domingo, 29 de dezembro de 2013

Auto-retrato






...

        Como se cria um auto retrato escrito!?! 

...se se fala de alguém ousado e corajoso, o processo é longo e meticuloso e também depende muito de como levou a vida construindo as palavras.

...se se fala em alguém fraco; é ainda mais difícil de chegarmos a um consenso nobre – sobressai-se o arquétipo da fraqueza.

...se as palavras foram grafadas despretensiosamente, por exemplo: após terem sido pensadas em um mundo todo particular e o que foi registrado a primeira vista lembram apenas formas plásticas (plasmada, modeladas, amoldadas) de representação que pouco ou nada dizem do autor a não ser a um ou outro mais atencioso ou mais próximo; não chegaremos a lugar algum.

...se a energia latente dos significados foram subterfugiados matreiramente, consciente ou inconscientemente - e agora, para obter-se um autorretrato que forneça a radiografia final do autor é necessário decifrar no invisível com aparelhos tão sutis quanto este próprio nada; que tanto pode conter uma realidade quanto duas e somente ao operador do milagre da descoberta cabe a responsabilidade de revelar qual lhe será indicada; pouco podemos fazer.

...se todo escritor é um poeta, e independentemente se o tenham ou não como medíocre, não interessa a nós a sua verdade, pois na verdade ela poderá jamais ser revelada e cabe somente a ele o quanto do seu autorretrato decifrado é fiel; autor que se preza, não se desnuda jamais.

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Panorama


Uma leitura de mundo para fim de ano
Vivemos reféns de gostos imputados, de comportamentos duvidosos e estranhos a uma essência pura; deveríamos voltar à pureza então? Nada (não, ao menos, no sentido primitivo do que isto signifique).

Compreender, e não apenas aceitar que o processo é irreversível seria uma via, e, que o progresso é condição natural do homem inteligente, porém, de alguma maneira conscientizar-se sobre: por um freio aos atropelos desta inteligência dinâmica que se soma as paixões da vida pungente; reside aí a dificuldade de equilibrar melhor nossas ações.

O homem descobriu seu poder e que nada lhe é impossível. Somente o tempo o distancia da meta imposta, mas este é mais um perigo que uma benção, pois nos parece que há tempos ele não tem se preocupado em como pagará a conta decorrente desse estado de coisas. 
 

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Policiamento



Para um olhar externo, não é que eu também não entenda ou confie na máxima de que: “comigo nunca irá acontecer”, - observando a fatídica frase dos seguros sem conhecimento, ou imprudentes contumazes – tenho a convicção plena de que estamos expostos a tudo e a qualquer instante a vida pode nos surpreender para o sim ou para o não, e por isso, ao contrário de afirmações de segurança gratuita como esta, entendo ser melhor agir com prudência mesmo que andando no limite, ou que, para alguém que desavisado me observe, mostre-lhe um descompromisso camuflado em uma película manhosamente controlada, de fingimento.

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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Cortando na ilusória carne





 

“Não há como o homem “pronto” ser doutrinado se ele não for tocado radicalmente em seu brio, mesmo que este seja uma ilusão tida como porta estandarte e de nada lhe valha realmente.” [sic]

*

Inicialmente, antes de todo o processo de retorno, antes mesmo de compreender não apenas significativamente a possibilidade de entender-se também parte do Sagrado, o aluno precisa passar, vencer a rebentação do querer mundano; o visco da paixão que detém as amarras de seu estado prisioneiro. E para vencer esta rebentação, ele não tem muito mais além de suas minguadas convicções que, novas a ele, parecem estribadas também, em um pequeno grupo de ideias recentes repetidas por algumas pessoas que ainda lhe são estranhas – realmente é pouco.
É somente neste período que as secções serão sentidas, pois ainda há o vínculo com a grotesca matéria. Pouco sabe ele que apesar de sua importância, felizmente, está se tornando lição vencida, porém, a partir da rebentação, uma vez pleno do novo, nada, que o vincule a velha vida, será motivo de dúvida: uma vez consciente daquilo que deve ser abandonado – agora, definitivamente, não há mais sentido.

 “A paciência não existe para aquele que a possui.” Alguém disse isso e isto é comprovável quando estamos diante de uma pessoa que não carrega a preocupação do tempo ao esperar que a providência aja. Ele simplesmente vai existindo. É o que acontece também, quando estamos fazendo a passagem da consciência da grosseira matéria para o sutil; não há mais a preocupação com a perda, com o abandono, com o romper vínculos, - mesmo os de sangue - que à matéria pertence. 

