Elogio;
cuidado com ele. Elogios; há que se ter atenção ainda maior.
Como
classificar os elogios; puros, honestos, sinceros, oportunistas, interesseiros,
apreçados, velados, rasgados... quem, quando e onde foi proferido and so on.
Um conselho
que não sai de moda é: não se preocupe com o que falam de você, mas quem está
falando; ocupe-se então em conhecer quem o está elogiando.
Minhas
semanas corriqueiras, jamais são monótonas. Faço todo santo dia as mesmas
coisas, acordo cedo, executo uma centena de ações antes de sair. Higiene
pessoal, remédios, gatos, cachorro, comer, máscara, ir e voltar do trabalho,
por exemplo. Sou caseiro, então é casa-trabalho-casa. É raro uma parada na
panificadora, geralmente o único desvio que me permito. Porém nem de longe
minha vida é parada. Sou “bocaberta”, tipos como eu sempre estão metidos em
polêmicas e aqui em casa meus afazeres não domésticos movimentam minha mente
agitada, ansioso, não paro. Os gatos reclamam porque nunca podem sossegar no
colo do pai.
Dentro da
ordinariedade da semana que sempre está a apresentar novidades; esta me trouxe
algo bastante inédito, um elogio que precisou ser analisado. Um colega de
trabalho bastante fora do meu relacionamento profissional, por ser de outro
setor e não trabalharmos na mesma profissão, do nada, contou que após minha
saída de uma determinada sala onde se encontravam uma meia dúzia de pessoas ou
mais, que o maior deles, hierarquicamente falando, “rasgou elogios a meu
respeito”. Sou escamado com elogios e procuro filtrá-los ao máximo; mas este
havia passado na peneira. Opa! Aqui há
algo a ser avaliado. Todos os dias as pessoas estão se cumprimentando e
rasgando seda umas às outras, e isto é tão automático que de vez em quando
nosso “egüinho” precisa de uma ou outra massageada; é sempre bom, e a despeito
das minhas convicções, pensei não haver mal algum embarcar nesse, até porque
tudo ficaria entre eu minha esposa e este cidadão.
Na hora,
devido a determinado sujeito no local, o colega não disse o nome do chefe,
apenas confirmei mais tarde; quando então ele surpreendeu mais uma vez citando o
nosso momento atual – um dos motivos desse exercício - quando todos estamos
mais atentos a apontar o dedo e esconder o que é bom nos outros. Ok! Pensei. Se
este camarada não tinha nada que me contar ou bajular e o outro também é alguém
que pouco me relaciono, é sinal que o elogio deve ser considerado.
Por que
trouxe este assunto para o exercício de hoje? Por minha causa? Não apenas.
Outro colega, este mais para amigo, o Rafael; nos conhecemos a mais de uma
década e temos uma amizade sui generis,
que não vem ao caso. Estamos sempre a compartilhar link’s afins. Ele, fã do
Marcelo Del Debbio do Projeto Mayhem volta e meia envia link’s de vídeos de
cerca de uma hora, de convidados que falam, obviamente, de interesses em comum
ao projeto; e, sabendo da minha admiração por Raul Seixas, enviou-me o link da
última entrevista com alguém que nunca ouvi falar, J.R.R Abrahão, que foi parte
importante do último capítulo do Raul. Nem sempre assisto de imediato, em
alguns casos demoro mais de uma semana para acessar, porém, como o título
chamava atenção para a ligação entre os dois e fazer parte do projeto do Del
Debbio por quem tenho muita simpatia virtual, – pois não o conheço - iniciei-o
em um momento qualquer entre meus afazeres, sem maiores pretensões. Sei o que
me interessa sobre o Raul, no entanto, sei o que diz respeito a minha filosofia
de vida, e que era um incompreendido, seja por seus fãs e ainda mais por seus
chegados, e o principal; o Raul é do bem, portanto, como minha opinião é
polêmica: não é tudo que me indicam dele que aprecio.
A abertura,
quando o entrevistado apresenta seu histórico, era o mesmo de sempre: o curso
das buscas do convidado; bastante normal ao programa, afinal todos os
entrevistados do Projeto Mayhem são ferras, mas o viés e, portanto, seu propósito,
está bastante ligado a Magia e Ocultismo e já não tenho mais idade para
aprender coisas novas, porém algo chamou a atenção. Não só o João Roberto se
emocionou ao falar sobre o Raul, como a sua postura simples e centrada agradou.
Sabendo, conhecendo e dissertando sobre suas buscas e descobertas, seu empenho,
sofrimentos, paciência e resignação a falta de reconhecimento (em momento algum
literalmente expostos); em meio a tudo ele se mostrava uma pessoa extremamente
simples, comum, resignada, porém nada entregue. Em nenhum momento foi arrogante
ou ensimesmado ou se mostrou orgulhoso, a não ser de sua desenvoltura altruísta
e ainda aí foi comedido.
Que
maravilhoso encontrar seres humanos centrados e senhores da não necessidade de
se elevar aos demais. Este exercício então, é uma homenagem a estes; e repito
aqui algo em que estreitamos nossos pensamentos e tem a ver com nosso dever ao respeito
à vida: independentemente do reino, mineral, vegetal ou animal, não existe
gênero, o que existe é um ser vivo que deve acima de tudo, não apenas por isso,
ser respeitado.
011.v cqe