sábado, 5 de maio de 2018

SambaSão



No céu existia música mas faltava uma canção
O Brasil foi descoberto foi aquela apreensão
Qual seria a primeira alma a fazer a marcação
Começou a chegar gente vinha de todo rincão
Até que chegou um caboclo com um pandeiro na mão
Que instrumento era aquele criou-se a exploração
O caboclo meio atônito logo armou a combinação
Algo muito bonito de tocar do coração
Foram chegando os santos e só uma era a questão
Uma coisa tão sublime só pode ser oração
Nada disso disse outro tão chamando SambaSão
No pandeiro o mulato naquela empolgação
Viu alguém do outro lado abraçado a um violão
Deu um assovio pro cara e uma aceno com a mão
Senta aí meu camarada que vou puxar o refrão

Tô aqui no céu cantando eita que trem bão
Pensei que tava enrascado me enganei de antemão
Os santos todos alegres e os anjo da encarnação
Uma roda divertida batizada SambaSão

Um santo capuchinho bastante alegrão
“Tava” com ar estranho e meio alteradão
Disseram que não ligasse; esse é nosso capelão
Que nas horas vagas lida com um caldeirão
Um mestre cervejeiro mantido na profissão
Dei um trago na bebida e já vi a constelação
A roda só aumentava e eu fazendo um barulhão
Um “gritô pro otro”; chama lá o sacristão
Não entendendo nada só senti um empurrão
Meu parceiro de viola apontou na direção
Lá vinha um baixinho com um baita narigão
Trazia um instrumento meio sem definição
Não se fazendo de rogado sentou mesmo ali no chão
Com um sorriso maroto começou a bateção

Ainda não entendendo nada segui na empolgação
 Tô aqui no céu cantando eita que trem bão
Pensei que tava enrascado me enganei de antemão
Os santos todos alegres e os anjo da encarnação
Uma roda divertida batizada SambaSão

Uma parada pro trago era só bajulação
Anjo de tudo que é jeito e muita indagação
Também dei “minha letra” meio tipo canastrão
Mas a coisa tava leve e estranha a sensação
Disseram “relaxa” não alimente preocupação
O que agora é estranho será só satisfação
Olhei pros meus parceiros todos de prontidão
Agora éramos quatro dei de ombros então
Já que era só alegria pra que a inquietação
Chamei um chorinho de leve no velho estilo salão
Depois fui pra um marcado lembrando o Jamelão
Lembrei do Pixinguinha, Noel e Jorge Aragão
Deu saudade do Paulinho e da nossa excursão
Junto com a grande Alcione nos palcos do Maranhão
Pensando cá comigo, o samba só dá satisfação

Tô aqui no céu cantando eita que trem bão
Pensei que tava enrascado me enganei de antemão
Os santos todos alegres e os anjo da encarnação
Uma roda divertida batizada SambaSão


Aproveito a oportunidade usando aqui a razão
Para homenagear meus pares seguindo na percussão
Meio desajeitado é tudo improvisação
Onde um catecúmeno faz a organização
Puxei uma cadeira, pus embaixo de um chorão
Escolhi para a homenagem o velho Samba-Canção
Beth, Cartola, Ataulfo, Dorival, Vinícius e Riachão
Paulinho, Bezerra, Adoniran, não havia agremiação
Martinho, Jacob e Monarco não pensei em região
Os Nelsons, Jovelina, Sinhô e toda a tradição
Clara, Sérgio, Ary e Ângela, o melhor da criação
O tumulto foi enorme grande era a manifestação
Querubins anjos e santos coisa de legião
Todos no céu já conheciam a fama do SambaSão
Então
Lembrei Dona Ivone Lara nossa Diva em Ascensão


Uma homenagem a Dona Ivone Lara 
(13/04/22 – 16/04/2018)

010.p cqe

Da Série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos