sábado, 29 de junho de 2019

Da série; muros de barro






Descobri a inutilidade de tentar mudar isso; ainda que incorra em desatenções e manhas artificiosas, respondeu – sobre a ainda incompreensível natureza alheia desprovida de razão em opiniões secularmente batidas, não contextualizadas tornadas sem valor na ordinariedade da vida. E continuou. Considero os companheiros observando suas convicções políticas, religiosas e sociais comparando nossas certezas onde cada qual se adaptou em suas próprias ilusões compradas, no entanto; proceder atacando suas paixões em que me diferenciaria, mesmo sob a pecha insistente de tentar alertar ou demover um ou outro em algum grau? Não mais o faço. Aprendi apanhando; sobre a que nível a força destas convicções marteladas sobrepõem-se ao tino mais apurado. As ideologias sindical e partidária de indivíduos desinformados comumente adquirem um padrão de crenças forte o suficiente contra argumentos em geral, ainda que pendam porcamente pendurados em uma única ponta minimamente razoável; algumas delas, estas sim, podem ser comparadas a verdadeiros milagres o fato de se sustentarem. E a lavagem impressiona, quando, na sua totalidade, a lucidez é obrigada a recuar. Portanto não há o que ser feito. O não tentar dissuadir mantém amizades. É obrigação do saber compreender. É obrigação do agente humano desenvolvido, a margem, simplesmente acompanhar sem tentar iça-los a força das corredeiras das convicções inócuas. Não há outra forma; qualquer outro caminho é invasivo. É impossível. O acômodo e a espera são a única solução a respeito do acomodado.

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Certezas!!! Puah!




Questionei também sobre educação, mas não entendi a resposta.

“Independentemente do contexto há algo sério aí a ser pensado”. Observou “No entanto uma questão principal precisa também, obstinadamente ser ponderada; como um pai que não sabe, após abandonar as certezas de seus pais, sabe como direcionar a educação de um filho?”

...ao especular tal observação, o assunto, definitivamente, tomou proporções sinistras.




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Bob “fuck” Dylan



Bob folk

“Era surpreendente o quanto a fumaça se tornara espessa. Parece que o mundo sempre precisou de um bode expiatório – alguém para liderar as acusações contra o Império Romano. Mas a América não era o Império Romano e algum outro teria que se apresentar e se candidatar. Eu realmente jamais fui mais do que era – um cantor de folk que fitava a névoa cinzenta com os olhos cegos pelas lágrimas e fazia canções que flutuavam em uma neblina luminosa. Agora a névoa havia soprado para o meu rosto e pairava sobre mim. Eu não era um pregador realizando milagres. Aquilo teria levado qualquer um à loucura.” p128

Bob Dylan

 

Folk Dylan

“Uma canção de folk tem mais de mil faces, e você deve conhecer todas se quiser tocá-la. Uma canção de folk pode variar de significado e pode não parecer a mesma de um momento para o outro. Depende de quem está tocando e de quem está escutando.” p82

Bob Dylan


Extraído do livro
Bob Dylan – Crônicas –
Vol. Um
Editora Planeta
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sábado, 22 de junho de 2019

Do sentido da vida II




É a Morte que contém a Vida

Nenhuma inverdade detém esta Verdade

Do Nada temos o desabrochar da Vida

No Morrer irrompemos outros Nadas

A Vida é um estado

A Morte; Manifestação

A Vida é desentendimento

A Morte É

Certeza



Homenagem a
Jalâl ad-Dîn Rûmî 1207 – 1273


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A Aura da Arte




O conceito de Arte Pura veio desaparecendo à medida que a comercialização, a coisificação e a massificação, paulatinamente engolfaram tudo sobre o que assim entendíamos sob a capa brutalizada da precificação.






Some-se a isso o embrutecimento do homem – desviando-se do
homo faber para o homo tecno -, analisando sob o aspecto de que o processo civilizatório social/econômico transformou o homem/percepção em um ser dependente do pensamento organizado alheio, isto é, dependente de uma gama de “vendedores” camuflados e muito bem organizados para moldar o universo perceptivo a partir de pontos de vista arquitetados de entendedores comerciais talhados observando a exaustão, mínimos aspectos nos mais rigorosos detalhes que em tese, paradoxalmente, podemos igualá-los a artífices a cinzelar a mente humana e isso por si só, antagonicamente, é também uma demonstração pura da arte.











