O que é o Plano Terra frente ao universo; somos tudo isso? Somos, vamos colocar assim, mais, uma equipe denominada terráqueos ou humanos, e como toda equipe, só é possível conseguir alguma coisa, isto é, conquistar benesses, jogando junto. Como essa, “alguma coisa”, ainda está indefinida para muitos de nós, a ação mais razoável é, pegarmos juntos, nos respeitando mutuamente, independentemente se os membros agradam sempre.
Ao utilitarismo, para fazer uma omelete é preciso quebrar alguns ovos - Soa bonito e até desperta grande simpatia ao observar o utilitarismo tão somente sob a ótica de sua denominação barata, onde propõe “promover o prazer e a felicidade do coletivo”; mas as nuances revelam tons bastante diferentes, uma vez que o olhar míope se detenha a analisar o processo e suas condutas com as lentes adequadas. Verá que muitos daqueles que orbitam entre eles, que podem ser julgados e condenados por dificultarem o objetivo principal dos utilitaristas, devem ser eliminados em detrimento àqueles que concordam com a ideia egoísta de se dar bem.
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Como todos os “ismos”, o utilitarismo tem suas
aplicabilidades sob a ótica da ponderação e, uma vez respeitada a sentença de
Kant apontada no livro Justiça, de Michael Sandel; não apenas ele, e sim, todas
as doutrinas que visam o respeito humano poderão em um tempo/espaço distante,
figurarem unidas em alguma espécie de hegemonia que vise o bem-estar comum:
“Uma
boa ação não é boa devido ao que dela resulta ou por aquilo que ela realiza”
escreve Kant. Ela é boa por si, quer prevaleça que não. “Mesmo que (...) essa
ação não consiga concretizar suas intenções; que apesar de todo o seu esforço
não seja bem-sucedida (...) ainda assim continuará a brilhar como uma joia,
como algo cujo valor lhe seja inerente”.
Para
que uma ação seja moralmente boa, “não basta que ela se ajuste a lei moral —
ela deve ser praticada em prol da lei moral”. E o motivo que confere o valor
moral a uma ação é o dever, o que para Kant é fazer a coisa certa pelo motivo
certo.
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