Uma boa
mecânica para a autodisciplina se baseia no, aprender a parecer, - a simular
inicialmente - não dar atenção, até não se importar realmente com o
descartável. Isto tão somente às coisas e fatos; jamais às pessoas. Porém este expediente
não é possível ao indivíduo que nem mesmo presta atenção a quantas anda seu
nível de importância às banalidades que o circundam.
Profissionais
entendem como ato comum haver esta dispersão na aleatoriedade do cotidiano, mas
a ideia, o objetivo, o mote único é a busca incansável para alcançar a vontade
de tomar posse do estado de atenção. É imprescindível então, migrar para uma
condição de naturalidade consciente do agir; não se mantendo desatento indefinidamente
por falta de concentração; abstração, ou indiferente por alienação mesmo –
patologia. Certo é que o mecanismo aqui descrito deve ter um tempo de validade
e, contrário ou diferente do habitual, do padrão especulativo; a observação
precisa ser calibrada gradativamente
durante o exercício à ajustes que automaticamente descartam o não necessário, o
que tira o foco. E somente a atenção aprimorada não tende ao desviar gratuito.
No entanto esta transição não deve ser dominada a fórceps. Não por não haver
nada de relevante na maior parte das ações cotidianas - é na ordinariedade que
se aprende; mesmo a duras penas, sobre o entorno -, e sim porque os parâmetros
do observar avançarão paulatina e indubitavelmente ao ponto do reconhecimento
imediato sobre o decifrar de pronto; o viés, a aura, a intenção do que está
ocorrendo a ponto de, finalmente de posse de uma percepção apurada compreender
que nada ali existe que deva ser dada maior atenção.
*
Alguém acertadamente apontou que não
dedicaria um segundo sequer à filosofia em troca de um instante prazeroso do
cotidiano.
*
Sempre, em algum momento especialmente aguardado, o faro da
percepção se apresenta a todo àquele que se debruça incondicionalmente sobre
uma vontade.
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