Equivocadamente
insistimos em não querer ver, isto é fato. Há situações as quais realmente
desconhecemos sob o mais terno ignorar, ou não presenciamos. Outras se tornam
ocorrências, vem à tona, porém suplanta
nosso poder de atuação, aí, obviamente, não se pode fazer nada. Porém existem
centenas a nos atacar cotidianamente desafiando o tempo e nossa vontade e/ou capacidade
onde optamos por simplesmente assistir, mesmo que pudéssemos agir com energia e
mudar o ato final; no entanto nossa manifestação quando não consegue se
escamotear no ignorar é pífia, indevida, covarde, parcial, negligenciando que a
conta dessa omissão virá. A diferença reside sempre no: tapar o sol com a
peneira ou enfrentar. É certo que invariavelmente estamos despreparados para o
evento, a vida nos prega peças e a cultura a que estamos expostos nos acomoda e
corrobora de forma a não incentivar uma ação mais incisiva. E, na maioria das
vezes a ação impetuosa - ou seria intempestuosa? -, se mostra ainda mais
ignorante que os costumeiros ouvidos moucos.
A opção
primeira aquele que observar o quadro e perguntar “como?” é jamais negligenciar
a busca constante por conhecimento – para, inicialmente não estagnar no
primeiro dogma ou versículo por conta da poeira que o tempo lhe depositou e o
aliado insiste que isto é sinônimo de sacralidade e verdade absoluta. Sobre
tudo; deve ser peremptória a vontade de adquirir o poder de discernir clareando
a consciência crítica.
Se não
podemos mudar o que deveria ser, precisamos buscar argumentos suficientes para
que, ao chegar a conta da prática da omissão podermos nos defender com
argumentos sérios e colocar nossa força de vontade sempre a postos como nossa
defensora maior.
*
Se bem
observado, não é porque não estamos vendo que não está acontecendo. Sabemos que
o existir se faz inserido em um mecanismo compartilhado de inúmeras seções de
instrumentos outros, partícipes imediatos da mesma mecânica de expansão e
retração; ação constante e eterna que independe de sabedoria humana alguma para
sua continuação, ou seja, não é porque não temos atenção, não estamos
preocupados com os eventos que simplesmente pululam ao nosso redor ou mesmo
direcionam nossas ações que ela não está se manifestando. Os elementos não se
aposentam, e em momento algum se deixam dobrar à preguiça. Atos,
acontecimentos, invisíveis ou não acabarão por se mostrar; tornar-se visíveis,
cobrando este expediente qual rolo compressor desgovernado. Ao final sofremos todos
sob o peso destes possíveis lapsos tornados evidências, destas bolhas –
despretensiosas ou não - de desentendimento.
Este estado
niilista é situacional, sazonal e perene, e não é privilégio apenas do governo,
da política, e dos governantes. Todos nós, governados, estamos sujeitos a esta
continuidade e ainda que nada saber seja uma dádiva; querer ser mantendo-se um
mero (auto) desgovernado não poderá jamais ser usado como uma defesa plausível
– somente algum conhecimento pode amenizar individualmente uma continuada e infeliz
conquista global.
*
Era preciso
nos conscientizar de uma vez por todas que este instrumento que denominamos
corpo é tão somente um veículo apropriado ao momento terreno para que possamos
vivenciar as experiências da matéria, pois obviamente por ser possível apenas
aqui existir estas condições, precisamos despertar para o lúcido entender que:
o motivo maior de aqui estarmos encaixados não deve ser transformado apenas na
busca ao querer aqui vencer como parte da matéria, era preciso que
entendêssemos que estamos muito além dela e, como seres espiritualizados e mais, espirituais, nossa alma é sutil e, se a ouvíssemos entenderíamos que agarrar-se
ao molecular nos manterá por mais tempo preso a condição meramente humana.
Não somos
um anexo homem. Tão somente estamos vivenciando um corpo anexo matéria. Nós;
eu, você, todos, somos alma e espírito, apenas estamos envolvidos em um
conjunto de emaranhados celular inextricável.
017.p cqe