Quando é possível nos assistir nos outros? Volta e meia ainda critico o lance de caras e bocas de um que outro de milhares de personagens que passam a frente de meus olhos toda semana.
Há tempos venho tentando praticar o mantra de que todos em suas representações, mesmo as mais comuns, dão o seu melhor frente às plateias cotidianas; é preciso que respeitemos isso.
Vez por
outra o fulano está próximo o suficiente a ponto de permitir-nos uma
observação, mas, muito aos poucos e bastante tarde aprendi a me observar na
outra pessoa, no entanto daí, da autocorreção a adquirir moral para chegar a
apontar trejeitos ou exageros de nossos colegas e amigos é um passo que pode
parecer legal ou uma ação que antes, ainda que não pareça intencional, é mais
fácil derivar para a destrutiva.
Certo é que na maioria das vezes o processo de autocorreção é demasiadamente longo que ao final nem estamos mais ao lado daqueles que nos levaram a corrigir-nos, porém é impressionante, que ao buscar o acerto entendi ser errado corrigir o outro e, na maioria dos casos, a tal particularidade não é um disparate a ser corrigido e sim, mais uma peculiaridade a ser respeitada.
Somos o que somos. A crítica, toda ela, se baseia em uma perspectiva particularíssima; o único crítico ainda possível é aquele que pratica o senso em si próprio, sem alardeá-lo, até aprender que sempre foi um mala e entender a insanidade do ato, pois está perdendo seu tempo enquanto provavelmente anda a desconstruir caminhos alheios, particularíssimos.
020.u cqe