No livro, Os 100 pensadores essenciais da filosofia,
de Philip Stokes, lê-se, no capítulo “Thomas
Kuhn”:
“A história
da ciência pontua-se por revoluções intelectuais violentas que se transformam
em longos períodos de resolução conservadora de problemas. Períodos da chamada
ciência “normal” caracterizam-se menos por pesquisa independente e objetiva do
que por adesão a hipóteses admitidas e resultados esperados. Durante momentos
da ciência normal, descobertas anômalas ou inesperadas são deixadas de lado por
serem irrelevantes ou problemas a serem resolvidos em outra época. Pesquisas
originais que questionam as hipóteses correntes das teorias aceitas costumam
ser desmascaradas como especulação rasteira e inútil. Isso dá origem à noção de
paradigma de Kuhn. O paradigma corrente é uma rede de hipóteses e crenças
entrelaçadas, partilhadas por uma comunidade particular, que subjaz e
estabelece a agenda para a pesquisa. Segundo Kuhn, somente resultados que
tendem a fortalecer o paradigma corrente obtêm aceitação durante os períodos de
ciência normal. O próprio paradigma nunca é questionado ou criticado. No
entanto, de tempos em tempos os paradigmas são derrubados por revoluções
intelectuais. Quando o paradigma fracassa em fornecer padrões adequados para
fenômenos observados ou quando um modelo novo, mais poderoso, tem força
explanatória maior mas requer um “deslocamento de paradigma”, ocorre uma
revolução.”
*
Bactérias fortalecidas - Enquanto as
revoluções afrouxam os problemas e desconstroem paradigmas definitivamente
nocivos à incomensurabilidade ética,
é fácil pensar – observando o histórico social humano - que outras teorias
aceitas surgirão ainda mais contaminadas e imunes ás lógica e razão da utópica
busca pela equanimidade total; elas sim, impregnadas das imortais e sempre
negociáveis especulações rasteiras e inúteis às ideias dos revolucionários que
jazem; agora, de posse de paradigmas/torniquetes ainda mais pressionáveis e
blindados às hipóteses contrárias.
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