sábado, 31 de março de 2018

“O mecanismo”













“Some-se a isso, o problema dos pseudônimos, das organizações beneficentes muçulmanas que conseguem misturar habilmente o dinheiro do crime com o da caridade. Some-se a isso o desamparo dos próprios bancos ocidentais que, uma vez que não tinham motivos para desconfiar antes do 11 de setembro, acabaram se envolvendo de bom grado, sem saber, com aquele tráfico. Você sabia que Mohammed Atta conservou até o final uma conta aberta aqui, no Emirado, na agência do City Bank? Você sabia que foi na sucursal do HSBC que Marwan al-Shehhi, piloto do segundo avião, abriu, em julho de 1999, a conta principal que foi operada até a véspera do atentado? O que acha do fato de que ele e os outros conseguiram trinta e cinco contas diferentes – quatorze delas somente no Sun Trust Bank – nos grandes bancos norte-americanos? Em suma, o balanço final é desastroso. As organizações terroristas tiveram todo o tempo do mundo para se reorganizar e proteger. Adivinhe quanto dinheiro resta nas contas do Harkat ul-Mujahidin, no dia da apreensão: quatro mil setecentas e quarenta e duas rúpias, ou seja, setenta dólares! Na conta do Jaish e-Mohammed, logo rebatizado como al-Furquan, sem que ninguém pensasse em bloquear também as contas da nova organização: novecentas rúpias, ou doze dólares! Nas contas da organização Al-Rashid Trust, depositária, não se esqueça, dos aviões dos talibãs, assim como do Lashkar e-Toiba: dois milhões e setecentas mil rúpias, ou quarenta mil dólares – coisa que também parece uma piada, tendo em vista o porte da Al-Rashid. Adivinhe a quantia apreendida na conta de Auman al-Zawahiri, o egípcio que era, como você sabe, um dos financiadores da Al Qaeda: duzentos e cinquenta e dois dólares! A fortuna da Al Qaeda, seu tesouro de guerra, reduzida a duzentos e cinquenta e dois dólares! O fim da picada!” 325p.


“O Diabo está à vontade em toda parte, menos na própria casa.”319p

Livro; Quem matou Daniel Pearl?
De Bernanrd-Henri Lévy

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