A
espetacularização invariavelmente escamoteia o ruim, falseia o mau espetáculo,
e ainda o profissional, o projeto, o político, o artista, bem como o colega,
mesmo os pais e finalmente aquele que consideramos amigo quando deveriam estar
inequivocamente classificados como insatisfatório ou mesmo péssimo.
Ainda que
seja próprio do meio e com as devidas escusas sobre a carga aqui aplicada; é de
posse do mais puro autodidatismo que observo mais como um exercício que: ao
assistir e ler reportagens e biografias de vários maestros – e não somente
estes -, os maiores de todos os tempos das mais variadas e importantes
filarmônicas e pontuar posturas sempre soberbas e fazer uma ligação com - alguns
poucos que entremeados se destacam esporadicamente - alguém que é tanto quanto,
porém não é espetaculoso; performático, incisivo, bandeiroso ou agressivo no
sentido do ataque.
Fazendo um
paralelo com a cultura menor que insiste que a maior defesa é o ataque, o
observar o afrontar de alguns maestros, a irascividade orquestrada entre o
ímpeto e rompantes exagerados onde finalmente são agregados a suas ações também
externas, trejeitos tão insanos quanto surreais, manias, bardas e
excentricidades. Estudando minuciosamente todo esse bojo, muitas vezes
intragável ao externo, é possível detectar que se trata de uma arranjada e bem
orquestrada mecânica de escamote, de engodo; quando percebemos que aquele que
não é dado a estas distrações da arte tanto consegue uma muito superior – por
aprimoramento a esta e não ao controle do entorno com papagaices – embora não
assistida por ser ofuscada por seus pares menores; maiores tão somente nas sandices.
Rufiões da
espetacularização. Quanto o ato menor é ovacionado não devido à coisa em si,
mas à moldura envolta em teatralidade, os arranjos que toda assistência de
mesma categoria e plasticamente ensimesmada apoia, podemos deduzir que não o
faz por compreender que o que entende por arte, trata-se de um engodo, e o
dramalhão espetaculoso paradoxalmente não a deixa perceber de forma alguma como
tudo tem sido meticulosamente arquitetado.
Qual é a
porcentagem de indivíduos que se utiliza da espetacularização, dos trejeitos, da
excentricidade para se esconder do que realmente é; quando sabe não o ser fazendo
assim parecer o que jamais foi?
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