A ilustração com o quadro de Jean-Baptiste-Siméon Chardin do ano de 1738, em uma revista qualquer, alude a ação de um menino entre absorto e impressionado com a dinâmica do pião em movimento, totalmente desperto ao brinquedo em relação aos afazeres dos deveres estudantis caseiros. O quadro é do Séc. XVIII, e imediatamente sou catapultado para o meu instante histórico.
“Se um simples pião tem esse poder hipnótico; como as
crianças e adultos do nosso século serão capazes de abandonar os
entretenimentos massivos a que estão sujeitos, para se entregar ao conhecimento
real? ” — Penso.
Levando em consideração que a confecção e a dinâmica do
pião vêm de um simples graveto esculpido que gira se mantendo estabilizado sob
o equilíbrio de sua própria força centrípeta, vem-me a questão; e o que é isso,
frente aos séculos que se estendem entre a essa análise do autor à
transformação do entretenimento desde então!?! Brincar e entreter-se é preciso,
é lúcido e saudável, no entanto, é certo que precisamos ir um pouco além do
brincar e da pureza da arte denunciada na obra do mestre Jean-Baptiste-Siméon,
creditando ao processo de investimentos gigantescos, ações nefandas, que vem
forjando o assunto, ao ponto de se tornar uma das indústrias mais rentáveis do
planeta; um tal grau exponencial de distração que não seria exagero comparar o
quadro atual do esquema como um todo, como narcótico.
Some-se a isso uma teoria da conspiração que nada tem de
teórico. Na prática uma questão precisa ser levantada: quanto desta
industrialização faz parte, tem o aval ou, se pensarmos que agora, governo algum
tem poder sobre ela, quanto os próprios poderes são beneficiados, ou melhor,
quando eles, conjuntamente aprenderam, que é preferível que a criança opte ao
pião aos livros?
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