Para o
homem existem duas situações contingenciais e essenciais, complementaridade
essas, que jamais lhes serão ensinadas - e não somente por perda de tempo -;
suas duas infâncias. A primeira, naturalmente, que se constitui da infância
inconsciente.
No entanto
temos outra chance de uma infância não natural, trabalhada, consciente; que é a
velhice. A natureza da infância é pura, é o que é; a da velhice é a
oportunidade de o homem demonstrar que percebeu; que o período ulterior aos
primeiros anos forjou um ser inteligente e que, por conta desta astúcia
arduamente trabalhada: aproveitará o ocaso para voltar à pureza, abandonando as
idiotices do homem social adulto.
O indivíduo
enquanto vive a situação/ponte, ainda mais obrigatória nos dias atuais,
precisa desenvolver a prática do portar-se como uma cobra, no entanto, somente
em relação à fisiologia do réptil, ao aprender finalmente a abandonar a pele, a
camuflagem adquirida durante a vida adulta.
Portanto,
construa e não desperdice sua serenidade, a velhice é uma conjunção fantástica
de eventos que podemos abordar para finalmente sermos nós mesmos. Maduros e
desvencilhados o suficiente para repassar o que tivemos, e então, prontos à
simplesmente abandonar coisas. Temos aí a última oportunidade de aprender a
conjeturar relações que ao longo da vida aguçaram sensibilidades também em associações
generosas, como e principalmente aos valores, amor, sinceridade e honestidade
às pessoas e para consigo mesmo... descompromisse-se na velhice.
*
Deus nos dá a infância
para aprendermos como é, mas nós o provocamos com nossa velhice provando que
nada aprendemos.
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