No céu
existia música mas faltava uma canção
O Brasil
foi descoberto foi aquela apreensão
Qual seria
a primeira alma a fazer a marcação
Começou a
chegar gente vinha de todo rincão
Até que
chegou um caboclo com um pandeiro na mão
Que
instrumento era aquele criou-se a exploração
O caboclo
meio atônito logo armou a combinação
Algo muito
bonito de tocar do coração
Foram
chegando os santos e só uma era a questão
Uma coisa
tão sublime só pode ser oração
Nada disso
disse outro tão chamando SambaSão
No pandeiro
o mulato naquela empolgação
Viu alguém
do outro lado abraçado a um violão
Deu um
assovio pro cara e uma aceno com a mão
Senta aí
meu camarada que vou puxar o refrão
Tô aqui no céu cantando eita que
trem bão
Pensei que tava enrascado me enganei
de antemão
Os santos todos alegres e os anjo da
encarnação
Uma roda divertida batizada SambaSão
Um santo
capuchinho bastante alegrão
“Tava” com
ar estranho e meio alteradão
Disseram
que não ligasse; esse é nosso capelão
Que nas
horas vagas lida com um caldeirão
Um mestre
cervejeiro mantido na profissão
Dei um
trago na bebida e já vi a constelação
A roda só
aumentava e eu fazendo um barulhão
Um “gritô
pro otro”; chama lá o sacristão
Não
entendendo nada só senti um empurrão
Meu
parceiro de viola apontou na direção
Lá vinha um
baixinho com um baita narigão
Trazia um
instrumento meio sem definição
Não se
fazendo de rogado sentou mesmo ali no chão
Com um
sorriso maroto começou a bateção
Ainda não
entendendo nada segui na empolgação
Tô aqui no céu cantando eita que trem bão
Pensei que tava enrascado me enganei
de antemão
Os santos todos alegres e os anjo da
encarnação
Uma roda divertida batizada SambaSão
Uma parada
pro trago era só bajulação
Anjo de
tudo que é jeito e muita indagação
Também dei
“minha letra” meio tipo canastrão
Mas a coisa
tava leve e estranha a sensação
Disseram
“relaxa” não alimente preocupação
O que agora
é estranho será só satisfação
Olhei pros
meus parceiros todos de prontidão
Agora
éramos quatro dei de ombros então
Já que era
só alegria pra que a inquietação
Chamei um
chorinho de leve no velho estilo salão
Depois fui
pra um marcado lembrando o Jamelão
Lembrei do
Pixinguinha, Noel e Jorge Aragão
Deu saudade
do Paulinho e da nossa excursão
Junto com a
grande Alcione nos palcos do Maranhão
Pensando cá
comigo, o samba só dá satisfação
Tô aqui no céu cantando eita que
trem bão
Pensei que tava enrascado me enganei
de antemão
Os santos todos alegres e os anjo da
encarnação
Uma roda divertida batizada SambaSão
Aproveito a
oportunidade usando aqui a razão
Para
homenagear meus pares seguindo na percussão
Meio
desajeitado é tudo improvisação
Onde um
catecúmeno faz a organização
Puxei uma
cadeira, pus embaixo de um chorão
Escolhi
para a homenagem o velho Samba-Canção
Beth,
Cartola, Ataulfo, Dorival, Vinícius e Riachão
Paulinho,
Bezerra, Adoniran, não havia agremiação
Martinho,
Jacob e Monarco não pensei em região
Os Nelsons,
Jovelina, Sinhô e toda a tradição
Clara,
Sérgio, Ary e Ângela, o melhor da criação
O tumulto
foi enorme grande era a manifestação
Querubins
anjos e santos coisa de legião
Todos no
céu já conheciam a fama do SambaSão
Então
Lembrei
Dona Ivone Lara nossa Diva em Ascensão
Uma
homenagem a Dona Ivone Lara
(13/04/22 – 16/04/2018)
010.p cqe
Da Série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos