sábado, 1 de janeiro de 2022

Além do “Retorno”

 






Sou um simpatizante de Nietzsche, porém nem de longe ouso comentá-lo fora do meu restritíssimo círculo particular ou desse espaço igualmente peculiar. Suas teses concentram o mais portentoso conjunto de ideias/pensamentos possível a um ser aqui nascido. Ninguém, jamais, facultou com tanta visceralidade os meandros da sensibilidade possível. Entre Seu Todo que acessei, o mais complexo sempre foi o Eterno Retorno.

Todos nós que ousamos citar Nietzsche não somos menores, mas pequenos, por jamais acessarmos com propriedade real toda a força apenas por ele desvendada.

Entendo bastante bem de limites. Compreendo a necessidade de saber seus caminhos, precisão e funções em aplica-los. Sei muito mais sobre a dificuldade de assumi-los. Nietzsche os possuía, o que não posso afirmar é até onde os conhecia, assumia ou os entendia.

Ainda que sempre me debruce sobre tudo o que entendo ser inteligente a seu respeito; desenvolvi um pensar próprio; minha versão sobre o Eterno Retorno.

Nietzsche buscou-se e como um ser desprendido, inegavelmente, distribuiu com abundância e energia o acessado; porém, por motivos que não cabe aqui, cada um de seus admiradores mais ferrenhos precisa particularizar o entendimento do Eterno Retorno. Muito já se disse. Muitos tentaram e também o faço agora avalizado muito, somente por impressões reservadas, responsáveis, e entendendo que mormente é possível fazê-lo não apenas guardando proporções, como sob o manto inegociável do distribuir, do compartilhar o que agrega.

O sensível, o belo, a arte, a vida, a vontade, a busca, o esgravatar; e enquanto um diz que ele usava o martelo para auscultar, outro afirma que era para destruir preconceitos e tudo o mais que aprisionava o homem a não-natureza enquanto outro afirma que os dois estão certos e... isso nunca pára.

Por quais motivos não descobri - minha forma de leitura é limitadíssima -, então posso me repetir sobre defesas a respeito da acepção do Eterno Retorno, ao entender que seu significado está implícito. Seus simpatizantes reconhecem a luta de Nietzsche para o desprender do indivíduo de culturas, dogmas e conceitos, por exemplo, que nos mantêm presos a vontades ou determinações terceiras; portanto, transmutar esse estado somente será possível quando o homem, uma vez mentalmente liberto, se soltar das amarras imputadas, na sua maioria, obviamente, devido ao seu ignorar. Quando finalmente essa percepção for atingida ele será dominado por sensações próprias de êxtase, de graça, de arrebatamento somente possível ao Übermensch. Essa força, esse estado de consciência atingirá, inexoravelmente, todo aquele que, após inesgotáveis idas e vindas em um ir e vir eterno, defendido por inúmeras escolas - inclusive o Budismo reconhecido por Schopenhauer – apreender as necessidades que até então aqui o mantiveram.

 

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