Indubitavelmente, este estágio chegará à todos, - a tempo incontável para alguns; talvez seja por isso que fora da matéria não há tempo, foi uma forma encontrada por Deus para amenizar a espera – mas, (e talvez por isso) é preciso enfrentar o processo de cortar a carne ilusória, sentir na carne de material anímico as dores reais da iniciação, do batismo – nada de deitar na lagoinha amparado pelo pastor. Esta foi a forma que encontrei para fazer referência aos momentos difíceis pelos quais o verdadeiro buscador passa quanto das dúvidas iniciais, sobre suas decisões de abandonar o concreto ilusório - o mundo de ilusões até então tão possível -; e jogar-se definitivamente em direção ao Nada Real, mesmo que ainda, a única certeza que lhe resta é a incerteza de que está tomando a medida mais acertada.

Minha observação desta semana está focada no homem “pronto”. O homem pronto aqui é o adulto; bastante despreocupado com os sentidos da vida por estar confiavelmente sossegado com suas escolhas materiais de até então; quando, de um momento para outro começa a perceber que há algo que não encaixa e, embora não possa nem sequer imaginar esta possibilidade de desencaixe devido aos inumeráveis espécimes diferentes de orgulhos, verdades e certezas que lhe permeiam o pensamento, ainda assim, invisível, a “centelha pentelha”, que em algum momento do existir acomodado e passivo do homem insiste em enterrar ou ao menos roçar seu Agulhão do Despertar no sistema neural adormecido (entorpecido) faz – por saber o que faz – com que a pedra-no-sapato-da-alma: a consciência do compromisso; movimente-se e torne o ser de existir despreocupado em um homem um pouco mais atento com as tormentas que parecem estar troando mais próximo do claudicante casebre. Mas há algo novo agora, e é a centelha pentelha incitando mais próximo ao nervo. Porque até então não havia duvidas sobre a segurança da choça? Porque isso agora?

Por que não há fuga.

Não há como escapar do enfrentamento. Há formas de protelar o encontro. Adiar o inevitável; mas este choque, para nós seres humanos comuns é exatamente isto, é somente por esta ponte que deveremos transpor a matéria; a ilusão: enfrentar o desconhecido que há tanto tentamos negar.

Porque então existe esta revolta, esta tentativa de fuga desesperada tentando esconder-se de um algoz que não cansa, é paciente, e não conhece expressão alguma que remeta ao desistir? Isto acontece devido ao nosso distanciamento da Essência de Deus que nada mais é que o esquecimento, o abandono da nossa Centelha Divina; o contato jamais seccionável de nós com o Todo Sagrado. Não se trata então de um distanciamento, porque ela jamais se separa de nós. Esta pérola incômoda, que faz lembrar a história da ostra que não se sentido confortável por possuir algo que lhe dificultava os movimentos, quando suas amigas viviam tão bem, descobre que o motivo de seu infortúnio é na realidade um tesouro. Ela então esteve sempre presente, porém o distanciamento em busca de quimeras externas trouxe para dentro do receptáculo mente, informações interessantes de um mundo que deveria ter sido compartilhado com o arcabouço da centelha; mas houve o desencaixe. Algumas situações, poucas, inicialmente, contrastavam diretamente com as diretrizes da Centelha. Logo apareceram outras necessárias a adaptação e algumas que proporcionavam a mimetização do ser no novo ambiente. Uma série de outras oportunistas, e finalmente, as corrompíveis da ilusão escura que envolve, que entretém, que enreda ardilosamente, e ainda que sem um mando visível, retém e rouba a essência do ser que agora perdido, já esqueceu-se completamente que enterrado em seu mais puro íntimo, existe um pulsar paciente e imorredouro que, conectada ao seu cérebro e jamais desconectada do comando central do Todo, que sabe que o fastio daquele ambiente, cedo ou tarde se revelará como sempre o fez, e também para sempre será, e neste instante, ou nestes instantes, eles podem durar vidas... e assim, quando menos se espera... a centelha aguilhoa.

E, o homem “pronto”, que sempre se comportou como determinam os livros que revestem as fachadas das livrarias comerciais. Uma vez mais se sente desconfortável, e questiona o nada, e mais uma vez nada encontra além da necessidade de tocar definitivamente em seu brio e destruí-lo, e, para o Externo que Conhece e assiste incólume o princípio da derrocada e a abertura de um retorno definitivo à casa segura, assim permanece: pronto e relembrando que também houve sua obrigatória passagem pela rebentação, e, mesmo que sinta saudades de um ou outro instante do plano ilusão, apenas é agradecido por entender sua importância fugas frente ao Eterno.

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Conhesemente



O conhecimento é uma semente
E depende de cada um somente
O que fará com a sua conhesemente.

Da Série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos

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Texto como pretexto


 

O texto serve também a mim
apenas como pretexto para enfeitá-lo com penduricalhos
que ainda que nada agregue
os ponho para que te oponhas.

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Didática do sentido...



...ou da evolução.

Você consegue perceber, como em um momento algo que sempre fez sentido já não faz?
Você percebe que quando algo deixa de fazer sentido acabamos sempre esquecendo que um dia ele foi importante?
Não seria interessante perguntar-se; o que tardiamente ainda está fazendo sentido em nossas vidas?
Você percebe a importância de voltar um passo à trás e mudar a frequência, mesmo que por um quarto de hora, e interpretar algumas de nossas atitudes importantes; se elas ainda o serão daqui a uma década, ou cinco?
...existindo algo; qual é a dificuldade de iniciar a mudança?

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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

AFreedom



Free 4ever Madiba

 

“Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo,

mas o triunfo sobre ele.

O homem corajoso não é aquele que não sente medo,

mas aquele que conquista por cima do medo."

N. Mandela

 

*

 

Hugh Masekela – Coal Train – DVD UK Freedom

 
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domingo, 15 de dezembro de 2013

Vagam entre vãos



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Quero verdade o que dito?... Não posso me deitar nessa pretensão. Apesar de possuir criatividade, abertura, ou vontade, muito além do normal, ainda assim minha percepção é limitada, - também não é possível observar em que grau – frente à atual condição existencial. Não é demais repetir que a escrita é meu hobby, e, assim sendo, posso também pensar ela como uma arte plástica.  A arte que costura ou que se entranha, mimetizando-se em meio ao possível.

Penso este instante como uma espécie de enxerto. Meus relatos perseguem algum tipo de texto que vagam e se apóia em uma ou outra verdade e seus vãos; suas fendas.

Talvez suas áreas de nada sejam preenchidas com esta plasticidade que advêm de uma mente que se quer ativa, inteligente e, mais do que tudo: otimista e voltada, ou melhor, que a baseia; que fundamenta-se; que emenda o que é com o que imagina ser, lançando mão, do humor entusiasta e perene na existência de uma quimera agatista[1]. Porque, ao menos uma verdade ao final de tudo isso deve ser dita: a nossa vontade de encontrar ou ao menos facilitar a crença de um que outro, em um mundo - mesmo aqui - melhor que o atual foi tentado.

...
 
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[1] Agatismo - Doutrina otimista segundo a qual todas as coisas tendem para o bem. 

Repertório puído



  
O repertório 
deve estar diretamente ligado a frequência da plateia para que haja algum tipo de comunicação, ainda assim, a velha: cada cabeça uma sentença; precisa ser levada em conta antes de uma catarse de impropérios.




Outro dia estava tentando dizer com outras palavras e aconteceu exatamente isso: apenas tentei.

O repertório puído ainda é o único possível.

As piadas são relativamente novas, mas não é possível que mudemos a forma de contá-las.

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Descomunicação



 

Se não se está na mesma frequência, também aqui, há a estática
 
*

Ah! Esta maldita facilidade que possuímos de falar.

Quanto nos prejudicamos, erramos, nos equivocamos, perdemos, ao falar!?!

Tenho conversado com Minha Sempre Bem Amada sobre a frequência de nossa comunicação. Até então utilizava a expressão “nível”, porém de uns dias para cá algo despertou para a expressão “frequência”, e não em relação à constância, entende, é disso que estou falando. Algumas dezenas poderiam levar para o ponto de que eu e Minha Esposa estamos falando frequentemente; com frequência ou não, ao invés de entender que estamos falando na mesma frequência. Parece simples, mas é complexo - ou digo isso apenas porque o quero!?!

