Iniciei a
leitura de uma matéria sobre uma menina chamada Dalida que nasceu no Egito de
família italiana. As ocorrências iniciais do texto biográfico aguçaram minha
curiosidade, porém em seguida tive que parar a leitura e ponderei entre as
necessidades, então percebi que minha curiosidade poderia ser aplacada naquele
instante. Porém doente da cabeça como sou, fui até meu quarto de escrita e
pontuei o que havia pensado a respeito neste ínfimo ínterim de dúvida: que a
curiosidade é uma matéria poderosíssima do nosso plano.
Aquele que consegue aguçar curiosidades de legiões jamais enfrentará dificuldades no plano da matéria e o fraco que não consegue dominá-la não passando jamais a níveis superiores de curiosidade será sempre escravo do primeiro que, curioso também, descobre a cada passo novas formas de arrebanhar, assenhorar um séquito cada vez maior de curiosos.
Em que nível de curiosidade estamos? A curiosidade evolui conforme avançam os estímulos honestos às buscas.
A
curiosidade e seus braços, seus tentáculos.
Invariavelmente iniciamos nosso caminhar trôpego já direcionados por curiosidades que nossas pais compraram como verdade e à medida que avançamos na vida, situações novas mantêm, desviam e nos arrastam para nossas curiosidades particulares. Destas, incontáveis pontos/pontes farão a ligação que acionam interesses outros, invariavelmente alheios, terceiros, desviando nossa curiosidade de nós mesmos de a quantas anda nosso despertar que não deixa de ser aguçado por curiosidades que, se bem encaminhadas, nos guiam a razões mais ou menos auspiciosas.
Não
terminei de ler sobre a Dalida. Entendi que após muito sofrimento na infância
se enveredou para os palcos e foi uma cantora muito importante da sua época, a
partir da década de 50. Estou praticando o exercício de conter a curiosidade,
afinal histórias envolvendo material biográfico sempre despertou meu interesse,
por enquanto estou indo bem.
Desse meu ponto de vista particularíssimo entendo que o sujeito maduro mescla entretenimento e curiosidade, jamais dedicando mais tempo ao primeiro.
O afã e as paixões são elementos que precisam ser manuseados com cuidado. Juntos, somados com atitudes relapsas; sem a devida destreza/presteza cegam imediatamente. Como olhar para a Medusa, sempre, não há como escapar, uma das serpentes lançará seu encanto e nos esquecemos imediatamente das ponderações, das recomendações que ao longo do caminho chegam até nós sob os mais escrachados avisos ou mesmo veladas insinuações.
E a natureza não é justa - me valendo debochadamente de um clichê ordinário. Mas enquanto rumores de concorda e não concorda seguem frouxo entre o partido que grita que não tem nada a ver com justiça e a multidão que insistem no negacionismo; situações continuam ocorrendo e a única certeza é que não há perdão. Para cada ação tomada no calor das paixões, no afã dos ânimos inflamados. Quando já não é mais uma sedutora curiosidade a nos encaminhar sobre as ondas do destino; se acordasse agora tudo se desvaneceria. Tudo cairia por terra, pois é na terra que se encontra, afinal, curiosamente, você continua na margem.
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