São nossas
vontades superdimensionadas sob o manto do que designamos de cultura; essa
película a empanar o epistemológico, que nos distancia insistindo em não nos
ater ao processo natural. Por conta desse aferro contra, acabamos nos
posicionando sempre adiante do compasso da natureza e dos alinhamentos
necessários aos acontecimentos e, portanto, vivendo a incerteza dos resultados.
Uma vez que
nos rendêssemos ao equilíbrio com o universo, nossas respostas não seriam
pautadas pela esperança suposta, se acaso, e raramente, as tivéssemos em formas outras,
inesperadas; conjuntamente carregaríamos também a ciência de que todo o
processo é natural e a partir daí, organicamente, aceitas com a mesma
naturalidade; bem ao contrário da obrigatoriedade e expectativas às apostas a
que estamos sujeitos.
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Nossa
espantosa falta de atenção e toda uma carga cultural de comportamento
atropelado decorre invariavelmente do acreditar que todos somos iguais – ou do
confiar genérico nessa convenção -, e ao primeiro instante em que ouvimos algo
que nos pareça ser contrário ou contraditório acorremos à negativa, quando em
verdade a questão de discordar
peremptoriamente do que nos está sendo apresentado diz respeito tão somente ao fato de que na verdade não somos todos
iguais ou não estamos no mesmo nível de compreensão, aliás, bem longe disso. De posse da nossa natureza forjada o
que se apresenta, somado ao orgulho de admitir que algo que não pensamos possa
sob honestos aspectos ser mais verdadeiro do que essa realidade construída: é
nos folgar na opção menos incômoda apostando na premissa do homem moderno e
admirado, mecanicamente recompensado por suas respostas rápidas – aí,
apropriadas - tão menos importante.
A prática
nociva aponta fatalmente para o caminho fácil quando optamos
por aceitar convenientemente ou preguiçosamente como uma realidade apropriada o
conviver despreocupado e raramente questionado.