sábado, 26 de outubro de 2019

Da série; O Verbo



A ciência é a voz de Deus para aqueles que ainda não acreditam Nele.





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Uma vez aqui...




Não há como arquitetarmos uma evolução objetiva no Plano Terra enquanto não for trabalhada a consciência de que, por ora, a única evolução factual – primeira/possível - por estes vales é a evolução individual, a evolução como ser indivíduo; atingida essa, a outra acontecerá efetivamente... ainda que daí, se possa finalmente entender que isto não é importante, ou melhor, que durante todo o estado anterior à evolução pessoal; este sempre foi o mote não acordado.

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Seletividade











Uma boa mecânica para a autodisciplina se baseia no, aprender a parecer, - a simular inicialmente - não dar atenção, até não se importar realmente com o descartável. Isto tão somente às coisas e fatos; jamais às pessoas. Porém este expediente não é possível ao indivíduo que nem mesmo presta atenção a quantas anda seu nível de importância às banalidades que o circundam.







Profissionais entendem como ato comum haver esta dispersão na aleatoriedade do cotidiano, mas a ideia, o objetivo, o mote único é a busca incansável para alcançar a vontade de tomar posse do estado de atenção. É imprescindível então, migrar para uma condição de naturalidade consciente do agir; não se mantendo desatento indefinidamente por falta de concentração; abstração, ou indiferente por alienação mesmo – patologia. Certo é que o mecanismo aqui descrito deve ter um tempo de validade e, contrário ou diferente do habitual, do padrão especulativo; a observação precisa ser calibrada gradativamente durante o exercício à ajustes que automaticamente descartam o não necessário, o que tira o foco. E somente a atenção aprimorada não tende ao desviar gratuito. No entanto esta transição não deve ser dominada a fórceps. Não por não haver nada de relevante na maior parte das ações cotidianas - é na ordinariedade que se aprende; mesmo a duras penas, sobre o entorno -, e sim porque os parâmetros do observar avançarão paulatina e indubitavelmente ao ponto do reconhecimento imediato sobre o decifrar de pronto; o viés, a aura, a intenção do que está ocorrendo a ponto de, finalmente de posse de uma percepção apurada compreender que nada ali existe que deva ser dada maior atenção.



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Alguém acertadamente apontou que não dedicaria um segundo sequer à filosofia em troca de um instante prazeroso do cotidiano.


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Sempre, em algum momento especialmente aguardado, o faro da percepção se apresenta a todo àquele que se debruça incondicionalmente sobre uma vontade.



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sábado, 19 de outubro de 2019

O obrigado não se profissionaliza




Como conquistamos este grau sôfrego desvalido de laicismo a que nos encontramos? Onde nos acomodamos no acastelar de um individualismo malsão e faccioso no sentido de que nos limitamos, a cada dia mais, em nichos de conhecimento, apoiados em aprendizado de domínio comum de grupelhos que se bastam que, na incompetência em si se baseiam no despreparo para finalmente se acovardar no passadiço dessa aglomeração polarizada, que mais parece - se de alguma sorte pudessem se assistir ou tivéssemos a coragem de nos enxergar; de um gargalo ordinário; um espetáculo deplorável! 

Em que altura está posicionada a régua que nivela nossa atenção ao todo que inegociavelmente é salvo conduto a nos resguardar na nossa individualidade, objeto único que se mostrará nosso quando nada mais nos resta por conta das más apostas pautadas no discernimento deficiente a que nos atiramos por vontade própria – ainda que influenciados - sem os cuidados necessários por conta do comodismo generalizado a que viemos cultivando com mais afinco que nossos antigos planos e vontades esquecidas?



Isso posto, está correto afirmar que observado a olho pequeno é o amadorismo generalizado que impera e que é graças a ele que uma gama ou melhor que a população temporal, desapropriada – leia-se; todos? -, acabam bem ou mal parcamente sobrevivendo e que, caso o profissionalismo fosse de alguma sorte, de uma hora para outra despertado e se abatesse sobre alguma espécie de necessidade real de medidas executadas com excelência para que a sociedade sobrevivesse sobre uma pauta séria, reta; em que medida o humano, como um todo, dado seu despojamento atual e generalizado à consciência com a crise institucional eminente a que alguns poucos assistem e concordam; qual o volume, o contingente a ser então apreciado para a missão!?!








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O Buscador




Todo o grande tem dimensões enquanto você busca dentro do próprio desconhecimento. Daí, nenhuma dimensão é inexplorável ou deveria preocupar.





