Do avanço
para o politico/social que não avança.
Leio nos
jornais que ecos autoritários ressoam mais agora que há duas décadas, imagino o
pessoal recém saído da ditadura, tudo está ainda queimando. Feridas
cicatrizando e o ranço dos porões fétidos impregnam as ruas; enquanto queremos
nos livrar logo disso.
Mas, agora, tudo
já passou. Estamos na democracia. No entanto, como ainda não há paz, ou como explicar a existência de tanta desilusão,
muita mentira, muita hipocrisia; por que, então, não enxergamos uma solução
audaz, peremptória, por parte dos nossos governantes? Talvez porque eles saibam
que em algumas situações os grupos de produção e/ou consumidores acabam se
ajeitando por conta da precisão da
pressão gerada para a subsistência de todos.
Independentemente
do que esteja pela frente, o sistema econômico/político precisa seguir por uma
razão pura e simples: há a obrigação e não se pode fugir a ela. No entanto
estamos nos referindo a uma armação de cartas, se uma desabar é possível que
todas venham abaixo, e, de alguma maneira, todos sabemos disso – quando não, é
muito fácil explicar.
No atropelo
de uma multidão de milhares de pessoas, se a causa é de impossível
enfrentamento, a única opção é correr, e, invariavelmente, muitos serão
pisoteados; muito desse jeitão, dessa filosofia, está intrinsecamente
instaurada na nossa (des)governança. Ou aqueles que estão no meio do furacão
correm junto com todos, ou serão atropelados. E quem está assistindo ou
provocando o alvoroço entende que uma minoria não conseguirá se salvar; mas, ao
final a maior parte deles, acaba sobrevivendo.
Poderíamos
voltar com algum sistema parecido com o militarismo? Não. Porém não porque ele
não daria segurança às pessoas decentes, e sim porque a democracia criou muitos
homens indecentes e corruptos, haveria uma carnificina e não haveria prisão
para todo mundo. Somos uma sociedade acometida de um câncer social incurável;
rumamos ao estado terminal do que entendíamos por sociedade de iguais. Acredito
que metade da população nacional sobrevive de trabalhos escusos. Se não direta,
mas indiretamente (seguradoras, shoppings, farmácias, concessionárias, montadoras,
incluindo aí organizações ou não: ativas na prática de lavagem de dinheiro.
Tudo alinhavado aos tentáculos das instituições financeiras) onde é o crime que
mantém a movimentação muito superior e economicamente sustentável – o crime é
uma instituição importantíssima na manutenção da economia. Como voltar atrás e
acomodar tudo isso? Não é possível e a decisão caótica mais acertada é deixar
que o turbilhão chamado existir em países do terceiro mundo continue fazendo
suas vítimas. A solução individual é procurar ilhas de sobrevivências, mas é
preciso muito esforço, resignação, inteligência, humildade para encontra-las e
sobreviver bem ao observar as injustiças e o pisotear assistido e deixar tudo
passando ao largo.
080.o cqe