O ônibus chega e entramos juntos. Meu colega de trabalho
escolhe o banco imediatamente à minha frente, senta, e de pronto aciona a
alavanca para deitar o banco, cometendo uma atitude que me incomoda e que,
obviamente, reprovo. Recolho-me rapidamente para não ser acertado no nariz, abaixo
a cabeça. Mesmo sem testemunhas, finjo que não é comigo, que não vejo, que não
me incomodo e enquanto busco meu livro na mochila, em seu telefone aciona sua
música predileta em um volume a ele, também normal, porém incômodo aos demais.
Ouvindo o estilo compreendo suas atitudes, e juntos, eu e meu estranhamento nos
recostamos entregues à leitura, me recolhendo ainda mais; tudo é condizente com
o estado que se apresenta.
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