformamos todas as almas uma cópia feia
da massa corpo que não deve ter valor nenhum além de uma membrana material condutora
da vida; da essência.
Se disso
não nos dermos conta, o próprio caminho evolutivo talvez se encarregue da
mudança ao “enxergar” uma possível saída para a distração que retarda; a desatenção
distorcida, característica, diferenciada, vaidosa.
Um caminho melhor,
biologicamente falando, quem sabe, seria termos as células se realinhando para
a construção de homens terrenos semelhantemente idênticos, diferenciando-nos,
no máximo, entre pessoas levemente distintas apenas no sexo.
Cópias
fiéis de um eu vendido; hoje tornou-se difícil nos desvencilhar da mescla
corpo/alma - em grande prejuízo à segunda. Dessa miscelânea que por milênios
viemos invertendo tentando (e tendo êxito em) transformar o externo ao comprar
que: a primeira impressão “material” “vendida” é a que fica. E o que estamos
assistindo é a inversão de valores, contrariando a lei natural onde devem ser os
olhos a representar o que um dia foi a pureza da alma quando hoje essas duas
janelas da verdade mostram tão somente uma alma tão corrompida quanto ansiosa
para igualarem-se todos.
O que nos
chega é uma visão distorcida de um interior contaminado por milênios.
O
condicionamento humano aprendeu que mais importante é a apresentação, e ao
longo do existir, ainda que alguns poucos insistiram em valorizar o imo
imaculado, eles foram destroçados por espíritos já distorcidos com suas almas
sufocadas.
Aqui sim,
temos um problema - Vencer o condicionamento de milhares de anos é o desafio a
nossa frente; quem acredita isso ser possível?
064.L cqe