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Muito tarde entendi; - ou seria muito mais tarde? – que existe um tempo para ir à missa, frequentar os templos e então há de vir outro em que assimiladas as passagens por anos observadas, elas precisam ser, particularmente contextualizadas. Há a necessidade de analisar o conjunto em conjunto com uma realidade pessoal e, dando um passo para fora deste vórtice envolvente do catolicismo – ou qualquer outro da mesma ordem – que invariavelmente coíbe o afastar-se, o auto-pensar, usa-lo com discernimento e razão – em um processo ousado de enfrentamento do Golias -, entendendo que ao aproveitar o néctar do que foi ensinado e salvá-lo juntamente com o Sagrado que resiste camuflado entre as barras de uma pompa artificiosa, ainda que desfigurado por conta de propostas que precisam ser entendidas como válidas tão somente a corporação material católica e daí, finalmente escolher o que foi apreendido com os ensinamentos das Escrituras muito aquém dos púlpitos aonde as folhas contaminadas são anunciadas como; ou por conta do pensar coletivo, quando finalmente entender a impossibilidade de um analisar puro envolvido tão somente a plástica, aos ritos encantadores do processo.
Minha resposta à pergunta “Você já leu a Bíblia?” é não. Porém anos de presença constante da infância a adolescência ouvia-A o suficiente para respeitar a existência de um apanhado de relatos seculares que buscam em essência, em meio a reles vontade humana, promover sentimentos auspiciosos como Amor, Respeito, Compaixão, Gratidão, Indulgência, Perdão, Contrição, Humildade e Simplicidade.
Não li a Bíblia, porém meio século de existência e deste mais de 20% frequentando Igrejas e 50% observando cristão e todos os outros me ensinaram que não adianta lê-La e não entender o exercício da simplicidade e do amor.
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Ler a Bíblia, tão somente, no modo automático, não avaliza nem um ato sequer cometido contra um ser vivo, não avaliza um mal pensamento sequer contra um ser vivo, mas compreender as Escrituras e exercitar a compaixão, o perdão e o respeito, ainda que não salva nossa consciência em um tempo que será retomada, diminui a dor quando então aperceber-se de quão mesquinho é imputar a pergunta “Você leu a Bíblia?” como uma acusação.
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Você leu a Bíblia? Não li. Porém o que eles sabem da
minha infância e adolescência!?! Todo dia na Igreja, às vezes mais de uma vez
por dia ouvindo o que diz a Bíblia traduzida por um padre, porém eu lia as
palavras e via o comportamento de todos.
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