Enquanto
vivos – e não sei quanto precisar; após a morte também – uma vez garantido
algum resquício de pensar próprio temos a opção de trilhar dois caminhos
paralelos, distintos e em alguns trechos, opostos.
Normalmente não sabemos, não temos conhecimento desta dualidade, desta dicotomia, desta ambiguidade peculiaríssima a principio e inegavelmente lúcida, assim que assumida.
Aos nascer
somos apenas mais um a trilhar a luta pela sobrevivência – não tenho
informações sobre pais que falam sobre esse assunto aos filhos – no entanto,
após algum tempo, para a maioria de nós o processo passa a não fazer sentido.
Há uma revolta, a princípio gratuita, a causa não é detectável. Se se têm
recursos somos direcionados e paramos nas mãos de especialistas;
invariavelmente apanhamos e seguimos calados ou nos tornamos irascíveis, porém
a maioria de nós se ajusta a passividade ordinária, ainda que inquieto;
praticando pequenos delitos previsíveis e necessários ao suportar-se ou mais
aferrado à revolta calada: a seguir um trilhar dualista, camuflado,
utilizando-se de duas identidades, lançando mão de máscaras dicotômicas bem
trabalhadas inversamente distintas.
Pelo sim, pelo não; os motivos são os mais diversos. Respeito à família; os especialistas fizeram o dever de casa; devotaram-se a religiões; uma vida material que supriu e calou a revolta, mas todos carregam um apêndice de inconformismo e volta e meia existem escorregões, logo abafado, ou corrigido, como se o manter o equilíbrio, o “balance” – não carregar a pecha de instável -, é a única solução para não se entregar ao desespero.
Com
certeza, variadas anotações do comportar humano apontadas em teses de
psicologia e defendida nas entrelinhas por sociólogos, assinalam em algum
momento, que nossas patologias físicas ou psíquicas advêm deste conformar-se,
desta oposição encalacrada, não trabalhada, não enfrentada com a energia
devida.
Tenho comigo que isto, este mal estar, esta inconveniência, reside na negligência suprema do ser humano se tornando a primeira entre todas as faltas do indivíduo: não dissociar estes caminhos; a segunda; não assumi-los.
Nossas
civilizações têm sido trabalhadas de forma a não nos religarmos, não nos
conectarmos a esta outra verdade; vem daí o desconforto.
Primeiro;
Deus não poderia nem ser aventado – não como o fazemos. Não está escrito; “não
pronuncieis o Nome de Deus em vão”. Portanto, não deveríamos, enquanto não
soubéssemos como respeitá-Lo verdadeiramente, pronunciar Seu Nome.
Segundo;
não é questão de religião.
Terceiro;
aprender sobre como fazer, como proceder; a dicotomia dos dois caminhos, e qual
a melhor forma de manifestar esta nova representação.
Aqui há que
se abrirem parênteses para um paradoxo, quase tão inexplicável quanto de
difícil entendimento. O indivíduo, após apreender sobre as regulamentações que
regem O Sistema como um todo, - é claro, do que pode ser esclarecido uma vez
aqui – continuará agindo como sempre, executando seus afazeres como se nada
tivesse acontecido, - mesmo sofrendo com as agruras cotidianas - no entanto sob
uma representação lúcida, afinal, atingido este estado de compreensão não
existe mais o fardo da oposição, ele sabe agora que tudo não passa de um
processo tão simples quanto impossível de ser, a priori, entendido.
As
dificuldades são, assumir que #HáMais, e que fazemos parte deste infinito. Não
há um por que para qualquer mudança externa ou descontinuar com nossos afazeres
normais, no entanto, há um ganho interno e finalmente o tão necessário autorrespeito,
e, a partir daí, consciente da segurança de que agora, nosso comportamento é
pautado por um conceito de continuidade.
E deste conscientizar, rever todo o processo de valores se torna uma meditação cotidiana; da não comparação, da igualdade, da valorização da vida como uma experiência extraordinariamente única; e claro, do Amor.
Antes da
iluminação o discípulo corta lenha e carrega água,
uma vez
alcançada, o discípulo corta lenha e carrega água.
Dedicado ao
Tardo
Nosso Eterno
Dragão
“Bhonachinho”
ou Drako; Tardo
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