O quanto estamos sendo julgados por frases, assuntos e questões corriqueiras que falamos apenas por falar, porque somos obrigados devido ao meio sem que mesmo pensemos a respeito, e mais; quantos ao nosso lado - externos à conversa - nos estão a julgar por ações, gestos e palavras que ouviram alheias, sem o devido contexto e então disso fazem juízo?

Voltando a frequência; estaríamos sempre, - ao nos comunicar – na mesma frequência do nosso ou nossos interlocutores? Quanto de nossa comunicação dedicamos a esta preocupação?

Quantos deles solicitam realmente uma explicação sobre o que não entenderam da opinião exposta! E quantos nada falam mesmo que interpretaram-na erroneamente – e o que isto realmente causa em nossa imagem!

Isto está se dando a todo momento, mais com quem pouco nos conhece, porém acontece também com os mais próximos.

Este assunto chamou-me atenção esta semana após a opinião de um senhor em uma conversa despretensiosa, à hora do almoço, sobre o tema da semana: a partida do nosso Sempre Querido Nelson Mandela (Freedom 4ever Madiba). Estávamos em três ou quatro pessoas.

O camarada comentou como seria bom ter vivido ao lado de Mandela. Convivido com um homem desta magnitude. Acrescentou ele que seria um homem melhor, quantas coisas, quantos erros deixaria de cometer, o quão mais reto seria se aprendesse direto do coração do Grande Líder os ensinamentos que lhe faltaram por estar entre os comuns.

Vamos esquecer a parte física da questão, pois ao menos eu não tenho preferência à África e muito menos ter estado ao lado de Mandela em alguns instantes nada fácil para ninguém; a não ser que tivesse eu algum poder para auxiliá-lo.

 O que chama a atenção, uma vez mais é - como sempre no meu caso -: o fator consciência. Deste modo, imediatamente pensei o quanto somos covardes. Até mesmo em uma situação inusitada como estas, procuramos as costas, mesmo que de um moribundo, para depositar nosso fardo de vergonhas; ora: e não é isso que o indivíduo está a falar? Não exatamente; mas dá pano pra manga.

Assim volto ao início do texto. Cada um interpreta o assunto que lhe chega a conhecimento, observando determinado entendimento particular que está diretamente ligado a sua frequência única de compreensão. Particularmente descambei para o lado fraco do humano desesperado, em fim de carreira, – o senhor em questão beira seis décadas – procurando distribuir suas misérias e aliviar a culpa cristã de final de vida. Já outro poderia concordar, e um terceiro argumentar apenas os aspectos ruins do ícone e assim por diante.

Ainda à mesa pensei a respeito da bendita consciência, afinal, se a pessoa tem certeza de que pode ou poderia ser melhor, que teria acertado mais em suas escolhas se optasse por um caminho que assiste no outro como correto, porque precisa apoiar-se no fato de não ter estado com ele como pretexto de não ter tido a chance de ser melhor como pessoa?

É claro que estou me aproveitando de um descuido de fala impensada de um tolo ignorante, mas é de se pensar!

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domingo, 8 de dezembro de 2013

Metamorfose anamorfoseada


 
        O que vale; o que deve pesar para nós, é o último pensamento. Sempre.

        A quem interessar possa, quero ser julgado pelo meu último pensamento sobre tudo.

Em algumas situações me pego revendo um ou outro acontecimento rápido que vale ou não ser revivido, aí então faço minhas conjecturas. E as primeiras, não raro, estão diretamente ligadas ao que aconteceu no momento. Elas espelham ainda a minha opinião primeira do ocorrido - contaminada de humores lépidos -; porém só, introspectivo, com um olhar mais detalhado; cirúrgico, posso mudar – em algumas situações mudo muito – de parecer, e é aí que registro o que quero. Qual é o conceito, o crivo que irá para minha caixa cinzenta, meu winchester cerebral: e ali ficará para sempre até um novo aprendizado. Até que alguém com mais bagagem me convença do contrário.

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Artífice tocando o Sagrado


photo by artstenciva

        A arte não é arte. Nem sempre, ou quase nunca o é – se fosse possível observar do ponto de vista do Sagrado.

        Os melhores só o são quando assim não se querem.

        A arte antes é um exercício do espírito, é uma disciplina da alma, é um desenvolvimento superior do corpo para se conectar ou sentir ou saber-se maior... não saber-se apenas um cientista, um ferreiro ou um lixeiro.

