sábado, 22 de junho de 2019

A Aura da Arte




O conceito de Arte Pura veio desaparecendo à medida que a comercialização, a coisificação e a massificação, paulatinamente engolfaram tudo sobre o que assim entendíamos sob a capa brutalizada da precificação.






Some-se a isso o embrutecimento do homem – desviando-se do
homo faber para o homo tecno -, analisando sob o aspecto de que o processo civilizatório social/econômico transformou o homem/percepção em um ser dependente do pensamento organizado alheio, isto é, dependente de uma gama de “vendedores” camuflados e muito bem organizados para moldar o universo perceptivo a partir de pontos de vista arquitetados de entendedores comerciais talhados observando a exaustão, mínimos aspectos nos mais rigorosos detalhes que em tese, paradoxalmente, podemos igualá-los a artífices a cinzelar a mente humana e isso por si só, antagonicamente, é também uma demonstração pura da arte.











A arte é a possibilidade do que em algum tempo julgamos impossível; isto significa que a arte precisa urgentemente ser observada sob outros aspectos. A excelência é uma arte, no entanto ela precisa assim ser julgada fora dos padrões corporativo/comercial, aqueles onde são camufladas arestas nocivas ao serem apresentadas ao público alvo.











Portanto, a Arte Pura não desapareceu... jamais desaparecerá. Ela evoluiu a seu modo como não poderia deixar de ser – no entanto não aparece ou continua incógnita por conta ou do nosso chafurdar existencial que insiste em relegar a arte ao que aprendeu ou ao que comerciantes que dela dependem assim as mantém sob lobbys limitadíssimos.







Acordar também para a arte, e a partir de então o que precisamos fazer é tão somente retomá-la como ação – observar a manifestação da arte esquadrinhando e qualificando nosso entorno artificial - contrariado, vou utilizar uma expressão horrível -, mas isto requer enquadrá-la. Isto é, uma vez ajuizados, o que precisamos, em meio a cacofonia infernal a que estamos expostos: eliminar o mental despreparado trabalhando-o; diligenciar a ânsia improdutiva e dominar o orgulho inútil das expectativas. Abandonar a hipocrisia do discurso; explorar a vergonha do abrir-se etc... até que a possibilidade de resgatar a sensibilidade em meio as nossas vontades externamente fabricadas se manifeste. O que aconteceu é que perdemos a arte nos empanturrando do que nos indicaram como razoável e é a partir da razão, novamente; a posse individualizada da intelecção que poderemos retornar ao homem/percepção.









... e somente a partir daí será possível observar A Arte, que, por ter passado incólume ao predador maior do planeta: permanece incógnita.





Íntegra por décadas. Livre das contaminações comuns à maioria de nós; prolífica; multiplicou-se em nosso entorno sob as mais variadas nuances e matizes de belezas naturais e ainda virgens à percepção humana atrofiada.






Não apenas à música, à pintura, à fotografia e as representações que primam o auditório, onde muitos de nós as admiram tão somente porque nos disseram que se trata de um combo de artes e sim porque A Arte evolui reservada, acompanhando o tempo/espaço e não a evolução propriamente dita e insistentemente celebrada.








Era preciso entender que A Arte não se limitou, obviamente, a seguir às alusões canhotamente fabricadas a que estamos obrigados. A Arte sempre seguiu só; independente. Nós, por sua vez, a abandonamos na sua essência; convencidos e focados a cada “novo período” no alarde que o espetáculo da vernissage aberta (open): mais a arrebanhar e formar novos “experts” ávidos a nos vender o que lhes é conveniente.











Cuidado - A Arte deve ser tratada como o bom voluntariado; com gratuidade. A Arte é um dom; uma graça, portanto, negociá-la sob a veleidade de uma mercancia ordinária é um sacrilégio.






Acreditamos que jamais A Arte se amofinou neste abandono. Com a humana falta de cuidado. A Arte somente não esteve sendo observada sob os olhos da evolução. Até então a observamos com os olhos práticos da técnica que evidencia o negócio de conveniência. Moldados e trabalhados, estes sim, construídos por artífices do convencimento.









Talvez algumas de nossas artes possam não parecer tão arte assim a partir do instante em que entendermos que a arte evoluiu, mas esta é também, uma visão distorcida da realidade do que é A Arte em essência – A Arte sempre será agregadora.








Gênese - Arte vem de artífice, de fazer, de obrar, e, indiscutivelmente: é independente. Por nos mantermos retrógrados ao todo comercializável nem mesmo conjeturamos sobre o como é feito; como foi construído – A Arte que se origina do caos!  
  




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A forja - A habilidade é Arte pura; a criativa ou a destrutiva, bem como a política na sua forma pura, por exemplo. Da engenhosidade da construção até a ação daí resultante. Na música temos notas perfeitas e harmônicas que tocam almas e ouvidos indistintos. Esporádicas ou inexoráveis, neste mesmo contexto, temos feitos aleatórios que alcançam sentidos de teor semelhante significando A Arte genuína no sentido mais puro.  
   

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Exemplificando

Nietzsche É Arte...

Do ponto de vista de que A Arte é mais observação e leitura pessoal.

A partir do instante em que seu discurso (o manifestar), sua genealogia é e evidencia o atemporal e a discussão se torna vã, isto nada mais é que Arte Pura. Tudo o que daí se origina não é o poço, mas a percepção, o estado de espírito, a sapiência do que buscou a fonte.

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Elã - Uma vez eliminada a presunção, será A Arte a tirar o homem do caos hediondo a que está fadado.

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De dialectica - Aludindo à “Das Bodas de Mercúrio” podemos inferir que a arte (praxis) como prática não é um conceito desconhecido o que torna as observações aqui derivadas em sua vontade maior de forma alguma como uma vontade oportunizada; levando em consideração que o mais empenhado pesquisador finalmente entenda a proposta. A partir deste aval incondicional é nos permitido referendar que em síntese, o que temos como evolução humana abandonou a essência da busca, derivando-se para a boa técnica até desviar-se à perniciosa do: laborar produtivo, não primando unicamente a habilidade (techne), mas a vontade de agenciar aglutinando todo o estado da coisa público/política, rompendo a lei natural pétrea que afere mais responsabilidade aquele com maior poder (macht) abandonando então a Essência (essenz) prática como Arte.



Da série; sim, ao abandono à literalidade





Das Bodas de Mercúrio - “A presença dessa ideia de dialética entre o final do mundo antigo e o início da nossa era, documentada de forma tão plástica pelo De nuptiis, é posteriormente confirmada por outros textos muito difundidos na Idade Média, em que é possível reencontrá-la, como as Institutiones de Aurélio Cassiodoro, as Etymologiae de Isidoro de Sevilha ou o De dialectica de Alcuíno. Podemos recordar também o De dialectica (ou Principia dialecticae), obra bastante difundida, de autenticidade duvidosa, mas talvez de santo Agostinho, que define a dialética como a disciplina disciplinarum ou a scientia veritatis.” (Blog, 29.10.2016)




Homenagem a Hermes e Mercúrio


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