A arte é a possibilidade do que em algum tempo julgamos impossível; isto significa que a arte precisa urgentemente ser observada sob outros aspectos. A excelência é uma arte, no entanto ela precisa assim ser julgada fora dos padrões corporativo/comercial, aqueles onde são camufladas arestas nocivas ao serem apresentadas ao público alvo.











Portanto, a Arte Pura não desapareceu... jamais desaparecerá. Ela evoluiu a seu modo como não poderia deixar de ser – no entanto não aparece ou continua incógnita por conta ou do nosso chafurdar existencial que insiste em relegar a arte ao que aprendeu ou ao que comerciantes que dela dependem assim as mantém sob lobbys limitadíssimos.







Acordar também para a arte, e a partir de então o que precisamos fazer é tão somente retomá-la como ação – observar a manifestação da arte esquadrinhando e qualificando nosso entorno artificial - contrariado, vou utilizar uma expressão horrível -, mas isto requer enquadrá-la. Isto é, uma vez ajuizados, o que precisamos, em meio a cacofonia infernal a que estamos expostos: eliminar o mental despreparado trabalhando-o; diligenciar a ânsia improdutiva e dominar o orgulho inútil das expectativas. Abandonar a hipocrisia do discurso; explorar a vergonha do abrir-se etc... até que a possibilidade de resgatar a sensibilidade em meio as nossas vontades externamente fabricadas se manifeste. O que aconteceu é que perdemos a arte nos empanturrando do que nos indicaram como razoável e é a partir da razão, novamente; a posse individualizada da intelecção que poderemos retornar ao homem/percepção.









... e somente a partir daí será possível observar A Arte, que, por ter passado incólume ao predador maior do planeta: permanece incógnita.





Íntegra por décadas. Livre das contaminações comuns à maioria de nós; prolífica; multiplicou-se em nosso entorno sob as mais variadas nuances e matizes de belezas naturais e ainda virgens à percepção humana atrofiada.






Não apenas à música, à pintura, à fotografia e as representações que primam o auditório, onde muitos de nós as admiram tão somente porque nos disseram que se trata de um combo de artes e sim porque A Arte evolui reservada, acompanhando o tempo/espaço e não a evolução propriamente dita e insistentemente celebrada.








Era preciso entender que A Arte não se limitou, obviamente, a seguir às alusões canhotamente fabricadas a que estamos obrigados. A Arte sempre seguiu só; independente. Nós, por sua vez, a abandonamos na sua essência; convencidos e focados a cada “novo período” no alarde que o espetáculo da vernissage aberta (open): mais a arrebanhar e formar novos “experts” ávidos a nos vender o que lhes é conveniente.











Cuidado - A Arte deve ser tratada como o bom voluntariado; com gratuidade. A Arte é um dom; uma graça, portanto, negociá-la sob a veleidade de uma mercancia ordinária é um sacrilégio.






Acreditamos que jamais A Arte se amofinou neste abandono. Com a humana falta de cuidado. A Arte somente não esteve sendo observada sob os olhos da evolução. Até então a observamos com os olhos práticos da técnica que evidencia o negócio de conveniência. Moldados e trabalhados, estes sim, construídos por artífices do convencimento.









Talvez algumas de nossas artes possam não parecer tão arte assim a partir do instante em que entendermos que a arte evoluiu, mas esta é também, uma visão distorcida da realidade do que é A Arte em essência – A Arte sempre será agregadora.








Gênese - Arte vem de artífice, de fazer, de obrar, e, indiscutivelmente: é independente. Por nos mantermos retrógrados ao todo comercializável nem mesmo conjeturamos sobre o como é feito; como foi construído – A Arte que se origina do caos!  
  