        A arte como exercício/disciplina não pode se pretender comerciável, não pode se pretender ganha-pão, como também não se queda ao aplauso barato. Ela deve sugar as energias últimas de um buscador do Sagrado. E se não nasceu isso; assim deve se dar seu toque derradeiro – ela somente fará sentido se procurar incansavelmente esta perfeição que parece não existir..., e, que o externo tem certeza... não existe.

Mas o verdadeiro artífice entende que deve tentá-lo.

        O artista não deve vencer a ideia mercantilista, nem mesmo a mercantil e também a comercial simplesmente porque nasceu deficiente deste querer, ele nasceu mutilado do lado do cérebro que poderia corromper seu exercício rumo à Sensibilidade Suprema.

        O verdadeiro artista – “o alienado” - que jamais assim se terá por si só, apenas persegue o que seu espírito julga possível porém sua inteligência insiste não ser. E aprendeu ele que qualquer desvio de seu pensar o afastará deste radicalismo que em algum escaninho de seu ser sabe de suas possibilidades ainda atrofiadas...
       ...que não o serão para sempre...
       ...se não se corromper pelas veredas habituais vendendo-se aos apelos; simplesmente porque sente que...
      ...àquele que detém o poder do querer, de alguma maneira sabe-se superior a eles.

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Escrita instigativa


A escrita deve instigar. Nem sempre será verdade o que nos dirão, porém, em algumas situações singulares, distintas e definitivas de nossas vidas, são estas inverdades – graças a Deus – que nos fazem mover de nosso estado modorrento.

Toda escrita deve instigar, porém se não o faz, não significa que seja ruim.

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Outra visão de mal*



* uma concepção errada de que certa dose de truculência, de resistência, de demagogia, e até mesmo de perfídia; de algum tipo de punição aplicada por alguma situação arbitrariamente não aceita, enfim, uma ação contraria a ordem oposta, – geralmente imposta sem discussão e sem observar devidamente o direito contrário - fará com que se obtenha o ajuste necessário ao jogo de interesses do negociador com melhores armas, ou mais desprendido em aplicar tal medida.


Esta é uma de minhas peneiras utilizadas como gabarito para analisar um que outro que tente uma aproximação mais especial. Uso, (como alusão a esse crivo) a expressão: Minha Moeda é o Mal; evidencio então, com estas palavras, a dificuldade de relacionamento que enfrentamos atualmente devido à falta de segurança que circundam os assédios.

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Muito das pesquisas deve-se ao bitolado


 

Nosso mundo é perfeito. Assisto uma pessoa inteligente, esclarecida, culta e de posses, questionando de o porquê uma criança nasce imperfeita ou com alguma doença degenerativa ou coisa que o valha e então argumento com Minha Sempre Bem Amada: ainda bem que existem as pessoas bitoladas, se assim não fosse estaríamos, quem sabe, ainda mais atrasados.

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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sins e Nãos


 

        Prefiro os nãos aos sins

        Os nãos movem à luta

        Já os sins atraem para a cediça zona de conforto

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Os justos


 
Os justos herdarão a Terra”;
deve ser por isso que a parte maior busca a todo custo destruí-la.

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Os justos II


Os justos herdarão a Terra”; espero que até lá, também os juízes do juízo final - responsáveis pelo espólio - não tenham perdido o rumo e saibam ainda discernir sobre a gênese desta máxima.



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Do misterioso jogo dos textos



       Alguns textos significativos ficam ainda mais interessantes à medida que são lidos esparsos, pois à sua originalidade pura terá então agregada a do leitor, que se quer ou pode ser único, dando assim à ideia descoberta, alguns significados talvez, incomparáveis; espetaculares; quem sabe até: a correta (coincidente à do autor). Mas um princípio é imutável: é sempre uma leitura atenta e de inteligência culta que distingue; classifica leitores – as quais, alguns poucos as consideram: verdadeiros achados.

        Uma vez descoberto o significado, significa que o leitor acessou com sua, e somente sua chave, a porta de entrada ao texto, dando a ele o seu sentido muitas vezes tão dileto quanto à mente do próprio autor. E depende deste, tantas quantas distinções forem o número de leitores e suas particularidades que podem ser exclusivíssimas.

