sábado, 12 de maio de 2018

Espetacularização




A espetacularização invariavelmente escamoteia o ruim, falseia o mau espetáculo, e ainda o profissional, o projeto, o político, o artista, bem como o colega, mesmo os pais e finalmente aquele que consideramos amigo quando deveriam estar inequivocamente classificados como insatisfatório ou mesmo péssimo.

Ainda que seja próprio do meio e com as devidas escusas sobre a carga aqui aplicada; é de posse do mais puro autodidatismo que observo mais como um exercício que: ao assistir e ler reportagens e biografias de vários maestros – e não somente estes -, os maiores de todos os tempos das mais variadas e importantes filarmônicas e pontuar posturas sempre soberbas e fazer uma ligação com - alguns poucos que entremeados se destacam esporadicamente - alguém que é tanto quanto, porém não é espetaculoso; performático, incisivo, bandeiroso ou agressivo no sentido do ataque.


Fazendo um paralelo com a cultura menor que insiste que a maior defesa é o ataque, o observar o afrontar de alguns maestros, a irascividade orquestrada entre o ímpeto e rompantes exagerados onde finalmente são agregados a suas ações também externas, trejeitos tão insanos quanto surreais, manias, bardas e excentricidades. Estudando minuciosamente todo esse bojo, muitas vezes intragável ao externo, é possível detectar que se trata de uma arranjada e bem orquestrada mecânica de escamote, de engodo; quando percebemos que aquele que não é dado a estas distrações da arte tanto consegue uma muito superior – por aprimoramento a esta e não ao controle do entorno com papagaices – embora não assistida por ser ofuscada por seus pares menores; maiores tão somente nas sandices.


Rufiões da espetacularização. Quanto o ato menor é ovacionado não devido à coisa em si, mas à moldura envolta em teatralidade, os arranjos que toda assistência de mesma categoria e plasticamente ensimesmada apoia, podemos deduzir que não o faz por compreender que o que entende por arte, trata-se de um engodo, e o dramalhão espetaculoso paradoxalmente não a deixa perceber de forma alguma como tudo tem sido meticulosamente arquitetado.



Qual é a porcentagem de indivíduos que se utiliza da espetacularização, dos trejeitos, da excentricidade para se esconder do que realmente é; quando sabe não o ser fazendo assim parecer o que jamais foi?

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