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A forja - A habilidade é Arte pura; a criativa ou a destrutiva, bem como a política na sua forma pura, por exemplo. Da engenhosidade da construção até a ação daí resultante. Na música temos notas perfeitas e harmônicas que tocam almas e ouvidos indistintos. Esporádicas ou inexoráveis, neste mesmo contexto, temos feitos aleatórios que alcançam sentidos de teor semelhante significando A Arte genuína no sentido mais puro.  
   

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Exemplificando

Nietzsche É Arte...

Do ponto de vista de que A Arte é mais observação e leitura pessoal.

A partir do instante em que seu discurso (o manifestar), sua genealogia é e evidencia o atemporal e a discussão se torna vã, isto nada mais é que Arte Pura. Tudo o que daí se origina não é o poço, mas a percepção, o estado de espírito, a sapiência do que buscou a fonte.

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Elã - Uma vez eliminada a presunção, será A Arte a tirar o homem do caos hediondo a que está fadado.

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De dialectica - Aludindo à “Das Bodas de Mercúrio” podemos inferir que a arte (praxis) como prática não é um conceito desconhecido o que torna as observações aqui derivadas em sua vontade maior de forma alguma como uma vontade oportunizada; levando em consideração que o mais empenhado pesquisador finalmente entenda a proposta. A partir deste aval incondicional é nos permitido referendar que em síntese, o que temos como evolução humana abandonou a essência da busca, derivando-se para a boa técnica até desviar-se à perniciosa do: laborar produtivo, não primando unicamente a habilidade (techne), mas a vontade de agenciar aglutinando todo o estado da coisa público/política, rompendo a lei natural pétrea que afere mais responsabilidade aquele com maior poder (macht) abandonando então a Essência (essenz) prática como Arte.



Da série; sim, ao abandono à literalidade





Das Bodas de Mercúrio - “A presença dessa ideia de dialética entre o final do mundo antigo e o início da nossa era, documentada de forma tão plástica pelo De nuptiis, é posteriormente confirmada por outros textos muito difundidos na Idade Média, em que é possível reencontrá-la, como as Institutiones de Aurélio Cassiodoro, as Etymologiae de Isidoro de Sevilha ou o De dialectica de Alcuíno. Podemos recordar também o De dialectica (ou Principia dialecticae), obra bastante difundida, de autenticidade duvidosa, mas talvez de santo Agostinho, que define a dialética como a disciplina disciplinarum ou a scientia veritatis.” (Blog, 29.10.2016)




Homenagem a Hermes e Mercúrio


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sábado, 15 de junho de 2019

Do sentido da vida
























Viver em um mundo sem sentido e ainda assim dar sentido a vida.



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homenagem a 
Paulo Leminski



“Rocketman”




Então tivemos novamente aquela discussão!

E ela era tão tola que não consigo descrevê-la!

Ontem foi meu jeito, antes de ontem minhas unhas.

Você sabia que não era perfeito e que não descanso!

Luto com todas as minhas forças para mudar.

Ser um pouco mais próximo do que cada um quer.

Mas esta é ainda uma terceira via.

Sou o que não sou e querem me transformar ainda mais.

E o que realmente desejo ser; preciso acomodar mais fundo.

A força que finjo possuir não engana a ninguém.

Mas vocês fazem vistas grossas por conta da boa vida!

Sair de onde estou e cruzar a ponte até vocês!

Talvez um único passo que tentarei não dar por não querer.

Minhas vontades são caladas nas drogas e no sexo.

Um estado que os desagrada, ainda que evitado.

Na cama ou drogado, se fora do palco, sou aceitável.

A forma escolhida para me manterem eternamente afastado.

Os acertos chegam sempre com o enredo pronto.

As únicas respostas que cabem a mim são “sim” e “não”.

Se discordo, então a discussão cessa até um novo ataque.

E estes são covardes, sempre me encontram.

Afinal, quem é o único refém da situação?

Então tudo parece estar bem para o próximo Show.

Então tudo ficará bem se a máscara da felicidade der as caras!

E tudo se ajeita quando as luzes mostram meus sorrisos!

E nas festas minha poltrona estará livre no quarto!

Um que outro vem de quando em vez ver se não morri.

Preocupam-se apenas que ainda não me mate.

Querendo ou não, é o fraco não querido que mantém a grana.

