sábado, 16 de janeiro de 2016

Lascas







Uma lenda muito antiga conta que todos os segredos de todos os tempos estão depositados entre as entranhas de algumas das montanhas mais descomunais do planeta. E não há chave que não a intuição e a pureza, únicas a fazerem frente à dureza, para acessá-las; ainda assim, para não serem incomodadas, de alguma maneira, todas estão protegidas e se escondem sob o manto da importância camuflada por Deus ao inserir nos homens o fascínio do vislumbre ao serem esses colossos, portentosos granitos, tão admiráveis quanto indecifráveis a todos nós.

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O Filósofo é de natureza bruta, primal, - alguns, nitidamente, e naturalmente, sob o efeito de sérios pontos cegos em relação ao caminhar existencial humano - mas, por criar ou construir em interstícios próprios; indistintos, ao nascer com a preocupação aguçada, ainda que um bronco; possui a essência do criador. Portanto, ele arranca, tem o poder de desentranhar; tem a facilidade de extrair lascas da montanha do conhecimento. Lascas, enormes ou não de entendimento, com ou sem valia alguma para aquele instante.

Muitas vezes, ele próprio, como um símio, olha para o naco sem saber o que fazer com ele. Não por desentendimento à peça, mas por entender a diferença de seus interlocutores na interpretação de signos, impedindo-o assim de vendê-la como apropriada ou essencial a abertura de portas outras de entendimento.

Deveria então ser desnecessário esclarecer que: há mais prejuízo em pré-julgá-lo que tentar entender seus propósitos, pois, ele não dita verdades. Expõe somente o que pensa. Cabe a humanidade enxergar com o passar dos anos, ou séculos, necessidade ou não de utilizar os aforismos; de fazer uso ou trabalhar essas lascas brutas no seu espaço/tempo, ou negá-las até que uma próxima geração estude e dê-lhes sentidos se for o caso.

Assim como é desnecessário, transformada em ferramenta, transportar uma ideia qual princípio inegociável por tempo superior a sua “data de validade”, ou indefinido por conta de supervalorizações inconvenientes, ou ainda, alguma espécie de dívida com a agora amada ferramenta. Invariavelmente, todo o utensílio tem seu tempo de utilização, é sinal de sabedoria e maturidade o desapego ao substitui-lo com inteligência.

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Todos os homens que pensaram o humano são desbravadores. Hoje não mais é aceitável que os tenhamos qual pretensiosos que tudo arruínam ao anunciar novidades “inventadas”. 


Qual máxima das pérolas aos porcos – se analisada a gama de relevantes trabalhos outrora, prematuramente apresentados, porém de aceitação tardia, de uma infinidade deles -; distribuem sentenças aqui absurdas, lá indispensáveis. Mesmo que a inteligência coletiva não possa assimilar o dito, é certo que elas precisam ser ditas; precisam eclodir. E cabe então ao homem público, - a seu modo e há seu tempo - entender que aquele prognóstico em algum instante tornar-se-á padrão; dependendo apenas do novo símile demandar esforços para contextualizar e transformar o conceito aprendido em instrumento prático.


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