Quanto de
nossos esforços é direcionado ao que dita o bom senso? Como atingir alguma
consciência crítica estável visando um estado de ser benevolente? Como isso
hoje é possível ou desejado e como mensurá-lo sob o aspecto do que tão bem
ditou Ruy Barbosa já no início do século XX – “De tanto triunfar as
nulidades...”?
Ao pensar este exercício veio-me, de pronto, a questão racial e todo o imbróglio que cada uma das culturas guarda como seu maior bem; a verdadeira, a correta e jamais inconspurcável, e assim vai. Aqui nas américas as mulheres parecem poder muito, lá são obrigadas a se esconder, acolá são várias para um único macho e na Índia muitas são expostas à cultura do estupro coletivo, em outro canto remoto são sequestradas aos montes em colégios, e cada tribo, etnia ou o que chamamos de sociedade, se entende no direito de continuar com a barbárie usando a desculpa conveniente da vez.
Em algum ponto o humano se dobra, na maior parte dos casos por imposição, não atento, a demora pode levar séculos. Observemos as mulheres. Continuam esquecidas sobre fazer-se valer algum direito. Somente no final do século passado John Lennon observou que a “mulher é o negro do mundo” e mesmo assim nada realmente mudou. Existe uma balburdia aqui e ali. Reféns de um modus operandi secular, repetido. Como exemplo, temos o executado sob a bandeira dos Direitos Humanos durante longa data, até que fossem comprados, digo, acomodados em prédios evidenciados, com ar condicionado, elevadores e cafezinho, e a viver muito bem com status de diplomatas pulando de congresso em congresso sem uma realidade efetiva. Assim acontecerá com a bandeira do Feminismo.
Nietzsche em A Genealogia da Moral é correto ao afirmar sobre as diversas nuances da moral. Onde as respostas dependem de uma série de combinações de pessoas, pensamentos, culturas, dogmas, leis e vontades por exemplo, então como podemos trabalhar voltando-se a - paulatinamente, dado a dificuldade de isso se dar prontamente: meditar sobre a matiz dos fatos que nos levam a determinar certo e errado, mal ou bom; de nossos porquês em aprovar ou não determinadas ações e representações, acurando, ajustando não mais para o vórtice matreiro de cair na vala comum dos vãos sociais estabelecidos, das morais dogmáticas postas, mas ao contrário, voltar-se a importância, ou buscar a dimensão da essencialidade de um senso crítico cônscio.
Por que
precisamos ser os mesmos amanhã? Quantos de nós afirmamos sermos assim? Essa é
minha natureza. Conversa. Essa é, mais, nossa falta de esclarecimentos e medo
de procurar a resposta e entender que sempre estivemos enganados.
Apontado em
outros exercícios; pergunto: “Se não tenho certeza, se consigo pontuar alguma
dúvida, se à resposta: se aplica ponderações ao certo e ao errado; não seria
mais inteligente procurar caminhos que nos levem a decisões e opções de
escolhas em que um terceiro não seja desrespeitado; uma vida não seja afetada
negativa ou depreciativamente falando?”.
Entendo que o
caminho é longo e a caminhada é exaustiva até descobrimos que todas as nossas
ações, convenções e representações são frutos do que carregamos até então em
relação a nossa evolução humana, isto é; em algum momento alguém ou um grupo
achou por bem que aquilo era legal e a lei foi decretada.
A partir
dessa constatação chegamos à conclusão que uma porcentagem considerável de
nossa natureza não passa de um engodo no que se refere à vontade nata. Uma vez
formado pode ser deformado. E significa também, ou melhor, principalmente: que
qualquer coisa que queiramos fazer para mudar nosso pensar para rumos mais
amistosos, de forma alguma despertará a ira daqueles que ditaram as regras.
Jamais
tivemos tão presos às regras ainda que os grilhões se mantenham invisíveis e,
paradoxalmente, constatar isso, fará de cada um que acesse essa realidade o
mais livre e natural dos homens.
017.v cqe