As palavras são
livres, somos, cada um de nós, que as originamos e a ela damos vida assim que
as proferimos.
A palavra em si é
abstrata, mas, ao incauto, ela pode ser muito bem embrulhada ao mesmo tempo que
embrulha.
Desdenhosamente, meu primo brinca com o assunto; “hoje, você levanta uma pedra e sai debaixo dela, alguém que se proclama intelectual”. Ainda que pareça exagero, é certo que temos um excesso de autores de trabalhos estudantis ligados ao assunto circulando nas redes ou tornados compêndios devido a facilidade de postar seus projetos com baixo custo.
Após um longo período dedicado ao tema, por quais motivos não sei, uma questão raramente é abordada; como migrar dos pensadores clássicos nomeados nas escolas — ação obrigatória a todo aquele que busca algum entendimento maior — para os contemporâneos, em tempos de partidarismos tolos, parcialidades camufladas ou ideias simpáticas a grande maioria?
Hoje, no país, por exemplo; temos dois influenciadores ícones e muito bem preparados em suas cátedras que se proclamam ateus, um outro, é fato que sua tendência é cristã, uma autora de livros é budista e assim por diante, porém os, ainda, alunos — ao neófito realmente interessado, não é possível deixar os bancos escolares, mesmo nas Pós, sem saber diferenciá-los e o que essas tendências causam nas suas defesas — dificilmente observarão estes perfis; o caminho comum atual, é a simpatia ao que se vê, e não ao que se fala. Sim, a palavra é o principal, mas é preciso entender que a palavra é articulada através de uma mente muito bem embrulhada, muito bem articulada, estudada para atrair simpatizantes, ou pior, seguidores e, portanto, tendenciosa.
Nos bancos escolares é obrigatoriamente permitido a lembrança de muitos homens tendenciosos, afinal eram tempos de descobertas puras, ingênuas, no entanto isso foi e serve tão somente aos bancos escolares, afinal muito do que foi dito caiu por terra ou foi totalmente devorado por pensamentos lúcidos. Debruçar-se sobre um destes que insistem em se promulgar isso ou aquilo com seus chapéus e gravatas alinhados e meticulosamente escolhidos é perder um tempo precioso; antes, voltar-se aos livros e fazer suas próprias avaliações sobre o que realmente é importante ao contexto atual para a humanidade e então descobrir que, uma grande parcela do que estamos assistindo não nos levará muito além do século XVIII.
A contextualização deve ser dinâmica e perene e seu viés
precisa também ser periodicamente contextualizado por colegiados idôneos e
imparciais. Quando temos o contrário, sob comandos partidários negociáveis, a
tendência é o descaso para com o bem imaterial pensado que remonta tempos
imemoriais, portanto, amplo e abrangente, desastradamente explorado por cabeças
inábeis à grandiosidade do tema.
Era preciso entender que, assim como vários intelectuais
e filósofos, todos aqueles com vieses tendenciosos, que não a abertura total,
sem seus “ques” e “mas”, ou seja, que não se trate de um pensamento amplo e
irrestrito e principalmente, atualizador do processo humano, não deve ser
qualificado como uma filosofia, quando é, ou se trata, mais, de um pensamento
cotó, devido a sua incompletude, diferente disso, ele não pode ser inteiro,
muito menos íntegro, e serve tão somente como um balizador para as tendências
que defende.
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