“Essa
história (O Bem-Amado de Dias Gomes) alimenta uma crença muito comum em nosso
meio: a de que indivíduos com a condição ética e intelectual, os verdadeiros
detentores da arte política, não conseguem chegar ao poder. A paixão pelo
comando é o reio por excelência da sombra, um lugar escuro em nossa psique onde
a estupidez e o poder se unem. É aí que habita o lado oculto da votação,
responsável pela inevitável conexão ente a democracia e as nossas
personalidades que desconhecem seu caráter destrutivo.
A psicologia de C. G. Jung explicaria a escolha, pelo povo, de um Odorico por meio do fenômeno da projeção da sombra. Sombra seria uma área de nossa psique, um tipo de segmento da personalidade, local onde habitam as mentiras, as coisas relacionadas aos nossos aspectos desajustados e inadequados, que reprimimos para nos adaptarmos à sociedade e, de maneira particular, ao estarmos inconscientes dela, projetamos emotivamente em uma escolha.
Quanto mais
atuamos de forma primitiva, mais tribais nós somos. Formamos tribalismos com os
nossos amigos, grupos, com as pessoas de nossa religião, e colocamos muros por
acharmos que somos mais importantes e que os outros são o ‘eles’ que
combatemos. Nessa condição o ‘eu’ pratica atos em detrimento do ‘nós, mas o
‘nós’ é que luta contra o ‘eles’”.
Dr. Carlos
São Paulo
Revista
Psique
Escala
Editora