sábado, 14 de novembro de 2020

Reino das sombras

 



“Essa história (O Bem-Amado de Dias Gomes) alimenta uma crença muito comum em nosso meio: a de que indivíduos com a condição ética e intelectual, os verdadeiros detentores da arte política, não conseguem chegar ao poder. A paixão pelo comando é o reio por excelência da sombra, um lugar escuro em nossa psique onde a estupidez e o poder se unem. É aí que habita o lado oculto da votação, responsável pela inevitável conexão ente a democracia e as nossas personalidades que desconhecem seu caráter destrutivo.



A psicologia de C. G. Jung explicaria a escolha, pelo povo, de um Odorico por meio do fenômeno da projeção da sombra. Sombra seria uma área de nossa psique, um tipo de segmento da personalidade, local onde habitam as mentiras, as coisas relacionadas aos nossos aspectos desajustados e inadequados, que reprimimos para nos adaptarmos à sociedade e, de maneira particular, ao estarmos inconscientes dela, projetamos emotivamente em uma escolha.




Quanto mais atuamos de forma primitiva, mais tribais nós somos. Formamos tribalismos com os nossos amigos, grupos, com as pessoas de nossa religião, e colocamos muros por acharmos que somos mais importantes e que os outros são o ‘eles’ que combatemos. Nessa condição o ‘eu’ pratica atos em detrimento do ‘nós, mas o ‘nós’ é que luta contra o ‘eles’”.



Dr. Carlos São Paulo

Revista Psique

Escala Editora

 


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