        E, em algumas situações niveladas, acontece uma espécie de mágica, porque os textos como dizem alguns bons autores: "a obra é mais importante"; e, a partir de então, entendo, que ao interpretar de forma prazerosa a escrita, o leitor deixa de sê-lo, e passa então a ser considerado uma espécie de co-autor do texto, porque, mais importante que escrevê-lo é, ao ler, descortinar algo significativamente novo – abrindo sua mente para a novidade -, esta deve ser a mágica intrínseca e que alguns leitores pinçam nos bons textos.  

 *

Jogando o jogo da tradução

Rolando Barthes dizia que o texto pratica o recuo infinito do significado. Não entrega fácil. Não há entrega, só luta, disputa. Mais esconde que facilita. Comissuras que sugam sentidos, deixam ranhuras vazias mas sugestivas. Textos são cheios de sugestões, só.

O texto é também dilatório, segundo o mesmo Barthes. Recuo e dilação. Um sempre para trás, para depois. O sentido se encontra logo ali, ali após. Após certo esforço, certa dose de sangue, certo trecho cruzando duramente o visco. Esse texto fluido espesso que se nega sempre, pegajoso, sempre quase como prestes a se solidificar para matar-te e a teus sentidos.

O texto tem que entrar pelos olhos, pelos poros, até fazer parte do tradutor. Para que o tradutor possa fazer sua parte do texto. Possa, digamos, dar sua contribuição.

...

Parte do texto de Eduardo Ferreira disponível em Rascunho

http://rascunho.gazetadopovo.com.br/jogando-o-jogo-da-traducao/

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Voltar para frente



Foi somente quando percebi que não havia sentido na vida que comecei a procurar... e entendi que há sentido na existência... e a vida então voltou a ter sentido.
 
P.S.: um sentimento inusitado resultou desta busca. Como se a partir de então sentisse que uma enorme parcela do que me movera, e era tido como importante; do que me mantinha ativo, querido e sociável, fora totalmente desconectada de antigas vontades; não fazendo mais sentido algum – e era justamente essa carga que fazia minha vida sem sentido.

 
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As ainda e intermináveis surpresas contraproducentes




Sentido e sentimento. Tudo o que faço, quando o faço por vontade própria, mantenho-me muito atento a estas duas situações; ainda que, quando queremos, quando desejamos de verdade. Quando sentimos que o poder da busca instalou-se, já não é mais necessário ficar atento aos detalhes, principalmente se estejam diretamente relacionados com o vulto maior, com o motivo principal da ação em curso somado a personalidade já afinada ao que convém.

Gosto de usar uma referência para ilustrar, e nestes casos é sempre bom mencionar a arte como exemplo. Boa parte da arte que visualizamos e que desperta emoções está diretamente ligada ao sentimento do artista. O cinema, a música, a pintura e mais raramente, o teatro; os principais, mas não únicos. Preciso fazer um aparte aqui, já percebi, e não foi apenas uma vez, que este sentimento pode ser passado durante o preparo de determinadas refeições também – significando que não é o fazer, e sim, como fazer. Provando que a arte supera a abrangência do nosso querer.

  Quando executo o meu hobby da escrita, - hoje a minha primeira distração quando não estou em família - penso muito, antes de discorrer meus pensamentos, antes de aspergi-los sobre o papel. Centenas de oportunidades batem nos escaninhos lotados do meu ativo cérebro que não descansa, porém é uma parte muito pequena que é mencionada, e aqui devo agradecer ao tempo, porque do contrário registraria muito do que alguns têm como temas que serve apenas para gastar papel, ou pior, fazendo-o quantitativamente. Se não é tudo que me assalta a mente que posso consignar, ainda há muito do que não o faço que mereceria uma chance de vingar – aqui entra o fator tempo.

Se não tem sentido e não posso colocar sentimento; porque de alguma maneira naquele instante não me tocou: não me interessa.

É certo que com algumas das palavras que frequentemente utilizo, busco vingar-me e vingar também um que outro leitor, ao atacar alguém que de alguma maneira praticou ações que vão contra o que para nós é considerado como sentimento nobre; e estas, invariavelmente, com uma carga extra de emoção.

  Apenas por esta janela, qualquer um poderia pensar que agora entendeu o que citei a pouco sobre “falta de tempo”, mas não se enganem, há tempos que iniciei uma luta ferrenha para separar o que faz mais ou menos sentido observar. Minha relação é muitíssimo bem ajustada para não cair na vala comum do relator ordinário, afinal, se analisar superficialmente, as hecatombes e descalabros humanos apenas deste início de século; não se requer estudo muito apurado para comentá-los.

