As fakes News sempre existiram, no entanto
somente agora o público comum - como sempre de forma autodidata -, aprendeu a
mecânica do objeto, e ao invés de estarrecer-se com o assunto, exerce a única
função que cabe a sua ordinariedade patenteada. Portanto o que assistimos
agora, não apenas evidencia refletindo sua eterna e incontestável desatenção a
este passado. Ou seja: a velha e repetida displicência; a qual, bastante
acomodados, somente podemos assistir: como, novamente, vemos um contingente
assustador da população lançar mão do mesmo expediente desastroso ao delas
também se apropriar divertindo-se perigosamente com uma gama de manipulações
originais e perversas tão comum ao já medonho histórico sociológico humano,
tornando a novidade absurda em mais um entretenimento, e como sempre, sem a
mínima percepção da gravidade a que se está expondo; o que dá ainda mais
munição àqueles que sempre delas se beneficiaram.
A
comunicação humana sempre foi um desastre a ser capitulado por grandes
corporações ou déspotas da vez, no entanto agora ela foi mortalmente atingida;
definitivamente, a informação mundial perdeu totalmente a confiabilidade.
Se fosse possível analisar o assunto
com seriedade, jamais poderia se imaginar que a máxima, “ouvir antes de falar”;
pudesse ser ainda mais negligenciada.
Texto originado após a
leitura da resposta de
Fernando Schüler a uma revista de filosofia:
“Não somos, de fato,
uma comunidade. Somos uma sociedade fraturada em visões de mundo muito
divergentes e mutuamente excludentes. A solução para isso sempre foi a
distância e um relativo silêncio. Tudo isso se perdeu. Nos tornamos uma colmeia
barulhenta em que todos falam mas quase ninguém escuta. Para quem quiser
entender esse fenômeno recomendo a leitura de Garrett Hardim e seu argumento da
Tragédia dos Comuns. O espaço digital é um tipo de propriedade comum,
compartilhado por todos. Cada pessoa é incentivada a fazer um uso irresponsável
desse espaço. O sujeito joga lá sua fúria ideológica ou seu preconceito e a
conta é paga por todo mundo. É este o sentido da fake News. Seu custo, para cada emissor, é zero. Mas, no conjunto,
o custo para todos é muito alto. O ponto é que não há solução para esse
problema. Teremos que nos habituar a viver em um mundo mais barulhento e
instável. O que acredito é que as pessoas se tornarão gradativamente mais
seletivas e que haverá uma multiplicação de redes, por afinidade e tipo de
interesse. Devagar, vamos reproduzir, no mundo digital, a fragmentação
cultural, ética e política que nos define como civilização. Continuaremos os
mesmos, talvez com menos privacidade e cercados de mais confusão”.
Uma vez empenhados; se podemos, por
conta da nossa propalada ciência, admitir nosso aterrador histórico sociológico.
Se apregoamos a todos os ventos nosso poder e engenhosidade dada a inteligência
que provamos possuir; por que, na prática, não conseguimos algum tipo de avanço
social honesto e conciso?
011.r cqe