Há uma alugação abobada no ocidente que envolve a Iluminação - propositalmente, não vou discorrer sobre outras denominações que amenizam, deturpam ou prejudicam o inegociável estado sacro sempre que esse assunto é abordado. O uso da expressão “Iluminação” na maioria das vezes, por si só, desperta no pretenso neófito uma espécie de alucinação; é claro, quando se está propenso à coisa. Sobejamente imaturo, nem sempre tem ao lado pessoas sérias para lhe explicar que é muito importante que se adquiria intenções verdadeiras para a elevação espiritual, mas atingir a iluminação como a assistimos em avatares, em revistas noticiosas e sites da internet ou ex faquires ricos e obesos, nem de longe é o paraíso que imaginamos – muitas vezes, durante todo o desenvolvimento.
Iluminar-se é como passar de ano, digo, não o costumeiro avançar na escola, mas uma passagem comum, como aconteceu agora de 2021 para 2022. No dia 1º acordamos com tudo por fazer como sempre foi – as vezes até pior, afinal ficamos vendo as comemorações na televisão até tarde e deu preguiça; invariavelmente acompanhados e de certa forma, embriagados o suficiente para pensar em outras coisas melhores do que ajeitar a bagunça gerada nas comemorações. Ainda que geralmente seja feriado para uma série de nós, para muitos, o dia 1º é um dia normal de trabalho, de afazeres domésticos, de enfrentamento da vida etc., ou seja, independentemente de estar ou não iluminado, você precisa sobreviver. Da minha parte digo que é como ser um político, “pastor, padre ou policial”; ou servidor público, ocupações cujas responsabilidades geralmente não são levadas em consideração, no entanto aumentam especialmente por razões óbvias, afinal agora você precisa fazer tudo como sempre fez, porém, sua consciência, - caso isso aconteça de verdade - irá te cobrar com mais firmeza o que, até então, apenas o meio o fazia.
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