domingo, 31 de agosto de 2014

E para ilustrar...



 ...o desespero próximo a vias de fato.


A paz é complexa, mas possível por obrigatoriamente seguir a ordem natural

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A inteligência não é pré requisito para a obtenção da paz interior, e por sua complexidade, assistimos pessoas, famílias e países dando sinais desse desentendimento ou de total desequilíbrio.

Esta semana – e por esse motivo relato – o diretor Woody Allen em Paris, deixou claro em poucas palavras que algum tipo de sabedoria, ainda que superior ao que comumente assistimos ou conhecimento na mesma proporção somado ao sucesso não são o suficiente para que obtenhamos algum tipo de paz, mesmo beirando os oitenta.

Aqui, nas palavras a seguir, é possível formar uma opinião estarrecedora de como um personagem real pode ser assustadoramente verdadeiro quando, próximo de um final não querido, com suas palavras, parece estar tentando que sua âncora finalmente vá de encontro a um banco de rochas que o salve de seu próprio desespero, ainda que o desconheça ou que compreenda que este é apenas seu.

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Promovendo seu filme mais recente, Woody Allen declarou que, “por ser ateu e não acreditar em outras encarnações ou numa razão para estarmos aqui, tive uma vida muito triste, sem esperança, assustadora” e “você nasce sem motivo claro, sente um comichão sexual inexplicável para ter filhos, os tem, e então eles têm seus filhos, e você tampouco entende a razão. Mais um pouco, e o mundo desaparece, e depois o universo”. Ou ainda, com sua versão sobre manter-se ocupado; observa que o fazer filme serve como uma espécie de fuga da vida real: “se você acordar um dia às três horas e não houver filme, trânsito, barulho, nada, vai refletir sobre a condição humana e sentirá medo.” E finaliza no que parece ser uma entrega de pontos “simplesmente não sei o que está acontecendo nesse mundo”.

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Tenho certo cuidado em minhas postagens, principalmente no que se refere a imagens, para que ela não remeta ao derrotismo ainda que minhas mensagens quando mal interpretadas possam denotar isso, mas a intenção única é vencer a inércia e entender que apesar das palavras em tom niilista dos meus textos que possa levar a um estado ainda mais melancólico, entendo que não há avanço antes do retrocesso e que esse se dará de qualquer maneira, porém neste instante inevitável é importante que estejamos conscientes para o avanço, do contrário ele não acontece; na melhor das hipóteses ficaremos atolados – nem mesmo voltamos ao que era. Portanto, com estas declarações do diretor, fujo um pouco, pois, suas palavras soam mais, como uma imagem atroz e violenta para quem as entende, no entanto, providenciais à busca incessante em chamar a atenção para a nossa causa; existe um preço e até um desvio de rota em postá-las, porém, nada mais correto que essa demonstração; ela ilustra a crueza real de algumas de nossas anotações.


As citações do diretor foram retiradas da Folha.


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