O laço de um ramalhete a aglutinar flores doentes!

“Fiquem de olho nele”, diz o doutor após nova overdose.

E todos se preocupam; ainda não é a hora disso!

Por um momento tudo é esquecido até o reestabelecimento.

Passado o susto tudo volta à normalidade absurda.

Discussões sobre a nova turnê e sobre quão forte estou.

Ah! As hipocrisias que antecedem as assinaturas!

Meu calcanhar de Aquiles é alvejado sem coração.

Meu coração segue batendo, apenas, não sei como!?!

Vazio, e agora doente após todos os esforços.

Apenas um músculo; este é o papel do meu coração.

Amaldiçoado pela mãe e rejeitado pelo pai.

“Jamais conhecerá o que sempre buscou”; o amor externo!

Somos obrigados ao que nos apresenta a vida.

Aprendi que tudo podemos suportar em doses calibradas.

Inclusive não ser amado; “em algum tempo acostuma-se”!

Os excessos me destruíram, desviando-me da normalidade!

Mas um milagre aconteceu com o meu cérebro!

Intacto, é certo que somente cabe a mim, retomar o que eu construí.


“Elton Hércules John”

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Old news




As fakes News sempre existiram, no entanto somente agora o público comum - como sempre de forma autodidata -, aprendeu a mecânica do objeto, e ao invés de estarrecer-se com o assunto, exerce a única função que cabe a sua ordinariedade patenteada. Portanto o que assistimos agora, não apenas evidencia refletindo sua eterna e incontestável desatenção a este passado. Ou seja: a velha e repetida displicência; a qual, bastante acomodados, somente podemos assistir: como, novamente, vemos um contingente assustador da população lançar mão do mesmo expediente desastroso ao delas também se apropriar divertindo-se perigosamente com uma gama de manipulações originais e perversas tão comum ao já medonho histórico sociológico humano, tornando a novidade absurda em mais um entretenimento, e como sempre, sem a mínima percepção da gravidade a que se está expondo; o que dá ainda mais munição àqueles que sempre delas se beneficiaram.




A comunicação humana sempre foi um desastre a ser capitulado por grandes corporações ou déspotas da vez, no entanto agora ela foi mortalmente atingida; definitivamente, a informação mundial perdeu totalmente a confiabilidade.



Se fosse possível analisar o assunto com seriedade, jamais poderia se imaginar que a máxima, “ouvir antes de falar”; pudesse ser ainda mais negligenciada.




Texto originado após a leitura da resposta de 
Fernando Schüler a uma revista de filosofia:

“Não somos, de fato, uma comunidade. Somos uma sociedade fraturada em visões de mundo muito divergentes e mutuamente excludentes. A solução para isso sempre foi a distância e um relativo silêncio. Tudo isso se perdeu. Nos tornamos uma colmeia barulhenta em que todos falam mas quase ninguém escuta. Para quem quiser entender esse fenômeno recomendo a leitura de Garrett Hardim e seu argumento da Tragédia dos Comuns. O espaço digital é um tipo de propriedade comum, compartilhado por todos. Cada pessoa é incentivada a fazer um uso irresponsável desse espaço. O sujeito joga lá sua fúria ideológica ou seu preconceito e a conta é paga por todo mundo. É este o sentido da fake News. Seu custo, para cada emissor, é zero. Mas, no conjunto, o custo para todos é muito alto. O ponto é que não há solução para esse problema. Teremos que nos habituar a viver em um mundo mais barulhento e instável. O que acredito é que as pessoas se tornarão gradativamente mais seletivas e que haverá uma multiplicação de redes, por afinidade e tipo de interesse. Devagar, vamos reproduzir, no mundo digital, a fragmentação cultural, ética e política que nos define como civilização. Continuaremos os mesmos, talvez com menos privacidade e cercados de mais confusão”.



Uma vez empenhados; se podemos, por conta da nossa propalada ciência, admitir nosso aterrador histórico sociológico. Se apregoamos a todos os ventos nosso poder e engenhosidade dada a inteligência que provamos possuir; por que, na prática, não conseguimos algum tipo de avanço social honesto e conciso?






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