O
materialista sempre tentará – inclusive sob o golpe baixo da responsabilidade -
convencer o simpatizante ao epicurismo; lembrando-o da máxima desgastada de que
somos todos responsáveis por retroalimentar a economia, no entanto aquele se
esquece, não conjectura e acaba por desconsiderar que o fator economia tomou a
dimensão de mito, e que, ao incentivar essa narrativa, a fábula adquiriu
porções graves de especulação justamente por conta da comercialização desenfreada
que amarrou o processo, convencendo a todos inicialmente a considerar a ideia
de que a saída inequívoca seria
elenca-la aos níveis atuais onde a
maioria destas soluções é estranha ao mundo comum. No entanto, é justamente
porque a princípio nada foi realmente planejado que a sanha ao lucro atingiu o patamar de soberania quando sabemos que
a classe econômica se iguala ao claudicado regime monárquico onde, em
detrimento da maioria, mantém apenas uma minoria imune, se beneficiando ou
mesmo a gozar de privilégios observados somente sob o ponto de vista
calculista.
A questão
que precisamos responder é; para um que outro, ainda é possível voltar a viver
sem o mito pernicioso da economia? Obviamente que sim; afinal contam somente
alguns poucos a se desgarrar desta, agora, duvidosa crença: que o feito nem
pode ser considerado contingente – um cômputo desprezível nas estatísticas -;
entendendo que a elogiada atitude em nada afetará a vontade megalômana já
constituída e adequadamente instigada para a alegoria das posses.
Será
possível retornarmos ao simples? - Quando foi que deixamos de entender que
somos todos iguais? A partir da escravidão, onde púnhamos iguais nossos sob a
chibata a fazer, a cuidar do muito, do excesso que a comunidade escravocrata
possuía? Não, deve ter sido muito antes, antes mesmo da aristocracia. Isto vem
dos reis que se diziam empossados pelo próprio divino. No entanto não nascemos
assim. Para chegarmos a esse absurdo de disparidade passamos por centenas de
anos caçando e somando esforços para termos o suficiente para a tribo, o
assentamento rudimentar, depois à comunidade, e então a coisa toda degringolou
com a governança, a política, os sindicatos. Marx ao contrário de outros
pensadores chegou tarde – ou deveria ter guardado para si suas vontades. A bem
da verdade ele só causou polêmica; e proporcionou matéria prima para uma série
de velhacos livrarem o seu – ocorrência comum à história. Marx não é só o pai
da algazarra política; ele é o pai da polarização. Porém ele não tem culpa,
quando ele colocou suas ideias ao vento já não havia mais o que ser feito.
“Tudo o que é natural
é fácil de conseguir,
difícil é
tudo o que é inútil.”
Epicuro
090.q cqe
Da série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos