Tomar para si
a lança da evolução e lançá-la à frente. (...) Quais gerações puderam converter
o recebido através de ações minimamente conjuntas deixando aos próximos
habitantes um espaço, um planeta melhor? A geração que a isso se entregar precisa olhar para uma comunidade de formigas e abelhas ou pode basear-se
apenas nas gerações que a antecederam?
Como chegar
ao Übermensch; quem o consegue, ou, de quantos deles precisaríamos ou melhor,
de quantos indivíduos que realmente o buscam poderíamos contar para otimizar a caminhada evolutiva de toda uma
geração? E de muitas?
Na minha
escalada particularíssima de estudar o humano, chego a mais uma história
nojenta, nauseabunda, da luta de incautos contra oponentes abjetos; personagens
asquerosos dando à luz seres perversos e medonhos do mundo corporativo – hoje
são estes que seguram a lança. O que vou marcar aqui é fruto de emoções acordadas
e insufladas que se devem com muita particularidade a uma série de quatro
capítulos - portanto a base é esse viés. Se o diretor fez com que inflamasse um
fio desencapado bastante exposto por conta do real ou do ficcional, são outros
quinhentos, ao final, aqui, se trata tão somente de mais um exercício
dominical.
Estou me referindo a Batalha Bilionária; a odisseia de dois seres reais: Juri Müller e Carsten Schlüter, com o Google sobre patente roubada. Ao final o narrador, um dos alemães, diz que uma única frase do traidor maior, um legítimo representante das sombras virtuais, Brian Anderson, poderia ter mudado todo o curso do processo.
Como estas
organizações detém a posse de um naco maior de responsabilidade sobre a lança,
esses tipos de traidores corporativo são os modelos a serem seguidos; a personalidade do
momento. E todos os santificam e se esforçam para igualá-los e os têm como exemplares,
no caso em questão; Brian é o cara; o exemplo maior, a matriz, o cachaço. O reprodutor que vale milhões. Estes são os colonizadores contemporâneos, os
heróis. Estes são os vencedores da vez.
Minha esposa
quase passa mal, ela realmente se entrega ao enredo. Sua cabeça dói ao término do quarto episódio. “Tomara que o Google
tenha o que merece.” Tento contemporizar; “não há mais como ficar sem eles e se
isso acontecer, outros com homens maus, ainda piores, determinarão nosso futuro”.
Preferi não
aumentar meu discurso, afinal, apesar da minha passividade obrigada, entendo
que “se tudo for verdade” do meu lado tenho que tudo é ainda pior, então
utilizo minha mecânica acomodada particularíssima de superar as emoções na hora
da explosão, e o que me vem é que ainda temos um paliativo: entre eles, há mortes e assassinatos, porém, entre nós, diminuíram - hoje somos clientes em potencial; carnificinas não são mais necessárias.
Mantendo a
linha “ficcional” relembro os absurdos territoriais em O Último Samurai 2003,
quando um dos tópicos é a extinção física e cultural dos índios americanos e de
povos japoneses que habitavam regiões protegidas por samurais honrados. Então penso em todos os indizíveis e
execráveis massacres ao longo da história sob o domínio dos déspotas da vez no
intuito de tomar e se perpetuar no poder se utilizando de soldados como Nathan Algren, e a propósito nos perguntamos se
o inferno por ele vivido após a dizimação de centena de milhares de índios, poderia representar e
resultar em algo real, possível também a todos os responsáveis por ataques infundados
como – aqui apenas alguns exemplos -; dos europeus durante os roubos
e arroubos naturais às futuras colônias, do abate de escravos, mesmo das
guerras e holocaustos. A partir da nossa evolução porcamente orquestrada e de
posse de nossa escalada evolutiva, agora progredimos, afinal, temos apenas a
morte de alguns poucos entre eles. É certo que vivemos há décadas o aumento
exponencial da pobreza escondia em expressões que poucos de nós, invisíveis,
sabemos do que se trata “Distribuição de Renda Deficitária”, portanto, nada
igualitária e aumento avassalador das “Desigualdades Sociais”, mas isso também
precisa ser visto como uma conquista de burocratas dos Direitos Humanos; hoje
não morremos depressa; definhamos.
Não explanei
ou melhor, preferi não revolver mais isso na mente torturada da minha eterna
companheira naquele momento; afinal esse expediente tem nos conformado a
milênios, porque nossa passividade forçada somada às escolhas, inicialmente errada,
covarde, ou simplesmente omissa, daqueles que poderiam não se vender ou não continuar vendidos, só faz, com que o
torniquete, a partir daí, seja acochado mais e mais de tempos em tempos.
Iletrados
politizados a mercê daqueles que dominam, acossados; hoje o próprio Google os
conforta com a chuca doce, um pirulito paliativo e assim os mantém, reféns de
um novo algoritmo, de uma nova plataforma, formando uma rede de
redessocializados conformados e se auto incitando, brigam entre si sem jamais
dominar um milímetro a mais, ao contrário, é o sistema corporativo que avança
para o exíguo palmo que ainda resta.
Socializados
na rede, as novas gerações dominarão os teclados – e de posse de suas evoluções
tecnológicas; logo não mais esses -, tendo como pano de fundo a ilusória
certeza de que estão de posse de todas as informações disponíveis privadas e
inacessíveis aos neandertais que povoaram a terra até o século XX, e, como essas
informações não interessam, por estar disponíveis, jamais descobrirão que entre
suas buscas por seguidores, intenção maior da distração; os Brian’s da vez
estarão encontrando meios de roubar patentes e etc, enquanto mais de nós
chafurdamos caçambas de lixo nascidos a partir dessa privada dourada.
013.v cqe