Era preciso reverter o entendimento sobre a crença do
pecado relegando o pecador tão somente ao seu estado de um irmão — agora —
ausente.
Ou seja, se as crenças cristãs — ou qualquer outra de
viés parecido — pregam a irmandade, a justiça e o perdão, e já se passaram dois
milênios de sua fundação, está mais do que na hora de mudar esta atenção, revertendo
do pecador (tempo passado) para o não apenas entendimento, mas esquecimento das
ocorrências (tempo agora), elencando assim a compaixão; o que demonstraria que
o legado dos séculos a elegeu como um princípio a altura dos ensinamentos das
Escrituras Sagradas.
Não há porque continuar alimentando o ocorrido. Hoje as expectativas dos fiéis estão orientadas, no mais das vezes, para um pensar voltado ao que sofrerá o pecador e menos ao que fizemos para nos encontrar em tal situação de sofrimento, no entanto o, ficarmos realimentando o que aconteceu, não é salvo confuto para purgar em nós o que fez acontecer, o porquê do ocorrido. Esse arrastar-se remoendo negativamente algo que não poderá ser mudado somente alimenta ainda mais, a possibilidade de episódios similares. Retroalimentar energias ruins contra os causadores de nosso mal-estar é contraproducente, antes devemos entender que tais incidentes obrigatoriamente serão amenizados se internamente os trabalharmos positivamente enquanto seguimos adiante.
Se não concordamos com esse pensamento, é certo que nosso
universo precisa ser pensando além do que aprendemos e, portanto, entender de
uma vez por todas que existe um Sistema Universal regendo todo o processo e
que, obviamente, ele é justo; desde então, desse esclarecimento, deveríamos
parar de nos concentrar no pecado alheio, voltando a nos dedicar, inspirados em
nosso avançar, onde, inequivocamente os caminhos são auspiciosos e estão
esperando para serem desvendados.
De posse dessa compreensão, uma vez entendido que o universo cuidará dos dois igualmente, ou seja, com as medidas adequadas a cada processo, uma carga enorme que nos trouce envolvidos em sofrimentos gratuitos pensando nas ações sofridas e ainda pior, desejando e torcendo em vão para que nossos algozes padecessem nas profundezas do inferno, sim, em vão, porque todos adquirimos ou ao menos, em algum momento, após ações que prejudiquem um irmão, tomaremos para nós a própria carga com sua dose insuportável de culpa, arrependimento e melancolia por nossos atos impensados — mesmo em pensamento. Este é o inferno que cada um leva às costas, portanto, desejarmos o mal a quem nos fez mal é uma redundância que afeta negativamente a nós próprios.
Tomar ás costas o peso do que terceiros praticaram contra
nós é arrastar uma ocorrência atroz por um tempo muito além do necessário; todo
aquele que aprende e faz da compaixão sua meditação, entende que um ato é
apenas uma ocorrência necessária ao universo e este, tenha certeza, terá a
solução mais acertada enquanto se ocupa do assunto; o que sabemos nós, que
pretensão a nossa que nada sabemos frente a ele.
Se alguém nos causou algum mal, devemos trabalhar
tentando não pagar com a mesma moeda, devemos aprender que manter uma postura
de paz frente as ocorrências que nos prejudicam, faz com que, fatalmente, elas
em algum tempo sejam esgotadas; retroalimenta-las continuará nos posicionando
frente a outros fatos semelhantes.
Temos séculos de pensamentos negativos contra aqueles que
prejudicaram de alguma forma nosso modo de viver com ações criminosas, porém
aceitar o agora e procurar desesperadamente como fazer para pararmos de olhar
para trás, deveria ser o novo normal de todo o cristão que definitivamente
aprendeu que sua crença na irmandade faz dele um ser livre para seguir em
frente.
Da série; vamos
prorrogar a existência do sentimento
Bhonachinho
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