Como já citei em outros momentos, a barbárie, o contra senso, a falta de discernimento, o desrespeito, as ações disparatadas tomaram um tal rumo de corriqueiridade que perdemos quase que totalmente – apenas nós que a tínhamos – a referência do que é certo, do que é correto, quando se quer observar uma convivência minimamente descente. Mas o problema não somos nós que assistimos ou somos vítimas a cada minuto. O absurdo está nos pequenos delinquentes (quanto a isso nada podemos fazer) ou grandes parias da sociedade, que veem no caos instalado uma oportunidade de ganhar uns trocados (e sempre o fazem), ou pior, se anula para que sua covardia seja vista em alguma destas telas que tomaram o planeta, ao vender-se como alguém são.

Preciso confessar que poucos textos que escrevi, antes de fazê-lo, pensei em sentimento. Sentido; sempre. Sentimento nem sempre. O sentimento a meu ver nasce do texto, ele vai surgindo conforme vou espichando as frases. Neste momento; nestas linhas é diferente. Gostaria que o sentimento se apresentasse. Sempre sou disperso a ele, afinal é ele quem comanda, então: quem sou eu para despertá-lo. Porém hoje eu o queria. Mas o desejo sem obrigação; o quero despertado pela condição do texto, do tema que escolhi e irei relatar.

Entendo que já estou passando da meia idade, e ainda que em meio a este quadro de calamidades citado a pouco que a todo instante nos surpreendem com notícias que, sabemos: muitos ao ouvi-la, perderam o chão; estou escolado. Minhas experiências e minhas observações, - e sou extremamente crítico, por isso pouco me passa alheio – me jogaram em um limbo de conforto. Vivo mal, observando o que observo e vivendo as necessárias obrigações comuns, mas vivo bem devido, principalmente, a algumas das minhas escolhas. E a experiência de vida já ajeitou a carga, que, se observada de longe, é bastante incômoda.

   Porém esta semana fui assaltado com uma daquelas notícias que, justamente, até então condenava, ao perceber nas ingenuidades parvoeiras de terceiros, quando totalmente surpreendidos. Minha crítica ligeira e muitas vezes impensada, logo que assistia a incredulidade dos afetados era: “como é que este ignorante não sabia que estava sendo enganado?”. Pois mais uma vez, e fazia algum tempo que ela não se apresentava, a surpresa do ignorante me atingiu. Esta semana li uma nota no jornal onde é apontado que ainda há morte de animais nos filmes americanos, e pior, mesmo com todo um aparato técnico, e tecnologias que dispensam os animais in loco, no filme como, “As aventuras de Pi”, por exemplo – existem mais na reportagem - o tigre, em determinada situação teve que ser içado da água quase afogado.

A nota termina apontando a American Humane Association (AHA), associação que acompanha todo o processo de fiscalização e responsável também, por incorporar determinada nota ou laudo final ao filme, formada por pessoas que se dizem protetoras dos animais; como coniventes com as ocorrências.

Quão parvo sou? Eu que sempre soube que apenas é nos mostrado, - quando é mostrado - uma décima parte, uma ponta mínima do mal praticado. Que é somente o mau cheiro de uma podridão inimaginável que podemos sentir. Isto tão somente, quando não podem eles mais suportar o dique de sujeira que estão encobrindo. Mais uma vez: paciência!!!

Estou aqui então não apenas assumindo a minha vergonha por acreditar que uma das minhas, hoje, maiores distrações; é, está e sempre foi corrompida também neste aspecto; os outros insistentes absurdos como: a vaidade presente no meio; a briga de foice que é manter-se entre estes lutadores com seus egos super-inflados e suas cargas de inseguranças e falta de amor próprio, e o mercantilismo, já haviam sido superados. 

Apesar de tudo isso, somos, invariavelmente, brindados com filmes emocionantes, mas também me perguntando, como, a que risco estarei exposto ao assistir um filme, e então ser surpreendido com uma cena violenta que, se já provocava um sentimento ruim quando ignorava; como será agora com a dúvida se o animal continua ou não ainda vivo?

