sábado, 17 de abril de 2021

Arrumando a casa

 


Quando é possível nos assistir nos outros? Volta e meia ainda critico o lance de caras e bocas de um que outro de milhares de personagens que passam a frente de meus olhos toda semana.



Há tempos venho tentando praticar o mantra de que todos em suas representações, mesmo as mais comuns, dão o seu melhor frente às plateias cotidianas; é preciso que respeitemos isso.





Vez por outra o fulano está próximo o suficiente a ponto de permitir-nos uma observação, mas, muito aos poucos e bastante tarde aprendi a me observar na outra pessoa, no entanto daí, da autocorreção a adquirir moral para chegar a apontar trejeitos ou exageros de nossos colegas e amigos é um passo que pode parecer legal ou uma ação que antes, ainda que não pareça intencional, é mais fácil derivar para a destrutiva.




Lembrando da história do Gandhi sobre a lição de não comer açúcar, em muitos casos o tempo da minha emenda é demasiado longo para sanar definitivamente a questão, daí, calar e conviver respeitando os outros, aprendi, é muito mais legal. Ao final acaba que sempre sou eu que preciso me emendar.



Certo é que na maioria das vezes o processo de autocorreção é demasiadamente longo que ao final nem estamos mais ao lado daqueles que nos levaram a corrigir-nos, porém é impressionante, que ao buscar o acerto entendi ser errado corrigir o outro e, na maioria dos casos, a tal particularidade não é um disparate a ser corrigido e sim, mais uma peculiaridade a ser respeitada.








Somos o que somos. A crítica, toda ela, se baseia em uma perspectiva particularíssima; o único crítico ainda possível é aquele que pratica o senso em si próprio, sem alardeá-lo, até aprender que sempre foi um mala e entender a insanidade do ato, pois está perdendo seu tempo enquanto provavelmente anda a desconstruir caminhos alheios, particularíssimos.



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