Ao conhecer, tem-se a certeza de que não há dimensões, o superlativo transcende tudo o que imaginamos. Daí, portanto; nenhuma perspectiva é inexplorável ou realmente preocupa.



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Tangibilidade quimérica








Os melhores responsáveis possíveis são aqueles que não querem assumir responsabilidades. Identificados, obviamente, que não o fazem por indolência, irresponsabilidade ou soberba. Por serem os únicos capazes de cumpri-las em virtude de seus princípios e honra; por sua palavra.

No entanto estes possuem singularidades inadequáveis ao processo vigente; precisam de carta branca para agir, e este expediente é cada vez mais difícil em um sistema notadamente empalidecido e manifestamente contaminado.













Como se é possível assumir responsabilidades autênticas em um sistema que, notadamente se acovarda frente ao comprometimento por conta, justamente, de sua concepção insciente?






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domingo, 13 de outubro de 2019

Transcendental




Quando perdemos alguém ou uma oportunidade muito especial, o ato em si pode desencadear instabilidades até incontroláveis, capaz de atingir mesmo as vítimas simpáticas a transitoriedade, a atemporalidade. Basta um instante e tudo perde o sentido. O tempo não é mais como o entendíamos; as coisas, as perspectivas, e ainda assim é preciso seguir em frente... nem sempre dá.




Algo parecido também se dá quando nos deparamos com os imensos portões da transcendentalidade e vislumbramos uma fenda diminuta por um lapso de instante – um insight. Nada mais faz sentido realmente. O tempo não é mais como o entendíamos; as coisas, as perspectivas, e ainda assim é preciso seguir em frente... nem sempre dá.


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Do retorno a um pensar contextualizante



Como é possível, existirá algum mecanismo, será idealizado algum instrumento capaz de esboçar uma perspectiva a indivíduos equivocados que pregam sua segurança em velhos arquétipos a finalmente retomar um pensar contextualizante; a quebrar paradigmas!?!


Caberia aí a reflexão niilista de que; o futuro que pode ser pensado é um futuro perigoso no sentido de que é um horizonte baseado no que existe, em um amanhã posto; estagnado. Um futuro onde as possibilidades jamais poderão retomar algum viés puro de liberdade ou coisa que o valha!?!






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Hierarquia respeitosa



Um carinha muito safo – um conselheiro - ao qual tenho contato certa vez respondeu-me uma questão sobre jamais exercer ou evidenciar sua autoridade com uma sentença; “quem verdadeiramente adquire poder não usa o poder que tem”. O contexto do assunto à época – entre outros enredos que não vem ao caso aqui - dizia respeito à ponderação; da responsabilidade com que o indivíduo que alcançou certo destaque precisa assegurar concomitante ao poder adquirido e observar na mesma proporção a forma centrada, comedida, antes de lançar mão dessa autoridade. E ficou claro que sua observação dizia respeito ao modo ordinário, vulgar, do uso volúvel de prerrogativas, não raro, supostas, apenas porque se detém tal poder. E complementou que, invariavelmente é um desperdício de energia e mais se está expondo a situações improdutivas, quando apenas lançando mão do conhecimento e/ou discernimento se tem aí material suficiente para resolver a maioria das questões.



Exige-se muita consciência para adquirir responsabilidade; ensina. Afinal, cabe ao pequeno respeitar o superior hierarquicamente, no entanto é ainda maior o compromisso deste em relação às gentilezas sempre indispensáveis para com o primeiro.


Em se buscando a decência, quanto mais alta a posição maior é a responsabilidade em ser educado.


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sábado, 5 de outubro de 2019

Doutrina, não; disciplina




Espírito disciplinador - Após assistir o filme “Kardec”, reafirmo minha opinião de que o espiritismo é um processo natural, portanto não pode ser observado de maneira alguma como uma doutrina no que se refere a religiosidade como a entendo. Uma doutrina sim, no entanto, apenas, ao levar em consideração a valorização do rito através do recolhimento, do respeito, do comportamento comedido, reto, íntegro, moral e aglutinador de valores pautado no entendimento consciente de um depois; de que há mais e, portanto, no mínimo, o ser humano precisa acautelar-se em suas decisões por conta da incerteza, do ignorar frente à ciência - a nós - inexata do existir humano em comparação ao universo sutil.


Não enxergamos as bactérias e micro elementos sem o auxílio de aparelhos sofisticados. Acreditamos nas benesses das energias dos alimentos, por exemplo, propaladas por uma gama infindável de teses. Somos levados a acreditar na expansão ininterrupta dos cosmos por conta de pouquíssimos estudiosos do assunto. No entanto, no que se refere ao mundo espiritual as evidências apontadas vão contra – por ora - uma cultura estabelecida entre bactérias e expansão estelar a qual tanto avançou no entanto preteriu oportunizar o processo natural preferindo acovardar-se na espetacularização desnecessária e contraproducente negligenciando que o ser desprovido de corpo continua seu processo natural na existência.


Se não posso provar que é (ou como, ou porque) e algo indica que aquela ação não me é favorável frente à dúvida, o bom senso aconselha que o melhor a fazer é não agir... e vice versa. Concomitante a esta máxima, transformar o desconhecido em espetacular por razões instintivas que facultam estados, valoradas e oportunizadas a assim permanecer é mais um permanecer no pensar erudito que avançar para a metafísica do desprendimento.


Posto que, “o trabalho dignifica o homem”, “fora da caridade não há salvação”; seja quais outras ações que façamos imbuídos de sensatez fatalmente irão se provar, para todos que são sensíveis à prática destas máximas que, naturalmente empossados de boa índole; manifestamente se “religaram” a Deus independentemente de chancelas autoritárias.




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(Pré)visões




A idealização de um pensamento benfazejo, utópico ou complexo, dificilmente se tornará ação na concepção fértil do seu autor sem o maturar devido; este, mesmo impossível em séculos. Em situações outras, nem mesmo se dá em eons. No entanto é uma semente que em alguma pulsação alheia ao nosso querer pode vingar independentemente do tempo/espaço que afirmamos ter ciência.






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Carreiras e correrias





A nota na primeira página de determinado semanário revela que uma palestrante recebe das empresas até 20 mil por seção para ensinar funcionários a ser feliz.


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Se a intenção é valor econômico ao decidir-se por uma carreira é dinheiro que você terá, jamais, felicidade.







No livro A Arte da Felicidade de
Sua Santidade, o Dalai Lama e Howard C. Cutler:


Acabei tendo a oportunidade de examinar suas opiniões em maior profundidade em encontros diários com ele durante sua estada no Arizona e, dando continuidade a essas conversas, em outras mais longas na sua casa na Índia. Enquanto trocávamos ideias, logo descobri que havia alguns obstáculos a superar no esforço para harmonizar nossas perspectivas diferentes: a dele a de um monge budista, a minha a de um psiquiatra ocidental. Comecei uma das nossas primeiras sessões, por exemplo, propondo-lhe certos problemas humanos comuns, que ilustrei com alguns relatos cansativos sobre casos reais. Depois de descrever Itma mulher que persistia em comportamentos autodestrutivos apesar do tremendo impacto negativo sobre sua vida, perguntei-lhe se ele teria uma explicação para esse comportamento e que conselho poderia oferecer. Fiquei pasmo quando, depois de uma longa pausa para reflexão, ele simplesmente disse que não sabia e, dando de ombros, soltou uma risada afável.

Ao perceber meu ar de surpresa e decepção por não receber uma resposta mais concreta, o Dalai-Lama explicou:

— Às vezes é muito difícil explicar por que as pessoas fazem o que fazem... Com frequência, a conclusão é que não há explicações simples. Se entrássemos nos detalhes da vida de cada indivíduo, tendo em vista como a mente do ser humano é tão complexa, seria muito difícil compreender o que está acontecendo, o que ocorre exatamente.

Achei que ele estava usando evasivas.

— Mas, na qualidade de psicoterapeuta, minha função é descobrir os motivos pelos quais as pessoas fazem o que fazem...

Mais uma vez, ele caiu naquela risada que muitas pessoas consideram extraordinária — um riso impregnado de humor e boa vontade, sem afetação, sem constrangimento, que começa com uma ressonância grave e, sem esforço, sobe algumas oitavas para terminar num tom agudo de prazer.





— Considero extremamente difícil tentar descobrir como funciona a mente de cinco bilhões de pessoas — disse ele, ainda rindo. 

— Seria uma tarefa impossível! Do ponto de vista do budismo, são muitos os fatores que contribuem para um dado acontecimento ou situação... Na realidade, pode haver tantos fatores em jogo que às vezes é possível que nunca se tenha uma explicação completa para o que está acontecendo, pelo menos não em termos convencionais.