 

Nota e reportagem sobre o caso em:



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domingo, 24 de novembro de 2013

Autossuperação



  Richard Dawkins conta que durante um programa de entrevistas em uma determinada rádio americana, chamou-lhe a atenção um ouvinte que pareceu o provocar, dizendo que, se Deus não existe - tese defendida farta e abertamente pelo escritor - ele pode sair às ruas e cometer qualquer tipo atroz de crime que nada lhe acontecerá no que diz respeito a “pagamento” ou punição futura. Caso escape das leis comuns à sociedade; pois entende, a partir da explanação de Dawkins, que, a inexistência de Deus o exime de qualquer punição.

Devemos entender que toda esta história é um absurdo, mesmo da parte do autor que garante que a viveu, quanto a do pobre diabo que telefonou-lhe, pois, independente das ideias do primeiro – é certo que cada um pode lançar na mídia o que bem entender, afinal todos tem seus interesses e formas que encontraram de fazer fama ou gastar seu tempo como bem lhe aprouver -; Deus jamais nos corrigirá. Será simplesmente, em algum tempo distante, - em algumas situações é muito distante mesmo – que nós mesmos enfrentaremos nossas consciências (quando finalmente descobrirmos que a possuímos e para que servem), quando enfim entendermos com outras perspectivas que não a limitada mente humana, que então estamos vivos e somos eternos, porém isto não terá nada a ver com Deus, este momento jamais envolverá Deus como alguns de nós O temos devido a garantias terceiras, mas sim, esse encontro se dará, ele será: de nós para nós mesmos. Deveremos chegar a um estado onde Deus finalmente será assimilado pela nossa consciência, (mesmo que continue sendo importante para um determinado grupo e não para outro) e então o ser pensante entenderá finalmente que seus caminhos quando obtusos e egoístas independem do Ser Magnânimo ou ao invés de continuar trilhando apenas o caminho Dele inicie um caminhar com Ele.

O que desagrada mais nesta historieta do ouvinte é sua falta de jeito, afinal devemos buscar uma posição confortável de existir onde nossas atitudes jamais serão o reflexo deste ou daquele amigo, parente, pai, ou Mestre Enviado. Teremos que alcançar um padrão de existência pessoal e único que nem mesmo Deus deverá ditar nosso comportamento, por que em assim sendo, se o fizermos; se moldarmos nosso portar-se mesmo em Deus, significa que ele não é singular, não é nosso, é de alguém outro. 

Por um tempo incontável será louvável que nos espelhemos em grandes nomes e até no Ser Magnânimo que tudo criou para que tenhamos sempre a Alma que preceda a nossa chegada onde quer que seja. Este deve ser um objetivo, mas não o principal. É essencial que ele evidencie o que somos; que façamos com que nosso espírito puro exale a nossa pureza; demonstre a nossa força de vontade, o nosso caráter, que pode ter sido adquirido de incontáveis existências, mas jamais deve ser o que é por estar apenas vinculado a alguém; a um modelo.

Somos únicos, e como tal, devemos conquistar a unicidade verdadeira, plena e total.  

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Zerando



E o Mestre continuou...

        ... e o mais correto seria viver isso a partir de então – é somente a partir de uma apurada conscientização que poderemos apontar um sentido real à vida. Zerar todo o processo pessoal em andamento e com inteligência, - somente alguém com uma inteligência afinada é digno de fazê-lo - reinventar sua vida mesclando o aprendizado que lhe foi útil até então com essa nova consciência de que não temos capacidade suficiente para ir além de nossa evolução pessoal* neste plano – que poderá, ainda assim (dotado dessa consciência superior), ser mínima, diga-se de passagem, e, mesmo que esteja impregnada de razão, deve não ser radical em raciocínios e deixar-se mesclar pela sensibilidade sempre essencial a pavimentar uma vida de sentidos.
 

*Algumas pessoas, buscadores ou curiosos, acabam chegando a conclusão única; comum; de que não é possível ir além da matéria neste plano, e ainda que descubram formas alquímicas ou sensitivas de transgredir as barreiras grotescas que delimitam a matéria, ainda assim descobrem que, independente de o quanto sabem, sempre - uma vez neste plano - estarão conectados radicalmente ao corpo físico que é um limitador inflexivelmente incômodo para as experiências mais sutis.

 

Detalhe do texto “O quão póstumo sou? – Minha Moeda é o Mal”

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Amigo não pesa



Ao amigo não nos pesa dizer sim,
mas ah! Quanto pesa ter um pretenso amigo;
vivemos o dilema de não podermos dizer não
e a inconveniência de
forçadamente aceitar o que nem sempre nos agrada.

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