Ao perceber uma certa perturbação de minha parte, ele prosseguiu com suas observações.

— No esforço de determinar a origem dos problemas de cada um, parece que a abordagem ocidental difere sob muitos aspectos do enfoque budista. Subjacente a todas as variedades de análise ocidental, há suma tendência racionalista muito forte, um pressuposto de que tudo pode ser explicado. E ainda por cima existem restrições decorrentes de certas premissas tidas como ilíquidas e certas. Por exemplo, eu recentemente me reuni com alguns médicos numa faculdade de medicina. Estavam falando sobre o cérebro e afirmaram que os pensamentos e os sentimentos resultam de diferentes reações e alterações químicas no cérebro. Por isso, propus uma pergunta. É possível conceber a sequência inversa, na qual o pensamento dê ensejo à sequência de ocorrências químicas no cérebro?
Mas a parte que considerei mais interessante foi a resposta dada pelo cientista. “Partimos da premissa de que todos os pensamentos são produtos ou funções de reações químicas no cérebro.” Quer dizer que se trata simplesmente de uma espécie de rigidez, uma decisão de não questionar o próprio modo de pensar.

Ficou calado por um instante e depois prosseguiu.

— Creio que na sociedade ocidental moderna parece haver um forte condicionamento cultural baseado na ciência. No entanto, em alguns casos, as premissas e os parâmetros básicos apresentados pela ciência ocidental podem limitar sua capacidade para lidar com certas realidades. Por exemplo, vocês sofrem as limitações da ideia de que tudo pode ser explicado dentro da estrutura de uma única vida; e ainda associam a isso a noção de que tudo pode e deve ser explicado e justificado. Porém, quando deparam com fenômenos que não conseguem explicar, cria-se uma espécie de tensão. É quase uma sensação de agonia.

Muito embora eu percebesse que havia alguma verdade no que ele dizia, de início considerei difícil aceitar suas palavras.

— Bem, na psicologia ocidental, quando deparamos com comportamentos humanos que na superfície são difíceis de explicar, temos algumas abordagens que podemos utilizar para entender o que está ocorrendo. Por exemplo, a ideia do aspecto inconsciente ou subconsciente da mente tem um papel de destaque. Para nós, às vezes, o comportamento pode resultar de processos psicológicos dos quais não estamos conscientes. Por exemplo, poderíamos agir de uma determinada forma a fim de evitar um medo oculto. Sem que percebamos, certos comportamentos podem ser motivados pelo desejo de impedir que esses temores venham à tona no consciente, para que não tenhamos de sentir o mal-estar associado a eles.

O Dalai-Lama refletiu por um instante antes de responder.

— No budismo, existe a ideia de disposições e registros deixados por certos tipos de experiência, o que é meio parecido com a noção do inconsciente na psicologia ocidental. Por exemplo, um determinado tipo de acontecimento pode ter ocorrido num período anterior na sua vida e ter deixado um registro muito forte na sua mente, registro este que pode permanecer oculto e mais tarde afetar seu comportamento. Portanto, há essa ideia de algo que pode ser inconsciente: registros dos quais a pessoa pode nem ter consciência. Seja como for, creio que o budismo tem como aceitar muitos dos fatores que os teóricos ocidentais podem apresentar, mas a esses ele somaria outros fatores. Por exemplo, ele acrescentaria o condicionamento e os registros de vidas passadas. Já na psicologia ocidental há na minha opinião uma tendência a superestimar o papel do inconsciente na procura das origens dos problemas de cada um. A meu ver, isso deriva de alguns pressupostos básicos a partir dos quais a psicologia ocidental opera. Por exemplo, ela não aceita a ideia de que registros possam ser herdados de uma vida passada. E ao mesmo tempo há um pressuposto de que tudo deve ser explicado dentro do período desta vida. Assim, quando não se consegue explicar o que está provocando certos
comportamentos ou problemas, a tendência é sempre atribuir o motivo ao inconsciente. É mais ou menos como se a pessoa tivesse perdido algum
objeto e decidisse que esse objeto estaria nesta sala. E, uma vez que se tenha tomado essa decisão, já se fixaram os parâmetros. Já se excluiu a possibilidade de o objeto estar fora daqui ou em outro aposento. Com isso, a pessoa não para de procurar, mas não encontra nada. E, mesmo assim, continua a pressupor que o objeto ainda esteja escondido em algum lugar neste recinto!"

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